O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 25

As vezes o sono pode ser um momento reparador com o qual podemos contar depois de um dia atarefado e cheio de problemas. Em outros momentos, no entanto, ele se mostrava extremamente sufocante, principalmente quando era permeado de pesadelos que nada de bom me traziam.

O sonho era estranho e a bem verdade não me lembrava como ele poderia ter começado tão sem pé nem cabeça, mas ali estava eu acreditando piamente que alguma coisa estava correndo atrás de mim e que eu precisava correr e fugir, muito embora não fizesse a mínima ideia do que eu fugia ou porque fugia. Simplesmente só sabia que tinha que fugir.

Minhas pernas ardiam e em algum momento do sonho eu tive a certeza plena de que o meu momento de ser pega estava chegando e que eu teria que parar de correr, ao menos para encarar olho a olho quem me perseguia. No entanto, foi aí que o sonho começou a ficar bizarro, porque eu percebia que estava correndo de mim mesma e quem, na verdade, queria me matar, era eu mesma.

A despeito de qualquer psicologia que pudesse estar envolvida com isso, fiquei olhando a minha imagem que se aproximava de mim com certo pânico.

A Pâmela da minha frente parecia possuir algum segredo com o qual eu não estava a fim de lidar naquele momento. E ela sabia disso, sorrindo, saboreando os segundos finais antes de me matar, esperando o momento certo para me contar o que eu não estava muito a fim de descobrir. Engoli em seco.

― Você quer ouvir um segredo, Pam? ― Neguei com a cabeça, ainda que soubesse inconscientemente que isso não me livraria de qualquer coisa que ela quisesse me contar.

― Você não consegue admitir a si mesma que se importa com o que Hamzaf vai achar de você. É orgulhosa demais para admitir que ele mexe com você.

― Mas eu já admito isso para mim. ― Ralhei contra minha própria figura sem saber onde ela queria chegar.

― Não que mexe com você desse jeito, mas daquele também. ― Franzi o cenho sem entender, mas a minha imagem, perspicaz, sorriu languidamente.

― Ele te faz erguer muros para que não encontre seu verdadeiro eu. ― Arregalei os olhos. Agora eu sabia sobre o que aquela Pâmela ia falar e não estava nada inclinada em ouvir.

― O eu frágil que você é. O eu que ele acusou que não queria despertar em você. Tarde demais, Pâmela. Você só se faz de forte, mas, no fundo, você sabe que não é nada disso.

― Não! ― Gritei. Eu desejava não ouvir eu mesma falando aquilo, por mais impossível que parecesse naquele momento.

― Você é apenas uma menina patética que ainda acredita em romances, Pâmela. Mas deixa eu te falar uma coisa. ― Tapei os ouvidos enquanto minha eu na minha frente estendia o dedo me chamando para se aproximar dela. O pior foi descobrir que mesmo tendo tapado meus ouvidos, eu ainda assim conseguia ouvir eu mesma na minha própria mente. Um pesadelo sem fim.

― A vida nunca foi e nunca vai ser um romance para você. Na verdade, aceite uma verdade, Hamzaf preferirá ter Grace como fiel esposa e você apenas para brincar um pouquinho de cão e gato. Você será apenas um jogo passageiro. E deixa eu te perguntar, tente adivinhar, quem será o gato nessa situação toda? ― Minha eu maligna riu da minha cara, para fazer doer ainda mais tudo o que ela me dizia assim na cara. ― Sim, Pam. Você é o gato que no fim será machucado pelo cão. É isso o que acontece em quem acredita no amor. É somente isso que recebe. ― E por alguma razão, foi só nesse momento que percebi que estava chorando copiosamente tentando aguentar as verdades que eu mesma jogava na minha própria cara, para variar. Eu mesma sendo dura com eu mesma. Como sempre.

― Pam? ― Ouvi enquanto alguém me puxava gentilmente pelo ombro para que eu acordasse.

Demorei a voltar para a terra tentando sintonizar onde eu estava e como havia aparecido ali. Meu coração ainda batia forte no peito, a despeito de tantas verdades, mas também porque o cheiro de Hamzaf foi rapidamente conhecido, muito antes de minha visão focalizar o seu rosto. Precisei de muita força para abrir os olhos e encarar Hamzaf me encarando, preocupado.

Demorei mais tempo ainda para perceber que alguma coisa havia acontecido.

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