O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 19

Quando disse que queria um lugar para ter paz, estava pensando em um parque, ou até mesmo o mar. Algo que desse conta da solidão que aflorava no meu peito por ter me iludido com um homem que pudesse ser minimamente parecido com os homens do meu mundo ocidental, um homem que não me enxergasse como mercadoria ou que não me visse como uma submissa. No entanto, estava longe de acreditar que para o taxista, um lugar onde eu pudesse ter paz fosse ser uma mesquita.

Tudo bem, cada um tinha o santuário que achava mais apropriado para ter paz. Era o que minha avó costumava dizer quando meu avô brigava com ela e saia de casa, indo até a igreja do bairro para descansar um pouco ou, pelo menos, deixar os ânimos acalmarem um pouco.

Saltei do táxi pagando o motorista e adentrando o espaço que estava aberto para visitas. Me entregaram um véu para colocar na cabeça enquanto adentrava o espaço. Precisei entrar descalça como era pedido e caminhei a ermo dentro da mesquita até encontrar um canto afastado, no qual cai em lágrimas.

Elas se avolumavam no meu peito. Ele parecia outro. O que havia acontecido com Hamzaf? De repente, fiquei a pensar se ele não interpretou errado quando pedi para tirar foto. De alguma forma achando que eu encarava nosso encontro como uma novela romântica na qual inevitavelmente sairíamos enamorados um do outro. E a certeza de que ele tinha medo de que eu pensasse qualquer coisa do tipo pelo simples fato de não ser a realidade e ele não querer o fardo de ter causado tamanho estrago em alguém.

No entanto, ainda que isso fizesse sentido, havia alguns pontos não solucionados e havia também a forma como ele havia falado comigo. Mesmo pensando em não iludir ninguém, haveria formas dele dizer isso sem machucar a outra pessoa. Havia formas de dizer o que se passava dentro de si sem magoar o outro.

E ainda havia o fato de ele falar que havia me escolhido como um desafio o qual ele queria solucionar. Essa era a pior parte de todas.

Não, ainda havia a segunda pior parte, ele achar que eu trairia ele com alguém, ainda mais com o idiota do irmão dele.

Tudo machucava porque ele achava piamente que era um negócio. Ele me tinha como uma esposa de mentira, eu ganhava dinheiro. Não que não fosse assim, era assim, essa era a realidade, mas isso não queria dizer que ele tinha o direito de interferir na forma como eu era, ou melhor, na minha impulsividade, nos meus pensamentos, qualquer coisa assim. Ele tinha tido a possibilidade de escolher. Ninguém o pediu para escolher a rebelde que não estava nem aí com convenções de submissão.

Mas ele havia me escolhido. E com o propósito de me mudar. Porque?

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