Capítulo 188 – Me leva com ela
Jackson
Meu coração ainda estava apertado.
Não importava o quanto eu dissesse pra mim mesmo que estava tudo sob controle… que Alex daria um jeito… que Brandon rasgaria qualquer um que encostasse nela…
A verdade era que eu não tinha paz.
Desde que saímos de Houston, minha mente não teve descanso.
A imagem dela, a minha marrenta, sendo levada pelos braços daqueles desgraçados rodava na minha cabeça feito um filme maldito.
E a cada volta que fazia… meu ódio por Robert Anderson só aumentava.
Quando chegamos em Vegas, eu decidi ficar recluso.
Sentado num sofá no canto, encarando o vazio, com o peito pesado.
Pensei na Jordan, na falta absurda que ela me fazia.
Pensei no bebê que ainda era só uma sementinha, que eu nem mesmo tinha segurado nos braços, mas que já era meu mundo.
Pensei nas mensagens que trocamos, tentando passar confiança quando, por dentro, eu tava implodindo.
“Para de ficar enrolando e vem logo me buscar.”
Essa era a minha marrenta.
"Só me espera. Tô chegando, meu amor."
Tentei acreditar nas minhas próprias palavras. Mas a verdade é que só tinha uma coisa que eu acreditava com todas as forças:
Eu ia encontrá-la.
Ou não voltaria.
Quando Hugo contou que tinha conseguido a localização, eu queria sair dali o mais rápido possível.
A possibilidade de Salvatore estar envolvido foi levantada, mas não tinha tempo pra isso. Eu só queria ir buscar a minha mulher. Mas essa informação deixou Alexander atento, e ele sempre foi muito bom no que faz.
— A rota é Califórnia — disse Hugo.
O quê? Esse maldito queria rodar o país com a minha marrenta.
Só que isso não era um tour... Era pior... muito pior.
— O jeito mais usado para tráfico humano...
E foram essas palavras do Brandon que quebraram algo dentro de mim.
Ele teria coragem? Vender a própria filha, grávida?
Foi como se uma porta se abrisse, e tudo que havia de pior em mim saísse junto.
Naquele instante, eu soube.
Eu não ia ser o mesmo depois disso.
A viagem até Long Beach foi um borrão.
Eu via rostos ao meu redor, ouvia vozes, mas não conseguia me fixar em nada.
Minha mente só repetia a mesma frase, como um mantra sombrio:
Vou trazer ela de volta. Nem que eu precise matar cada um desses filhos da puta.
Quando o helicóptero pousou, eu fui o primeiro a descer.
O cheiro do mar, a brisa fria, o barulho dos contêineres sendo carregados… nada importava.
Eu só queria ir atrás dela.
Seguimos nós cinco, e logo chegamos no local que Hugo passou.
E quando a porta se abriu e eu finalmente a vi…
A dor e o alívio se misturaram de um jeito que eu não conseguia explicar.
Por fora, eu parecia calmo.
Por dentro…
Eu já não era só homem.
Era o demônio.
Meus dedos tremiam ao redor da arma, e tudo ficou lento.
O momento em que ela me olhou.
O segundo em que percebi que ela estava ali, tão perto.
Foi o instante exato em que eu soube…
Eu vou levá-la, e ninguém nunca mais vai tirar ela de mim de novo.
— Então… — ouvi a voz fria do Alex. — A raposa saiu da toca.
E no instante seguinte…
— Vocês tão fodidos… — Jordan rosnou.
Eu sorri.
Foi a última coisa humana que fiz nesta noite.
— Três… — contei, e atirei.
O tiro explodiu no meio da testa, e aquele desgraçado caiu.
E o inferno... ah, ele começou.
Fogo cruzado.
Gritos.
O cheiro ácido de pólvora.
Vi Evie pegando uma arma do chão e atirando num Black.
Vi Thomas e Ben abrindo caminho, Brandon derrubando dois de uma vez.
E eu…
Eu avancei com a faca na mão, cada golpe descarregando o ódio que eu não tinha mais onde guardar.
Então, no meio do caos, eu ouvi.
— Jack… — a voz da Jordan, fraca, mas tão viva que meu coração quase explodiu.
— EU TÔ AQUI! — berrei. — EU TÔ AQUI, MARENTA!
Foi nesse segundo que tudo aconteceu.
Robert puxou a garota com força.
Ela desequilibrou, bateu no ombro da Jordan.
O movimento pareceu acontecer em câmera lenta.
As duas caíram pra trás.
O braço do Robert veio junto.
Por um instante, tudo ficou em silêncio.
O mar engoliu os três.
— NÃO! — meu grito foi um trovão, rasgando minha garganta. — JORDAN!
Eu me joguei pra frente, mas Brandon me segurou pelo colete, me impedindo de cair junto.
Atrás de nós, passos pesados ecoaram.
Me virei, minha voz, meu corpo… tudo refletia desespero.
— Elas caíram no mar! — gritei, me soltando de Brandon e pulando na água.
Ouvi barulhos, sabia que mais alguém tinha pulado.
Os Blacks haviam sido derrotados. Estavam mortos.
Mas o meu caos ainda não tinha acabado.
— JORDAN! — gritei, mas era só silêncio. Não havia movimentação na água.
Vi Brandon ao meu lado mergulhando, e decidi fazer o mesmo.
Quando emergimos, sem sucesso, gritei novamente, o peito ardendo.
— MARRENTA!
Quando olhei ao redor, estavam todos ali. Dentro da água, em puro desespero. A moça que estava com Evelyn nadava cada vez mais pro mar, gritando.
— ELOISA!! — Enzo tentava segurá-la, mas ela se debatia. — ME SOLTA, SEU CRETINO! É MINHA IRMÃ... ELOISA!
Nada acontecia. Mergulhávamos, procurávamos...
Não havia nenhum sinal. As lágrimas escorriam pelo meu rosto sem que eu pudesse conter.
— MARRENTA! — minhas pernas começaram a me abandonar. Eu quase não conseguia mais me mexer. — FALA COMIGO, MEU AMOR! NÃO ME DEIXA!
E foi assim…
Que eu soube que hoje…
Se o mar não a trouxesse de volta…
Poderia me levar com ela.

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