Christian Müller –
Apertei levemente os dedos dela entre os meus, sentindo a hesitação em seu toque.
— Boa garota — murmurei, mantendo minha voz baixa, quase um sussurro.
Laura mordeu o lábio, desviando o olhar por um instante, mas não puxou a mão.
— Onde paramos? — continuei, minha voz carregada de um tom quase provocador. — Ah, sim…
Inclinei-me de novo, mantendo o rosto perto do dela.
— O jantar no iate… a música tocando ao fundo… Você lembra do vinho? Do jeito que você ria enquanto fingia que não queria dançar?
Senti a respiração dela falhar.
— Eu não estava fingindo… — ela sussurrou, quase inaudível.
Sorri de lado.
— Claro que estava. Você sempre gostou de provocar.
Ela não negou.
Continuei, com a minha voz ainda baixa, íntima.
— Eu segurei sua mão… assim como agora. Mas você hesitou, do mesmo jeito. Sempre tão teimosa…
Laura apertou os olhos por um instante, como se tentasse se agarrar à lembrança.
— Mas então, eu puxei você para perto… — Minha voz abaixou mais um pouco. — Você lembra de como sua respiração estava?
Ela assentiu lentamente e eu notei a forma como seus ombros subiam e desciam, como se estivesse revivendo cada detalhe.
— Você estava tão perto… — continuei. — E então…
Parei por um momento, observando o impacto da minha voz sobre ela.
Laura abriu os olhos e me encarou, com sua expressão tendo uma mistura de confusão e algo mais que ela não queria demonstrar.
— Você está brincando comigo!...? —Me acusou ela com a sua voz falha.
Dei um sorriso preguiçoso, mantendo meu olhar preso ao dela.
— Não estou, e você sabe disso.
Ela respirou fundo puxando a mão devagar, mas sem pressa.
— Você… - Eu a interrompi.
— Eu só queria que você parasse de pensar tanto — interrompi, cruzando os braços enquanto a observava. — E funcionou, está vendo?
Laura mordeu o lábio outra vez, parecendo se dar conta do que acabara de acontecer.
— Você tem uma namorada, Christian — disse ela, mudando de assunto.
Soltei um riso baixo e descruzei os braços, voltando a encarar o vidro à nossa frente.
— Até quando vai ficar repetindo isso? Relaxa, Laura. Eu não estou cometendo um crime, só queria te distrair.
Ela me lançou um olhar afiado, mas eu apenas sorri de lado. E então, a vi respirar fundo, exalando o ar de vagar.
— Obrigada… — murmurou.
Apenas assenti, mantendo os olhos fixos na sala onde nosso filho estava.
Assim que saímos do centro cirúrgico, o ar fresco do lado de fora bateu no meu rosto, aliviando um pouco a tensão dos últimos minutos. Laura parou ao meu lado, cruzando os braços, e soltou um suspiro pesado.
—E você continua trazendo esse assunto para nós. É ciúme, Laura?
— Não seja ridículo.
— Então por que se importa tanto? – Perguntei a olhando nos olhos, vendo-a ficar desconcertada.
Laura piscou, parecendo buscar algo para responder, mas não encontrou nada. Ela então, respirou fundo e desviou o olhar.
— Você me irrita — murmurou ela, apertando os olhos.
Sorri, satisfeito.
— O sentimento é recíproco, amor... – Falei a vendo me encarar e ameaçar falar algo, mas ela apenas manteve nosso contato visual.
Por um instante, ficamos ali, olhos nos olhos, com o silêncio carregado de algo intenso. Algo que sempre existiu entre nós.
Então, ela respirou fundo e desviou o olhar.
— Eu vou ver como está Nathan.
E saiu antes que eu pudesse impedi-la.
Observei enquanto ela se afastava, sentindo o gosto daquela conversa ainda pairando no ar.
Respirei fundo e fui até ela, mas ao me aproximar, meu telefone tocou dentro do bolso. Assim que vi o nome, ameacei deslizar o dedo para atender, mas encarei Laura a vendo aflita e apenas apertei o botão para desligar.
Guardei meu celular dentro do bolso e a segui. Abri a porta do quarto vendo-a sorrir e conversar com Nathan. Ela era uma ótima mãe.
E de repente, a voz do pequeno soou, me paralisando.
—Mamãe, eu sempre vou te proteger. – Meu mundo caiu.
Eu também já havia feito essa promessa para ela antes... e não fui capaz de cumprir.

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