Christian Müller –
O carro deslizou pela rua deserta até que cheguei ao endereço. Assim que estacionei, ergui os olhos para o prédio sombrio à minha frente. Era um dos apartamentos que os pais de Andressa haviam comprado quando tentavam forçar um noivado entre nós. Mas a obra nunca havia sido finalizada.
Saí do carro sem hesitar, subindo os degraus de dois em dois. A porta principal estava aberta, o que só piorava o aperto no meu peito.
O cheiro de mofo e poeira me atingiu assim que entrei. As paredes tinham marcas de infiltração, o chão estava tomado por vidros quebrados e sujeira.
Meus olhos varreram o ambiente.
No sofá, algumas revistas de gravidez estavam empilhadas, desgastadas pelo tempo. Ao lado, brinquedos espalhados pelo chão — carrinhos, bonecos, um chocalho.
Minha atenção parou em um quadro.
Andei até ele, pegando-o com as mãos.
Era uma foto de um casal segurando um bebê. Mas algo estava errado.
Havia recortes de revistas colados sobre os rostos. No lugar do homem, estava minha foto. No lugar da mulher, a de Andressa. E o bebê… uma criança qualquer que ela havia tirado de alguma propaganda.
Minha garganta secou.
Soltei o quadro de volta na mesa e dei um passo para trás.
— Que porra é essa? — minha voz ecoou no ambiente silencioso.
Minha atenção foi atraída para algo sobre o sofá.
Engoli em seco.
Um vestido. Mas não qualquer vestido.
Era igual ao que Ivy usava no baile, na noite do acidente.
Minha respiração ficou irregular. Era coincidência demais.
Andressa tinha perdido completamente a sanidade.
Carrinhos de brinquedo estavam espalhados pelo chão, misturados com pequenos sapatinhos infantis.
Caminhei com cautela pelo corredor estreito, empurrando uma porta entreaberta.
O quarto.
O coração martelou no peito ao ver o que havia ali.
A cama de casal estava desarrumada, como se alguém tivesse acabado de dormir ali. No closet, ternos de grife pendurados. Os meus ternos. Meus perfumes, cremes masculinos.
Uma vida que eu nunca vivi, mas que Andressa havia criado.
— Isso não pode estar acontecendo…
O telefone vibrou no meu bolso.
Peguei o aparelho e atendi.
— Encontrou a criança? — a voz de Mark soou urgente.
Respirei fundo, tentando absorver toda aquela insanidade antes de responder.
— Ainda não. Você precisa ver isso.
Ativei a câmera e comecei a filmar ao redor. Passei pelo closet, mostrando as roupas que Andressa colocou ali como se fôssemos um casal. O banheiro, onde frascos de cremes femininos estavam ao lado dos meus produtos.
E então virei a câmera para o canto do quarto.
Minha mão congelou.
Um manequim.
Vestido de noiva.
Minha mandíbula se contraiu.
— Mas que merda… — minha voz saiu baixa e tensa.
Do outro lado da linha, Mark soltou um suspiro pesado.
— Ela é completamente doente. Eu vou mandar reforços.
Foi nesse momento que escutei.

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