Cap.47
— Foi culpa minha… eu não tinha pra onde ir. Tive uma briga feia com minha mãe. Gabriel só ajudou.
Donovan a encarou por alguns segundos, depois olhou para Gabriel, como se quisesse confirmar.
— Entendi… — murmurou, ainda desconfiado. — Brenda eu até entendo. Vocês já têm alguma coisa… — fez um gesto vago com a mão. — Praticamente namorados.
Brenda corou, mas não retrucou.
Então Donovan virou lentamente o rosto, encarando Talyta. Ela desviou o olhar de imediato, fixando os olhos no lençol como se fosse a coisa mais interessante do mundo.
— Mas e você? — a voz dele soou baixa, quase um rosnado. — O que você tá fazendo aqui?
O silêncio dela o irritou ainda mais. Gabriel, antes que a tensão explodisse, interveio:
— Ela não tem pra onde ir, Donovan — disse firme. — Eu não ia deixar alguém na rua à noite. Além disso, ela é amiga da Brenda. Não há nada de errado em ficar aqui.
Donovan apertou a mandíbula, os olhos fixos em Talyta.
— É isso? — perguntou, como se não acreditasse.
Ela continuava sem encará-lo, e isso o incomodava. Ele deu um passo à frente, o suficiente para a sombra dele cobrir parte da cama.
— Você. — disse, a voz carregada de autoridade. — Lá fora. Agora.
Era uma ordem, não um pedido.
Talyta hesitou, sentiu o coração acelerar. Brenda olhou para ela, preocupada, mas Talyta respirou fundo e se levantou, mantendo os olhos baixos.
Donovan abriu caminho e saiu primeiro, sem olhar para trás. Ficou esperando na varanda, as mãos enfiadas nos bolsos da calça de pijama, o corpo tenso.
Quando ela finalmente saiu, a porta se fechando atrás dela, ele se virou de lado, encarando-a por cima do ombro.
— Então é isso? — ela perguntou, a voz grave, contida. — Você me evita o tempo inteiro… quando tento te ajudar me faz sentir culpada, e agora aparece aqui mandando em mim como se eu tivesse fazendo algo errado? — questionou, cética.
Donovan a analisou de cima a baixo e riu com desdém.
— Na cama de outro cara, usando a roupa dele? Qual é o seu problema? Além disso, você não tem mãe? O que aconteceu? Eles voltaram?
Talyta engoliu seco, os olhos finalmente se erguendo para encontrar os dele.
— Não aconteceu nada de mais.
— Não é? — ele deu um meio sorriso sarcástico, mas os olhos não tinham humor. — Porque do meu ponto de vista… é exatamente o contrário. E você ainda veio parar onde menos deveria.
— Eu não tinha pra onde ir. — rebateu firme, ainda que a voz tremesse um pouco. — Não planejei nada disso. Eu não vou trazer problemas pra eles só por estar aqui, se é isso que está pensando...
Donovan a analisou por longos segundos, como se quisesse atravessá-la com o olhar.
— E você achou que se esconder aqui resolveria alguma coisa? — ele se aproximou, diminuindo a distância. — Você tem noção do perigo em que tá? Por ser imprudente, pegando dinheiro emprestado de pessoas que você já sabia que eram perigosas? Sua vida, pra eles, vale menos que a de um rato.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.