Laura Stevens –
Eu havia tomado um banho e vestido uma camiseta que Christian deixou sobre a cama, enquanto levava as minhas roupas para lavar.
Estranho, se ele esperava que eu voltasse, por que não havia mais nada meu na casa? – Me questionei enquanto caminhei para fora do quarto.
Eu estava com sede e precisava de um copo de água.
Desci as escadas devagar, puxando instintivamente a barra da camiseta de Christian. O tecido macio e o cheiro amadeirado misturado com algo levemente cítrico me envolviam, me lembrando de onde eu estava.
A casa estava em silêncio absoluto, exceto pelo leve estalo da madeira sob meus pés e pelo barulho distante da geladeira quando passei pela cozinha. Peguei um copo do armário, abrindo a torneira apenas o suficiente para que a água não fizesse muito barulho ao cair no vidro.
Mas, antes que eu levasse o copo aos lábios, um som diferente preencheu o espaço.
Uma voz. Feminina.
Minha mão congelou no ar.
Inclinei-me levemente para olhar em direção à sala. O lustre estava apagado, deixando apenas a fraca iluminação do abajur ao lado do sofá.
E então, eu o vi.
Christian estava sentado no chão, encostado no sofá, as pernas dobradas e um copo de whisky esquecido entre os dedos. Sua gravata estava solta, a camisa aberta no topo, revelando um vislumbre da pele marcada pela tensão evidente em seus ombros.
O telefone estava apoiado ao lado dele, e a voz feminina vinha dali.
— Você está bebendo?
A forma como ela perguntou… a intimidade no tom de voz…
Apertei o copo entre os dedos e me afastei mais para a sombra, fora do alcance da visão dele.
— Não. — Christian respondeu, olhando para o líquido no copo como se considerasse a ideia.
— Tem certeza?
Dessa vez, ele não respondeu de imediato.
— Sim.
O silêncio entre eles durou um segundo a mais do que deveria. Como se ela soubesse que ele estava mentindo, mas escolhesse não contestar.
— Como foi o dia? — A voz dela soou novamente, calma… familiar.
Ele soltou uma risada baixa e sem humor.
— Exaustivo.
— Imagino… — Houve um ruído leve do outro lado da linha, como se ela estivesse se mexendo. — E Nathan? Como está?
Meu coração apertou quando eu a ouvi perguntar sobre o meu filho.
— Na UTI. Estável. – Respondeu Christian, soltando um respiro forte.
— E você?
Christian passou uma mão pelo rosto antes de responder.
— Estou lidando com isso.
— Isso significa que você está se fechando de novo?
Eu vi quando ele fechou os olhos, inclinando a cabeça para trás contra a parede.
— Isso significa que estou lidando, amor. – Eu congelei ao ouvi-lo a chamar assim.
Ela suspirou e algo na maneira como o som soou… algo suave e íntimo, me fez sentir deslocada ali.
E então, um respiro profundo soou na ligação.
—Que não vai resolver muito, mas aliviará as dores e o deixará confortável por mais alguns dias. - Uma pausa foi feita, até que ela continuou a falar. —Eu vou estar lá te esperando.
O maxilar de Christian ficou rígido.
Ele fechou os olhos por um breve segundo antes de dizer baixinho:
— Obrigado. – Disse ele desligando a ligação.
Engoli em seco e apertei o copo em minhas mãos. O vidro parecia gelado contra minha pele quente, mas nada ali parecia mais frio do que o olhar vazio de Christian enquanto desligava a chamada.
Eu deveria ter ficado no quarto, mas agora, eu não conseguia deixar de olhar para ele. A culpa me cobria ao vê-lo daquela forma.
Mas foi então que o copo escorregou levemente da minha mão e fez um barulho sutil ao se chocar contra a pia de mármore.
Suficiente para chamar a atenção dele.
O corpo de Christian ficou tenso e sua cabeça virou na minha direção. Nossos olhos se encontraram e então, ele piscou devagar, como se estivesse me registrando ali, no meio da escuridão.
— Laura. — Sua voz soou baixa, rouca.
Minha garganta estava seca, mas eu me obriguei a respondê-lo.
— Eu… só vim pegar um copo de água.
Christian continuou me olhando por um instante, antes de finalmente desviar os olhos para o copo em sua própria mão. Ele girou o líquido âmbar entre os dedos, pensativo e então, ele se levantou e veio até mim, jogando o líquido dentro da pia.
— Vai dormir, Laura.
—Você não...vem? – Perguntei, vendo os olhos escurecidos dele sobre mim.
—Eu disse que você ia dormir lá. Não falei que dormiria com você. – Disse ele com um timbre gélido, me dando as costas.

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