Ivy Hunter-
O cheiro forte de álcool e os sons de monitores preenchiam o ambiente do hospital, tornando tudo ainda mais sufocante.
Assim que cheguei ao quarto, encontrei minha avó deitada na cama, com um semblante pálido. Os tubos conectados a ela pareciam me lembrar cruelmente de que eu estava sem tempo.
— Vovó... - Chamei, mas minha voz falhou. Ela então, abriu os olhos lentamente e soltou um sorriso fraco.
Assim que ela ameaçou falar, o médico chegou me exibindo um olhar sério, mas não frio.
— Senhorita Hunter, podemos conversar em particular lá fora? - Ele perguntou e eu logo assenti.
Dei uma olhada para minha avó e toquei a mão dela antes de sair para acompanhar o Homem de jaleco, até a saída do quarto.
Assim que passamos pela porta, ele me olhou e soltou um suspiro.
— O estado da sua avó é grave. Precisamos iniciar um tratamento intensivo imediatamente. Mas, Ivy... — Ele hesitou, olhando para os papéis em suas mãos. — O custo é muito alto e todo dinheiro que nos deu ainda não cobriu todas as despesas.
Naquele momento meu estômago revirou.
— Quanto? Quanto vai ficar para esse tratamento?
Ele me mostrou as folhas em suas mãos e meu corpo congelou no lugar. Era uma quantia absurda e mesmo com meu salário atual, levaria meses para conseguir pagar.
Minha mente girou em busca de soluções, mas tudo parecia impossível.
— Podemos conversar sobre opções de parcelamento, mas seria necessário um depósito inicial para começarmos o tratamento agora. - Disse ele me olhando nos olhos. —E ela não ode esperar mais!
Eu assenti, tentando manter a calma.
— Eu... eu vou conseguir o dinheiro. Por favor, só comece o tratamento imediatamente. - Falei o vendo assentir e se retirar.
Me movi até a porta do quarto e antes de tocar a maçaneta meu celular tocou. Assim que olhei para a tela, apertei os dentes e me afastei para atender.
— O que você quer? — Perguntei, tentando manter minha voz baixa.
— Ivy! Que forma horrível de falar com sua família! Liguei para saber se já transferiu o dinheiro desse mês.
Meu corpo inteiro tensionou.
— Eu já disse que agora não dá!
— Oh, querida... — Sua voz se tornou venenosa. — Você não quer que seu pai descubra onde está, quer? Tenho certeza de que ele adoraria saber como anda sua vida ultimamente.
— Por favor, eu realmente não tenho condições. - Respondi com a voz fraca ouvindo-a rir.
— Tem certeza? . Você não vai querer que seu pai veja as fotos da filha dele saindo de um quarto de hotel. - Disse ela com humor. — Pense bem, Ivy.
Desliguei o telefone o segurando firme em minhas mãos e então, me encostei na parede em frente a porta do quarto onde minha avó estava e fechei os olhos com força.
Eu estava perdida e sem apoio algum. O silêncio parecia mais pesado do que tudo.
Eu ainda podia ouvir a voz do médico ecoando em minha cabeça, falando sobre o tratamento e os custos absurdos que pareciam impossíveis de alcançar.
Meu celular ainda estava em minhas mãos. A ligação da minha madrasta havia sido a gota d’água. Eu estava presa, sufocada por todas as direções.

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