Christian Müller –
A princípio, achei que Laura fosse rebater o que eu disse ou questionar, mas ao invés disso, eu a ouvi soltar um suspiro profundo.
— É, eu sei. – Disse ela com um timbre baixo.
Assim que a ouvi, assenti e voltei a virar para frente.
— Ótimo.
O silêncio entre nós se alongou, carregado de tudo o que não podíamos dizer naquele instante. O cheiro sutil do perfume dela alcançou meu olfato e por um breve momento, fui transportado para um tempo que já não existia.
Talvez por isso eu não conseguia a odiar, mas algo sempre me fazia lembrar de que ela não era mais Ivy. Nem eu era o mesmo.
Eu estava na bagunça dos meus pensamentos, quando a porta da UTI se abriu.
O médico voltou, segurando a prancheta com as últimas recomendações antes do procedimento.
— Senhor Müller, senhora Stevens, vamos levá-los para a sala de preparação. Precisamos revisar os últimos detalhes e garantir que está tudo certo antes da cirurgia do Nathan.
Assim que ele falou, olhei para Laura a vendo assentir. E então, eu voltei a encará-lo.
— Claro, doutor.
Assim que os preparativos foram finalizados, seguimos para o centro cirúrgico.
O peso da situação estava estampado no rosto de Laura. Ela estava aflita, tensa e mesmo sem dizer nada, eu conseguia sentir.
Sem pensar muito, passei um braço ao redor dos ombros dela, puxando-a para perto em um gesto firme, mas reconfortante. Senti quando seu corpo relaxou levemente contra o meu, e então, ela ergueu os olhos para me encarar.
— Eu… não posso ver sangue. Desmaio. — Murmurou ela com a voz baixa, quase culpada.
Um riso baixo escapou dos meus lábios.
— Você deveria arrumar uma desculpa melhor, se quer ficar em meus braços. — Respondi, deslizando a mão pelos seus cabelos em um gesto quase automático.
Por um segundo, ela ficou ali, imóvel. Mas então, como se se desse conta do que estava acontecendo, me afastou rapidamente e deu um passo para o lado, voltando sua atenção para Nathan, do outro lado do vidro.
Franzi o cenho, me aproximando novamente.
— O que foi? – Perguntei confuso.
Laura manteve os olhos fixos no menino, deixando sua expressão indecifrável.
— Para de me tratar assim. Você tem uma namorada. – Disse ela, levemente irritada.
Um sorriso debochado se formou nos meus lábios.
Fiquei ao lado dela, observando Nathan. Então, respirei fundo e me virei para a encarar.
— Essa é mais uma pauta para a nossa conversa?
O silêncio entre nós foi pesado, mas não desconfortável. Laura não respondeu de imediato, apenas cruzou os braços, mantendo os olhos em Nathan.
Eu podia ver o nervosismo nela. Seus dedos se apertavam contra os cotovelos, e seu pé batia levemente contra o chão.
Ela estava inquieta.
— Isso te incomoda tanto assim? — Perguntei, sem tirar os olhos do vidro.
Senti quando ela respirou fundo ao meu lado.
— Não é isso, Christian… Só acho que você devia respeitar a mulher com quem está.
Soltei um riso seco, cruzando os braços.
— Engraçado ouvir isso de você.

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