O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 43

Grace sabia a hora de fazer um estardalhaço.

O restaurante estava funcionando agradavelmente, felizmente não tinha muitos clientes no período da manhã e Ham e eu tínhamos deixado na mão de Rashid enquanto tínhamos saído para caminhar um pouco e ele tinha ido ao encontro de um investigador.

Eu nem sabia que esse tipo de profissão existia.

Mas ali no mundo árabe existia bastante. Na maioria das vezes, eles eram usados na tentativa de achar uma pobre coitada vítima de um casamento arranjado que ainda existia e que por fugir, era procurada tanto pelos pais como pelos pais dos noivos. A maioria dos investigadores tinha que lidar com esse tipo de trabalho. Mas não eram só essas as situações. As vezes alguém era raptado, outras vezes perseguido, e, na nossa situação, jurado de vingança em nome de outra pessoa.

― Volte mais tarde para buscar o celular. Vou tentar conseguir o máximo de informações que eu puder e vamos achar o esconderijo. ― Disse o investigador, um homem na casa dos cinquenta anos, com uma larga pança escondida por uma túnica branca. Assentimos.

Não esperávamos encontrar Grace na frente do restaurante fazendo uma balburdia gigantesca. Arregalei os olhos ao ver uma massa de fotógrafos, jornalistas, alguns da espécie de reality show que passávamos, outros que pareciam moscas ávidas pelas palavras duras que Grace soltava aos quatro ventos fazendo a imagem de Ham não ficar somente ruim, mas péssima.

Ham pedira para que eu nunca fizesse com que o nome dele e por tabela o nome do restaurante dele fossem afetados. Tinha a leve impressão de que ele não havia feito o mesmo pedido carinhoso para Grace.

― Ele… Ele me usou! Sabia que eu era uma jovem inocente, donzela ainda! Eu só tenho dezoito anos! ― Ela bradou entre lágrimas. E estava ali, claro, mais uma diferença gigantesca entre eu e Grace: Ela era uma ótima atriz. Melhor, ela era uma ótima mentirosa. Dava banho em vários artistas do meu país.

Olhei Ham percebendo que a pele do seu pescoço e do seu rosto estavam ficando levemente avermelhados, não sabia se era de raiva, ódio ou uma mistura dos dois. Engoli em seco enquanto o via dando passos longos na direção dos repórteres e de Grace e decidi correr até ele, porque sabia que alguém precisava segurar aquele homem antes que ele rebocasse todo mundo da frente do restaurante dele!

― Ele disse que íamos nos casar, não havia problema fazer antes se eu seria dele. Eu ainda perguntei se a religião dele não desaprovava isso, mas ele me disse tantas palavras lindas, tantos eu te amo que eu acreditei e eu… ― E lá estava Grace chorando novamente. Sério, ela merecia um oscar por atuação.

Aproveitei para dar uma rápida olhada na mulher. Ela estava com os cabelos ruivos presos num coque mal feito e a maquiagem estava borrada das lágrimas de propósito, porque se eu não me enganava, ela tinha muitas maquiagens a prova d’água. Ela tinha me falado alguma coisa assim. O nariz dela estava vermelho como o de Rudolf e ela abria a boca mesmo. Usava uma blusa branca e um conjuntinho amarelo com preto social de saia e casaco que a deixavam com ar de madame. Estava segurando uma escandalosa mala vermelha próximo dela e assentia veementemente enquanto continuava falando:

― E eu até achei que seria mesmo… Mas então… Então ele me expulsou de casa por que ela disse que só faria sexo com ele se eu não estivesse mais lá. ― Uou. Grace apontou para mim e me fazendo de desentendida, como se não fosse eu, já que havia outras mulheres acompanhando tudo aquilo comigo, fingi olhar para trás junto com outras mulheres procurando a maluca da qual Grace falava. Por que não era eu não! Não mesmo!

As mulheres ao meu redor também olhavam confusas procurando pela dita cuja que Grace falava e eu não conseguia deixar de agradecer aos céus por ter ido me encontrar com o investigador junto de Ham usando um hijab discreto, preto.

― De quem ela está falando? ― Me perguntou uma mulher. Abri meu maior sorriso amarelo. Poderia até mentir mal, mas continuaria o fazendo para salvar minha pele.

― Não faço ideia. ― A mulher franziu o cenho. As outras mulheres continuaram procurando a dita cuja, até que uma estrangeira acabou servindo de bode expiatório por conta das roupas que ela usava que foram vistas pelas outras mulheres como indício de que era uma invejosa mesmo, vai saber.

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