Ivy Hunter-
Entramos dentro do carro juntos para irmos para a empresa e confesso que, o silêncio instalado ali era completamente sufocante.
Aquilo estava me incomodando e então, resolvi falar alguma coisa para mudar o clima.
— Você encenou muito bem. Muito Obrigada!
Minha voz soou calma, mas carregava um peso nas entrelinhas. Christian não reagiu ao me ouvir. Nem sequer desviou o olhar da frente.
Respirei fundo e murmurei mais para mim mesma, do que para ele.
— Desde o começo, são sempre esses dois… sempre são eles que fazem questão de te importunar.
E mais uma vez um silêncio.
Virei o rosto para ele esperando por uma resposta, mas tudo que recebi foi sua expressão impassível. Ele apoiou a mão no queixo e virou o rosto para a janela, como se minha presença ao seu lado fosse um detalhe insignificante.
E foi aí que senti a distância entre nós. Talvez eu tivesse colocado expectativas demais em algo que não existia. E ao invés de fazermos um contato ou selarmos uma amizade, acabei foi construindo um “muro de Berlim” entre nós.
Decidi não tentar mais. Me virei para olhar a vista pela janela do carro e quando vi que estava se aproximando da empresa, resolvi tomar uma atitude para aliviar aquela tensão.
—Senhor Simons, pode parar aqui por favor. Eu vou descer! - Falei o vendo olhar brevemente para Christian através do retrovisor interno e então, ele encostou o carro no acostamento.
Assim que o motorista atendeu ao meu pedido, desci rapidamente, sentindo a brisa não muito fria tocar o meu rosto, enquanto eu os via se afastar.
Respirei fundo e fiz o caminho até a empresa, seguindo para a minha sala.
Assim que caminhei até a minha mesa, vi Christian pela persiana, encostado em sua mesa falando ao telefone.
O semblante dele era sério, como sempre, mas ele ainda assim, se mantinha muito elegante com sua postura firme.
Respirei fundo e ameacei ir até lá, ouvindo alguém bater na minha mesa em seguida, me fazendo voltar a realidade.
— Ei! - Bianca chamou me tirando do transe. — Preciso da lista de materiais do mês. Agora.
Assenti de imediato.
— Vou imprimir e já levo para você! - Respondi a vendo se afastar.
Bianca saiu sem dizer mais nada e eu corri para terminar o documento rapidamente. Assim que finalizei, me levantei para pegar a folha impressa.
Assim que me virei, fazendo menção de me mover para ir até Bianca, uma mulher apareceu bem na minha frente.
Ela exalava uma elegância fria e calculista. Seu sorriso era discreto, mas carregava uma pontada de superioridade.
Eu a reconheci no mesmo instante.
—Bom dia senhora Norma, em que posso ajudá-la? - Perguntei com educação, vendo a madrasta de Christian me olhar de baixo a cima com desdém e torcer os lábios.
—É do seu pai também. E o seu irmão tem direito em tudo o que é dele. - Disse Norma ainda tentando atingir Christian.
Ele então, soltou um grito, parecendo um estrondo ecoando por todos os cantos.
—SAIA OU EU TE COLOCO PARA FORA! - Gritou ele, mostrando estar no seu limite. —E a próxima vez que mandar aquela mulher me chantagear de novo, eu farei vocês pagarem com a mesma moeda.
Norma passou pelo arco da porta pisando duro e antes de sair, ela me lançou uma última olhada como se me alertasse que eu não deveria baixar a guarda.
Respirei fundo e me virei, vendo Christian sair da sala e vir até mim.
—Mande alguém da limpeza cuidar da bagunça na minha sala. Eu preciso sair para resolver algumas coisas e não espere por mim. - Disse ele se retirando em seguida.
Esperei um tempo para entrar na sala dele e então, comecei eu mesma a limar a bagunça. Eu não percebi, mas todos já haviam ido para a casa enquanto eu ficava ali organizando tudo.
Eu estava terminando de arrumar a mesa de Christian, quando encontrei um porta-retratos caído perto da lixeira.
Assim que o peguei, cortei meu dedo nos cacos de vidro e ao virar a foto, percebi que ela havia mais dores do que qualquer corte que aqueles vidros pudessem fazer.
Era uma foto em família. Uma família que não existia mais. E aquilo era doloroso de se ver.
Eu limpei delicadamente a foto, tirando todos os estilhaços os jogando no lixo e de repente, uma voz fez com que meu corpo congelasse.
—O que pensa que está fazendo? - Perguntou Christian, me pegando de surpresa.

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