Cap.43
— Não, nunca — respondeu sua mãe, com frieza cortante.
Brenda deixou os olhos vagarem até a porta, onde suas próprias costas pareciam pesadas, jogadas para fora. Voltou o olhar para a mãe com um sorriso cético. Ela nem mesmo considerou que todas as acusações pudessem ser mentira; apenas tomou sua decisão, jogando Brenda para fora.
— Eu já sabia… Vocês se preocupam tanto com os outros, não é? Basta uma mulher manipuladora dizer qualquer coisa e vocês acreditam, sem nem analisar os fatos. Mas ainda que analisassem… por causa dos seus costumes retrógrados, eu sempre vou estar errada.
Ela respirou fundo, as lágrimas finalmente descendo.
— Mas você não é perfeita, mãe. Todo mundo sabe que você sempre foi obrigada a aceitar as traições do meu pai e sempre fez pose de “olha como nossa família é perfeita”, quando na verdade tudo que você tenta fazer é empurrar esse relacionamento lixo com a barriga e ainda tentar me enfiar em um pior.
O rosto da mãe endureceu, mas Brenda seguiu, histérica, gritando entre soluços:
— E ele… — apontou para o pai com o dedo trêmulo — é outro hipócrita! Um traidor, um mau-caráter! Eu não preciso desse tipo de família!
— Ora, sua pirralha insolente! — o pai rugiu, avançando contra ela. Ele ergueu a mão, pronto para desferir o golpe.
Brenda soltou um grito, encolhendo-se instintivamente. O punho dele parou no ar, os dedos cerrados com tanta força que chegavam a tremer.
O silêncio que se seguiu foi sufocante, quebrado apenas pela respiração ofegante de Brenda e pelo sorriso satisfeito da esposa de Jonas.
— Eu já vou indo — disse a esposa de Jonas, em tom leve, quase divertido. — Assuntos de família não são da minha conta. — E saiu, deslizando pela porta com um sorriso de lado, saboreando o caos que deixava para trás.
Brenda ficou ali, as lágrimas escorrendo, o rosto ainda ardendo, a sensação de solidão esmagando cada pedaço dela. Respirou fundo, sentindo o gosto amargo da própria saliva, e limpou as lágrimas com o dorso da mão.
— Eu vou embora… — disse com a voz firme, embora quebrada por dentro. — Não preciso de nada do que vocês compraram para mim. Não quero nenhuma lembrança de vocês. A partir de hoje… eu já estava cansada mesmo desses costumes quadrados e obrigações que vocês querem me impor. Eu não vou me casar com nenhum estranho só porque você acha que assim deve ser.
A mãe não tremeu, não chorou. Limitou-se a responder, seca:
— Melhor assim. Eu também não quero mais ver a sua cara, não depois dessa vergonha que você nos fez passar.
Brenda riu, um riso dolorido, e virou-se, sentindo cada passo como um adeus definitivo. Quando atravessou o portão, o peito apertado, avistou Talita alguns metros adiante. O rosto da amiga estava úmido, as bochechas coradas de choro.
Brenda acelerou os passos, atravessando a rua.
— Talita… você está bem?
A outra forçou um sorriso frágil.
— Não… mas parece que nem eu e nem você, né? — respondeu, com a voz embargada. — Eu vi a esposa de Jonas saindo da sua casa… penso que você deve ter tido um problema dos grandes, certo?
Brenda abaixou a cabeça, um nó subindo à garganta.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.