Só paramos para conversar novamente quando estávamos na sobremesa. Ambos apreciadores de uma boa comida que necessitava ser experimentada sem desvios para assuntos corriqueiros. O importante ali era a sensação.
― Muito obrigado por me permitir comer sem conversas. É agradável quando entendem minha paixão por comida. ― Acabei falando imediatamente.
― A minha também. ― Ele sorriu.
― Também aprecias uma boa comida?
― Sim. Demais. Gosto de degustar. ― Suspirei. Céus, aquele sorvete caseiro estava bom demais também.
― Então me permita um dia cozinhar para você. ― Concordei com um sorriso que não cabia no meu peito.
― Só se você permitir que eu também cozinhe alguma coisa para você. ― Hamzaf riu. Seu riso era recheado de alegria que transpassava as linhas de expressão nos olhos.
― Feito então. ― Voltamos a comer.
*
Hamzaf entregou o cartão para pagar o garçom e eu olhei novamente para a janela, a impulsividade falando alto. Me levantei devagar da mesa e chamei por Hamzaf que logo se levantou se colocando ao meu lado sem entender nada.
Busquei o garçom que havia nos servido e estendi meu celular para ele pedindo para que ele tirasse uma foto nossa. Felizmente, ele entendeu meu fraco inglês e assentiu.
― Vamos tirar uma foto nessa vista incrível, Ham. ― E ele concordou sem comentários, o que me fez sorrir.
― Se aproximem mais. ― Disse o garçom gentilmente e eu paralisei quando senti Hamzaf me abraçando pela cintura novamente. Literalmente congelei no lugar tentando a todo custo sorrir enquanto só sentia o cheiro de menta característico daquele homem.
― Pronto. ― Disse o garçom e Hamzaf me soltou no mesmo segundo sem abrir a boca para fazer um comentário sequer e se afastando. Peguei o meu celular da mão do garçom e olhei mais uma vez para a janela, tentando absorver todos os detalhes possíveis daquela visão esplêndida antes de adentrar o elevador novamente para o fim daquele encontro especial.
*
― Me conte sobre sua família. ― Caminho lado a lado de Hamzaf no complexo do qual o Burj Khalifa faz parte. Mais a frente observo uma piscina de tamanhos sem precedentes que parece ainda mais linda com o brilho forte do sol do meio dia.
― Hm… O que quer saber? ― Me arrependo da forma como o respondi no mesmo segundo. Péssima escolha de respostas e Hamzaf parece ficar levemente incomodado.
― O que preciso saber. Como poderei pensar em casar com você sem saber como é sua família?
― Deveria conhecê-la. Minhas palavras podem não conter a verdade. ― Ralho de vez, me arrependendo novamente. Mas acho que agora que descemos ao chão, a realidade voltou como um estourar de balão bem em cheio na minha cara.
― Faria isso se tratando de Grace. ― Arregalo os olhos, mas ele continua: ― No entanto, se tratando de você, não há necessidades. Mentes muito mal.
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