Capítulo 203 – Quem é VS
Brandon
Assim que o cofre se abriu, meu coração parou por um instante.
Porque eu sabia que, a partir dali, seríamos arrastados para o inferno.
Mas não foram os documentos, nem o dinheiro ou as barras de ouro que chamaram a atenção dos caras.
Foi ela…
— Como é possível você ter uma Pancor Jackhammer? — Thomas perguntou.
Dei de ombros e peguei minha bebê nas mãos.
— Sou um cara de contatos.
— E bons contatos, pelo visto — disse Alex.
— Bom, mas não é minha arma que tem que chamar a atenção de vocês, e sim os documentos. Precisamos esvaziar o cofre e levar tudo para casa.
— Dinheiro e coisas pessoais levamos pra casa. O restante vai para a Sterling — Alex disse, e eu apenas assenti.
Alexander saiu distribuindo ordens. Queria que em meia hora o cofre estivesse vazio e o jardim limpo — sem corpos, sem armas, sem problemas.
Quando passamos pela porta, a imagem da Cassandra caída no chão me atingiu de novo.
Dessa vez, por me lembrar da minha mãe.
Meu pai a matou. E nem me deu a chance de chorar sua morte.
De sofrer por ela. Muito menos de enterrá-la, já que o cretino tinha sequestrado minha irmã e quase matou a mulher que eu amo.
Mas Alex honrou minha mãe. Ele pediu que o Caleb cuidasse de tudo.
E, no dia em que tive alta do hospital, fui ao cemitério.
Onde estavam elas… todas juntas.
Andrea, Rachel, minha mãe…
E agora teria a Cassandra.
Chegamos ao quarto que era do Alex, e o Ben ainda estava lá. Agarrado à Jordan, que o abraçava com carinho, mas a tristeza estampada em seu rosto…
Mas em seu abraço também havia firmeza, de quem está disposta a segurá-lo em pé.
Dando a certeza de que ele não estava sozinho.
Alex se agachou à frente dele.
— Vamos preparar o velório dela — disse ao Ben, que levantou a cabeça para encará-lo.
— Não precisamos de velório. Eles são feitos pra despedidas...
E eu já me despedi dela há muito tempo.
Alex apenas assentiu.
E quando Chen entrou, deu a ordem para cuidarem do corpo da Cassandra da mesma maneira que cuidaram da minha mãe.
Sabíamos que, depois de hoje, precisaríamos lutar contra o tempo.
Os caras de hoje eram ligados à máfia. Disso não tínhamos dúvidas.
Mas o nome... ou melhor, as iniciais do maldito que trabalhava com meu pai borbulhavam na minha cabeça.
VS…
Não podia ser ele... Tudo isso era uma puta coincidência.
Mas meu pai estava escondido em território Santoro, e o tal VS enviou uma equipe pra fazer queima de arquivo.
Só que também existem tantos nomes com as mesmas iniciais .
Comecei repassar todos os nomes que me lembrava da máfia, que poderiam estar ligado ao meu pai. E talvez ter traído os Santoro...
— Ouviu o que eu disse? — a voz do Alex me tirou dos pensamentos.
— Hã?
— Mudei os planos. Todas as suas coisas vão pra casa. E começaremos a trabalhar em todos esses documentos ainda hoje.
Mas antes… — Alex suspirou. — Vamos dar a força que o Ben precisa. Vou deixar as meninas, junto com o Chen e o Hugo, analisando tudo com calma. E deixei claro que quero as imagens do porto até o final do dia.
Assenti e seguimos para fora, em direção aos carros.
Alex ordenou que a primeira equipe ficasse com a gente em casa, garantindo a segurança.
A máfia não é louca de mexer com Alexander Sterling por nada…
Mas era melhor prevenir.
O caminho para casa foi silencioso.
O ar no carro estava denso, quase palpável.
Todos nós sentíamos a dor do Benjamin.
Meu amigo nunca odiou a mãe.
Ele só aprendeu a viver sem ela.
E, pra ele, estava tudo bem.
“Se ela não me quer, preciso respeitar.”
Ben sempre foi maduro.
Tentava enxergar o melhor nas pessoas, até mesmo naquelas que o fizeram sofrer.
— Por que mandou o Vito buscar a Alessa?!
Ele me olhou, confuso.
— Che cosa sta dicendo?
— Você entendeu muito bem, Mancini — minha voz saiu alterada, e senti uma mão em meu ombro.
— Brady, se acalme — Alex disse em seu tom habitual.
— Me acalmar?! Aquele cretino levou a minha mulher! Que era pra ELE — apontei para Enzo — vir buscar!
— Primeiro, Anderson, gostaria de lembrá-lo com quem está falando.
— Sei bem quem é você, Mancini… — retruquei entre os dentes.
— E segundo: eu não mandei ninguém. Muito menos o Vito... buscar minha sorella.
— Então temos um problema aqui — Alex disse, chamando a atenção de Enzo. — Porque ele esteve aqui. E a levou.
— Isso é impossível. A Alessa não iria com ele sem me avisar!
— É verdade, Enzo… — Evelyn se aproximou, a voz trêmula. — O Vito veio aqui enquanto os meninos estavam fora. Quis conversar a sós com ela...
A voz da Evie falhou por um instante.
— Ela estava diferente… mas me prometeu mandar mensagem.
Mas assim como as dela não chegaram… as minhas, ela nem respondeu.
Meu coração começou a bater descompassado dentro do peito.
Por alguns segundos, parecia que eu nem sentia meu corpo.
“Droga… agora não. Agora não!”
Comecei a repetir essas palavras mentalmente como um mantra.
Eu não posso desviar o foco.
— ALEX!! — Elena gritou e correu até nós.
— Qual o problema, Lena? — ele perguntou.
— É ele, Alex! — ela olhou para ele, ofegante. — O cara do porto... e o tal VS…
Ela entregou o tablet ao Alex.
Eram imagens do dia no porto.
— Eu não quis acusá-lo sem provas… mas agora eu as tenho.
Elena olhou bem para mim e para Alexander antes de concluir:
— VS, o homem que ajudou o Robert… é Vito Santoro.

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