O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 11

Sabe quando você acorda e, por algum motivo, tem a certeza de que aquele não vai ser um dia bom? Não se sabe de onde veio essa certeza divina, nem como ela aparece de uma hora para a outra, mas, a verdade, é que ela se mostra infalível e, quando percebemos, estamos num espiral de problemas sem fim reinando a certeza de que o dia fadado a não ser bom, se torna incrivelmente ruim.

Quando chegamos no estacionamento do prédio de Hamzaf, a mídia já nos esperava com toda uma aparelhagem montada e muita luz para o subterrâneo escuro. Minha pele estava levemente gelada porque ali embaixo não parecia ter muita circulação de vento, tampouco pessoas e tudo, de fato, parecia mais frio.

Juro que havia tentado colocar uma roupa agradável e parecer uma menina no primeiro passeio que teria com Hamzaf. As palavras de mamãe ainda ficavam martelando na minha cabeça. Eu sabia o que tinha que fazer e pior, sabia que precisava pedir logo. Papai precisava continuar o tratamento dele. Por outro lado, para que um dia eu conseguisse pedir algo desse tipo para Hamzaf, eu tinha que fazer com que ele tivesse a mínima predisposição de me aceitar como uma potencial noiva.

Para isso, tive a péssima ideia de parecer uma menina. Péssima, porque agora eu estava morrendo de frio, pois não estava acostumada a usar vestidos.

Não era um vestido, mas a ideia era a mesma. Eu estava usando uma saia preta que ia até os pés e uma blusa branca soltinha seguida de um casaco jeans. Sim, era o auge da meninice para mim. Qualquer coisa longe de calças jeans e tênis o eram para mim. Diferente de Grace, que sempre parecia super okay com seus modelitos.

Hamzaf, por isso mesmo, não conseguia tirar os olhos dela, o que tirou qualquer chance que eu poderia ter de ele me olhar. Grace era fofinha, mas podia ser bem estraga prazeres as vezes. Ela estava usando um vestido que ia até o joelho azul royal e um casaquinho por cima. Talvez por ter pernas à mostra, Hamzaf tentava disfarçar que vire e mexa olhava para lá. Bufei irritada.

O dia já começou terrível assim. Mas a tendência era que fosse piorar. Eu tinha certeza disso.

― Vamos tirar algumas fotos e tomar alguns vídeos, pode ser? ― Perguntou um homem na faixa dos cinquenta anos que coçava a barba toda hora. Assenti e Grace veio saltitando até o meu lado.

― Você está linda! ― Ela disse tentando me elogiar. Eu não estava no clima de devolver as palavras dela também dizendo que ela estava linda. Porque ela também estava. E muito mais. E dizer isso em voz alta me fazia ficar com mais raiva do que eu estava.

― Hum… ― Foi o que me limitei a dizer.

Hamzaf também estava lindo, mas aquele homem já tinha nascido belo, eu acho. Estava usando uma blusa social branca, um relógio pendurado no pulso, calças marrom e tênis. Além disso, óculos de sol. Parecia tão à vontade com aquela roupa e, por isso mesmo, tão charmoso, que eu não duvidava que ele já tivesse nascido usando uma blusa social.

Sabe aquela de que o dia vai piorar? Começou naquele momento.

Sabe se lá de onde, o irmão de Hamzaf brotou no subterrâneo. Cumprimentou os câmeras man que passaram a filmar tudo no mesmo segundo já prescindido guerra. O irmão dele era muito parecido com ele e parecia vasculhar o lugar com os olhos.

O irmão de Hamzaf, o tal Rashid, tinha os cabelos escuros como o dele, mas os olhos eram de um castanho mais claro e a barba com certeza estava bem mal feita. Como o irmão, parecia saber como se vestir para arrasar, porque usava uma blusa polo azul bebê e calças brancas. Estava sorrindo muito e eu logo percebi porquê.

Ele tinha me pego no flagra o encarando.

Grace não havia me contado de algum detalhe, porque ela estava olhando fixadamente para baixo, o rosto branco como papel. Sim, ela não havia me contado nada, porque parecia se sentir humilhada justamente por ter me deixado no escuro. Comecei a franzir o cenho e cogitar se Grace só me contava o que ela julgava importante deixando as outras informações ao relento como um pedaço só dela. O que era terrível considerando que ela me dizia contar tudo.

Rashid não demorou para começar a caminhar na minha direção. Bufei irritada enquanto levantava a cabeça e encarava o babaca que achava que eu era uma presa. Eu não estava na porcaria de uma série como Vampire Diaries para ter dois irmãos na minha cola!

― É um prazer, Senhorita. Meu irmão ainda não te deixou entediada? ― Revirei os olhos.

― Com certeza não. ― Respondi na lata. Qual o momento que a gente ia dar o fora dali, mesmo?

― Uou. ― Rashid deu um passo para trás, mas não de medo. Parecia ser mais para me avaliar por cima. Mesmo que, como o irmão, ele fosse vários palmos mais alto do que eu. Ele continuou me avaliando com os olhos quando falou: ― Eu nunca imaginaria que você escolheria uma rebelde como possível esposa, Hamzaf. ― Disse Rashid com um largo sorriso no rosto.

Hamzaf ficou em silêncio. Nem para me defender. Mas eu imaginava também que qualquer coisa que ele falasse, o babaquinha do irmão dele rebateria. Por exemplo, se dissesse que não havia escolhido, o irmão dele falaria que ele poderia escolher então, se dissesse que havia escolhido, o irmão dele poderia partir para cima de Grace. Não havia um meio termo adequado.

― E como você se chama? ― Perguntou Rashid falando comigo.

― Você não precisa saber. O que está fazendo aqui tão cedo? ― Perguntou Rashid amargo como deveria ser um irmão mais velho. Sorri, mas Rashid me pegou o fazendo.

― Vim conhecer minhas futuras cunhadas. ― Rashid deu de ombros enquanto dava mais um passo para perto de mim. Pensei em dar um passo para trás, mas isso só me faria parecer fraca na frente daquele homem, então me mantive no mesmo lugar. Rashid arqueou uma sobrancelha, parecia surpreso. ― Não tens medo de um homem que se aproxima assim de você? ― Ele perguntou escancarando a boca. Sorri. Meu modo rebelde parecia ter acordado, ou talvez aqueles irmãos o despertassem.

― Não, sou faixa preta em Krav Maga. ― Tudo bem que era mentira. Eu só havia feito três aulas para ser mais exata, mas Rashid não precisava saber.

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