~ BIANCA ~
Era Christian parado na porta da minha sala.
Mia foi a primeira a notar. Ela se levantou da cadeira como se tivesse levado um choque, cumprimentou nosso primo com um abraço rápido e, antes mesmo que eu pudesse processar o que estava acontecendo, já estava pegando o próprio celular e a bolsa.
— Eu… acabei de lembrar que tenho um call com o jurídico — ela anunciou, teatral. — Tipo… agora.
Passou por ele, fez uma careta dramática e, com os lábios, articulou bem devagar: o homem tá bravo.
É claro que ele estava bravo.
Pra ele sair do Brasil, atravessar o oceano e vir falar comigo pessoalmente, é claro que ele estava bravo.
Merda.
Christian fechou a porta atrás dele, e só então se virou completamente pra mim.
— Eu só te pedi uma coisa — ele começou, sem rodeios. A voz baixa, controlada, era pior do que qualquer grito. — Uma. Não misturar os seus negócios pessoais com a Bellucci. Você sabe que isso sempre dá merda, Bianca.
Cruzei os braços, mais pra não demonstrar que minhas mãos estavam tremendo do que por desafio.
— Ia dar mais merda se eu tivesse usado o meu nome — respondi, tentando soar razoável. — Pelo menos assim…
— Pelo menos assim você arrastou o grupo inteiro com você — ele me cortou. Deu dois passos pra dentro, jogou uma pasta grossa em cima da minha mesa. O logotipo da VBG Holdings me encarou de volta como se fosse cúmplice. — Se você quer brincar de salvadora de fazendeiro falido, ótimo. É problema seu. Mas você não torrou o seu dinheiro, Bianca. Você usou uma holding da Bellucci.
Engoli em seco.
— Eu falei que ia repor o dinheiro do meu bolso — lembrei. — A Bellucci não vai sair no prejuízo. Assim que a operação estiver estruturada, eu posso…
Christian riu. Não foi um riso de humor. Foi um riso curto, descrente, que me deu vontade de enfiar a cabeça na gaveta e fechar.
— Você acha mesmo que isso se resolve com uma transferência? — ele perguntou, arqueando uma sobrancelha. — “Desculpa, conselho, eu só assinei um negócio de 2,3 milhões de euros no impulso, mas relaxa que depois eu transfiro”? Você assinou por uma holding que existe justamente pra zelar pelos investimentos estratégicos do grupo, e fez isso sem passar por conselho, sem passar por jurídico, sem passar por ninguém. Isso fica no balanço, Bianca. Isso fica na ata. Isso aparece no relatório da auditoria, nas reuniões com banco, em tudo.
Ele abriu a pasta, tirou algumas folhas e deslizou na minha direção.
Dezessete contratos. Dezessete pessoas que, oficialmente, agora deviam pra nós.
— Agora a Bellucci está dona de um portfólio de créditos problemáticos — ele continuou. — Sabe como os bancos veem isso? Como risco. Sabe como as agências de rating veem isso? Como aumento de exposição a devedores duvidosos. Sabe como a imprensa poderia ver isso, se alguém resolver abrir o bico? — Ele ergueu os olhos, prendendo os meus. — Como manchete.
Revirei os olhos, mais por defesa do que por descrédito.
— Você está exagerando.
— Ah, estou? — Ele apoiou as mãos na mesa, inclinando-se na minha direção. — Vamos brincar de jornal? Eu começo. “Grupo Bellucci compra dívidas de famílias endividadas com desconto para lucrar em cima da cobrança”. Ou talvez: “Herdeira da Bellucci usa holding da família para salvar fazendeiro com quem está envolvida”. Qual você acha que rende mais clique?
Senti o rosto queimar.
— Não foi por… — mordi a língua antes de falar “estar envolvida”. Respirei fundo. — Foi um bom negócio.
— Mesmo que fosse o melhor negócio da década, ainda assim teria que ser aprovado, Bianca. — Ele afastou as folhas com um gesto impaciente. — Você criou sozinha um conflito de interesse gigantesco.
Afundei na cadeira.
— Eu fiz o que precisava ser feito — murmurei. — Se aquele pacote fosse pra mãos erradas, ele ia perder tudo. A fazenda, a casa, o emprego de muitas famílias. Você sabe como esses fundos trabalham. Você sabe que…
— Eu sei — ele me interrompeu, mais suave, mas nem um pouco menos firme. — E é exatamente por saber que eu teria encontrado outra forma. Uma que não envolvesse você saindo correndo de Florença pra assinar cessão de crédito em agência de banco de interior como se fosse cena de filme.
Ele suspirou, se endireitou e passou a mão no cabelo, aquele gesto típico de quando estava tentando se controlar.
— Agora eu vou ter que mandar analisar uma por uma dessas dívidas — ele continuou. — Ver quem são essas pessoas, qual a situação real, se vale a pena cobrar, renegociar, perdoar, executar. E você sabe o que acontece se, no meio disso tudo, vazar que a Bellucci está executando a terra de um agricultor quebrado enquanto vende vinho de cem euros a garrafa?
Eu sabia. Imaginei protestos, hashtags, threads indignadas. Boicote à Bellucci. Consumidores quebrando garrafa em vídeo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Cansativo liberar somente 2 capítulos por noite.... Poderia liberar pelo menos 5, né?...
Bianca e Nico ... tão bons ou melhores que Christian e Zoeh!!! Tão lindos! Mas vamos garantir pelo menos 3 capitulos por noite para deixar as leitoras felizes?...
Quando terá novos capítulos? Ansiosa...
Já tem uns 3 dias que não disponibiliza os capítulos. Parou no capítulo 557. PS. Esse livro que não acaba.... 🤔...
Queria saber o que está acontecendo, que os capítulos não estão mais disponíveis....
Poxa vida, ja era ruim liberar 2 ou 3 capitulos por noite a conta gotas, agora falhar na liberacao diaria é pèssimo ... oq tem acontecidoncom frequencia. Desanimador....
Alguém sabe me dizer, quando sai mais capítulos?...
Oq esta acontecendo com os capitulos 566 e 567? Liberei as moedas mas nenhum dos dois foi liberado. E ontem tbem nao houve liberacao de capitulos novos ......
Mdss estou impactada com o plost twist mds mds, história de Maitê é a mais louca e surreal, considero a melhor....
Capitulo 518. Votos de Marcos e Maitê, que lindo... Até eu fiquei emocionada 😍...