Acompanhei Linda saindo do café respirando fundo, como se estivesse tentando absorver o ar de um novo começo. Quando passou pela porta, vi algo mudar em seu rosto — um susto contido, um breve espanto que se dissolveu num sorriso. Virei o rosto e entendi o motivo.
Christian estava ali.
Encostado em um dos pilares de madeira da varanda, braços cruzados, aquele meio sorriso no rosto que sempre parecia saber mais do que dizia.
O olhar dele estava em mim. Sempre em mim.
Por um segundo, tudo parou.
O barulho da rua, a chuva leve no chão, o som das xícaras sendo lavadas dentro do café. Só havia aquele instante entre nós dois.
Ele riu. Um riso baixo, familiar.
Aquele tipo de riso que sempre me fazia lembrar que eu ainda era eu, mesmo depois de tudo.
Senti meu coração se aquecer.
Ele abriu os braços e fui até ele, sem pensar. O mundo podia estar desabando, mas ali, naquele abraço, tudo parecia suportável.
Encostei minha cabeça em seu peito e fechei os olhos, sentindo a batida do coração dele — firme, constante.
— Eu disse que as coisas, aos poucos, iam se acertar! — Christian murmurou, a voz contra meus cabelos.
Assenti devagar, ainda sem coragem de quebrar o silêncio com palavras. Permaneci ali por mais um instante, até que algo em mim relaxou de vez.
Quando me afastei, olhei em volta. Algo diferente.
— Christian… — soltei um riso leve, levantando a sobrancelha enquanto olhava para o lado. — Comprou outro carro?
Ele tirou uma chave do bolso e a estendeu em minha direção, com aquele brilho malicioso no olhar que eu conhecia tão bem.
— Esse é seu — Disse ele, com simplicidade. — Ele é blindado e confortável. Melhor para você ficar com o Nathan e resolver as suas coisas com mais segurança. Ainda mais agora, com mais um anjinho chegando.
Meu peito se encheu de algo bom, inesperado.
Não era sobre o carro. Era sobre o cuidado. Sobre o jeito dele de sempre pensar além, por mim, por nós.
— Emprestei o meu para o Dominic — Ele continuou a falar. — Ele ia buscar a Amanda no shopping. Então, eu preciso de uma carona, minha pequena.
Assenti, sorrindo.
Havia algo tranquilo na troca de gestos cotidianos depois de tanto caos.
Nos aproximamos do carro. Ele fez menção de abrir a porta do motorista, mas me lançou um olhar travesso.
— Você dirige.
Revirei os olhos com um sorriso e aceitei.
Entrei no carro, sentindo o novo estofado, o cheiro de couro, e por um momento, me permiti achar graça daquilo tudo.

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