Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 67

Em frente ao aeroporto, meu coração disparava de tristeza, mas sabia que Oliver daria um jeito, Liana sumiria da vida dele, ele ficaria com a guarda do Noah, me apegava a isso para continuar a viver.

— Aqui está, uma passagem para você. Considere como um presente para sua nova vida, e tem mais uma coisa.

— O quê?

— Me dê seu celular! Não quero Oliver te ligando, nem ele, nem qualquer outra pessoa que seja, vá embora Aurora, nunca mais dê notícias, se eu souber que você falou, ou está entrando em contato com alguém da casa grande, ou da vila, eu farei algo com o Noah, que você se arrependerá para o resto da vida, de não ter me escutado.

— Você é louca Liana, eu não irei te entregar o meu celular, isso não faz parte do nosso acordo, já te falei que não falarei mais com ninguém da fazenda.

— Me dá o celular, agora!

— Eu não vou dar.

— Então nosso acordo está desfeito, você quem sabe.

Liana sabia como manipular alguém, estava com tanta raiva dela, mas estava tentando manter a calma, precisaria fazer as coisas sem me precipitar, Oliver está solto, ele vai saber o que fazer para lidar com essa cobra.

— Tudo bem, você é um monstro Liana.

— Se sou ou não, não é problema seu, agora suma! Voltarei para a fazenda, e levarei meu filho para que o pai o veja, você fez um ótimo trabalho, então cumprirei com a minha promessa.

Saí do carro, entregando meu celular a mulher, e dei um último beijo em Noah. Entrei no aeroporto e vi que o voo era daqui uma hora, estava morrendo de angústia, mas sabia que a liberdade de Oliver dependia daquilo, iria de algum jeito iniciar minha vida, lembrando para sempre o preço que tive que pagar para o bem de quem eu amava, mas com a esperança de que quando ele lidasse com ela, eu pudesse voltar e contar toda a verdade, eu confiava nisso, me apegava a esse pensamento, que era a única coisa boa que conseguia pensar no momento.

Dentro do avião, me senti muito mal, e chorava sem cessar, estava sem telefone, e tinha apenas o dinheiro que havia guardado todo esse tempo.

Havia voltado a estaca zero, não tinha casa, emprego, nem família, era como se tudo que vivi fosse de água abaixo.

Estava indo para um estado diferente, num lugar que nunca vi na minha vida, eram três da manhã quando o avião pousou, como não sabia para onde ir, resolvi ficar no aeroporto e esperar amanhecer para saber o que fazer.

Às seis da manhã, peguei minha bolsa e fui andar pelo novo lugar que estava, procuraria um hotel, sem celular era difícil encontrar qualquer coisa.

Enquanto caminhava sem rumo pelas ruas desconhecidas dessa cidade, me vi em frente a uma pequena loja de telefone, entrei e procurei por um.

— Bom dia, qual valor desse celular aqui? — perguntei apontando para um, no balcão de vidro.

— Bom dia, ele está por 2.110 a vista.

— Ah, você não tem um mais em conta não, um usado talvez?

— Não trabalhamos com usados, mas temos esse aqui, 1220 a vista.

— Vou querer, vocês vendem chip? Preciso de um também.

— Temos sim.

Após comprar o celular, pedi o rapaz da loja, para deixá-lo carregando um pouco, enquanto eu colocava o chip e baixava alguns aplicativos.

— Sabe me dizer se tem algum hotel aqui por perto?

— Bem... Aqui por perto tem uma pousada bem simples, fica duas ruas depois daquela loja. — Apontou para a esquina da outra rua.

— Muito obrigada!

— Moça, percebi que não é daqui, então guarda este celular e cuidado para não ser assaltada.

— Certo. Muito obrigada!

Saí virando as costas para o rapaz e olhando para o celular, e sem querer, acabei esbarrando em um homem, caí no chão com o celular e tudo.

— Me desculpe moço, eu não te vi.

— A culpa foi minha. — Estendeu a mão, me ajudando a levantar. — Você está bem?

— Sim, obrigada.

— Seu celular. — apontou para o telefone em minha mão, que estava com a tela trincada, que azar, eu nem havia colocado a película ainda. — Me desculpa.

— Tudo bem, eu estou numa maré de azar mesmo, não foi sua culpa.

O rapaz da loja ficou nos olhando, até falar.

— O celular tem garantia moça, você pode deixá-lo aqui, a gente conserta.

— Esse não é o problema, eu preciso de um telefone, não posso ficar sem um, vou ficar com ele com a tela quebrada mesmo.

— Não mesmo, o homem que esbarrei falou, eu devia ter te visto, mas estava com pressa, faz assim. — Olhou para o jovem do balcão. — Você não tem um para emprestá-la não?

— Não senhor.

— Então irei comprar outro para ela.

— Que é isso, não precisa. — tentei falar, mas o homem não quis discutir.

— Me dê esse aqui. — Apontou para o telefone que eu queria antes, mas o preço era acima do meu orçamento.

— Esse é mais caro do que o dela. — O Atendente falou.

— Não importa, dê a ela imediatamente, é o mínimo que posso fazer depois de tudo.

Após pagar o celular, o homem me pediu desculpas mais uma vez.

— Já te falei que a culpa não foi sua, e você não precisava fazer isso, toma! — Peguei o celular quebrado e dei a ele. — Ele consertado pode te dar algum retorno.

— Eu não preciso, olhe. Comprei o outro porque quis tudo bem? Não precisa me dar nada, deixe esse no conserto, assim quando ficar bom, você faz o que quiser com ele, quem sabe sua maré de azar acabe. Agora tenho que ir, estou realmente atrasado.

O homem saiu depressa, e eu fiquei ali paralisada, dei o celular quebrado para o concerto, e dei meu número de telefone para ligarem avisando quando estivesse pronto, peguei a nota fiscal e saí dali, com cuidado dessa vez, fui em direção a pousada que ele havia me dito que teria.

Cheguei na pequena pousada, que mais parecia uma casa antiga, daquelas bem históricas mesmo, na frente havia um barzinho bem rústico, e logo após um balcão.

— Bom dia, você teria um quarto disponível?

— Bom dia, temos sim.

Após fazer o registro de entrada, entrei em meu quarto, era pequeno, mas muito arrumado, tinha um cheiro ótimo, e uma varanda que dava para a rua, achei muito barato, e pelo lugar, valia a pena, me joguei na cama e respirei fundo.

“Aurora, o que você vai fazer da vida? E como será que estão as coisas na fazenda?”

Minha mente me perturbava, então deixei as lágrimas caírem mais uma vez.

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