Elizabeth
Elizabeth estava sentada na bancada da cozinha, com uma xícara de chá nas mãos. A noite estava silenciosa na mansão. Tentava se distrair lendo um livro, mas seus olhos insistiam em desviar para o celular ao lado sobre a bancada.
“Só um minuto”, pensou, pegando o aparelho e abrindo as redes sociais. Sabia que não deveria se torturar daquela forma, mas não conseguiu evitar.
Ao deslizar o feed, viu diversas fotos do evento empresarial que acontecia naquela noite. Influenciadores de negócios, colunistas e até o próprio perfil oficial do Grupo Walker estavam postando sobre a oficialização da parceria histórica entre o Grupo Walker e o Grupo White entre outros investidores.
Em uma das fotos, lá estava John, impecável em seu terno azul-marinho sob medida, imponente e com o semblante sério que ela conhecia tão bem. Ao lado dele, Pamela White sorria com elegância, vestindo um deslumbrante vestido verde-esmeralda como se ela fosse a senhora Walker.
Elizabeth sentiu o peito apertar ao ver Pamela ao lado de John, como se fosse sua esposa, e isso a fez sentir-se invisível.
Ela suspirou, largando o celular na bancada, sem coragem de continuar vendo aquelas imagens. Sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos, mas piscou várias vezes, tentando contê-las
Levantou-se, colocou a xícara na pia e foi para seu refúgio, se preparou para dormir, mas ao invés de deitar, ajoelhou-se ao lado da cama, como fazia todas as noites.
— Senhor… — sussurrou, com a voz embargada. — Eu sei que tudo tem um propósito. Me dá forças para suportar esse silêncio… e sabedoria para entender o que devo aprender com essa dor.
Deitou-se, abraçando o travesseiro. Fechou os olhos e tentou dormir.
Não queria esperar acordada até John voltar, queria não ter mais esperanças, queria sair daquela casa e esquecer tudo aquilo, voltar para seu mundo simples e em paz.
Mas ela sabia que só conseguiria dormir depois que ouvisse que John finalmente estava em casa.
E foi isso que aconteceu, somente quando ela ouviu o carro chegando e ao longe os passos dele entrando na casa e ecoando no mais absoluto silêncio é que ela conseguiu dormir.
*****
John
Já passava da meia-noite quando John chegou em casa. O motorista o deixou na porta de entrada, um segurança sempre a posto se aproximou rapidamente para abrir a porta para ele. John desceu do carro sem nem ao mesmo parecer ter visto o homem que lhe desejou um “boa noite senhor Walker". Abriu a porta da mansão e entrou, afrouxou a gravata e caminhou em silêncio pelo hall iluminado apenas por pequenas luzes de presença.
Olhou em volta, silêncio total. Elizabeth já deveria estar dormindo há tempo. Sentiu um desejo que não soube explicar de vê-la. Eles se viam cada vez menos, mesmo quando estava em casa, parecia que ambos preferiam buscar seus próprios refúgios.
Subiu as escadas devagar, sentindo o peso do cansaço nos ombros. Aquela noite havia sido exaustiva. Reuniões intermináveis, brindes, discursos, promessas de novos acordos. Mas o que mais o cansava não era o trabalho, era o jogo de interesses disfarçados em sorrisos e vestidos caros, como o de Pamela.
Ao entrar no seu quarto, tirou o paletó, colocou sobre a poltrona e sentou-se na beirada da cama, massageando as têmporas. As palavras de Pamela soltas aqui e ali naquela noite voltaram à sua mente:
“Essas ocasiões são ótimas para fortalecer alianças sociais... Você precisa de uma esposa a sua altura… Sua esposa não gosta de eventos?... Eu estaria sempre ao seu lado…”
Lembrou de quando viu Pamela pela primeira vez na universidade, enquanto ele já estava terminando os estudos, ela estava começando o primeiro ano, mas sem dúvida desde que ela colocou os pés na universidade, se tornou o centro das atenções, todos os rapazes a cortejavam e as garotas a invejavam.
John não precisou de muito esforço para conquistá-la. Ele era o alvo dos suspiros de todas as garotas da universidade. O namoro deles era quase uma coisa natural, o casal perfeito. Mas John era sério e responsável para sua idade e não queria apenas uma aventura, ao contrário de Pamela. Quando terminaram, John não sentiu nenhum pesar, mesmo sabendo que já havia se envolvido com outros rapazes, desde aquela época ele soube que ela não era mulher para ele se envolver nunca mais. Logo depois ele terminou os estudos e só voltaram a se encontrar recentemente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...