O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 45

Os dias que se seguem são um verdadeiro inferno.

Grace faz com que metade das minhas coisas sumam e a outra metade siga em direção a um canto remoto do apartamento a pretexto de que o cheiro delas estava fazendo o bebê dela passar mal e ela enjoar bastante.

Minha vontade era de falar que ele não estava era aguentando mesmo a mãe terrível que ele descobrira ter e estava querendo era abandonar o bote mesmo antes que fosse tarde demais. No entanto, não falei isso. Não porque não quisesse, mas pelo segundo motivo pelo qual os dias seguiam como um inferno.

A pretexto de ser uma gravidez de risco, o que ela espalhava para os quatro cantos do universo, ela dizia que não podia fazer nada, mas nada mesmo, me colocando para fazer literalmente tudo naquele apartamento. De certa forma, isso ajudou que a mídia redimisse comigo, falando algo como “estava pagando com o próprio suor do corpo”, o que fazia com que o povo começasse a me aceitar como uma segunda esposa que a mando da primeira, poderia ser basicamente uma escrava e que estava de bom grado para todos isso.

Não era algo bom, mas me permitiu que depois de uma semana infernal, eu conseguisse poder sair daquele apartamento sufocante.

Nesse tempo, poucas notícias tive do meu irmão, o que era realmente angustiante. O pouco que sabia era que ele estava bem, sob os cuidados de Jason. No entanto, também não saberia dizer o que era estar bem, sob os cuidados de Jason, para Grace. Se isso era algo bom ou ruim. Só de pensar nisso, minha espinha gelava.

Meu irmão podia ser o maior idiota do mundo, aquele que as vezes eu só queria ficar longe por não aguentar as babaquices dele, mas continuava sendo meu irmão. Continuava sendo sangue do meu sangue. Continuava sendo alguém que eu queria bem e por isso o enchia de tabefes.

Agora, o clima só estava pesado, carregado de uma atmosfera negra e volumosa, onde a minha única preocupação era de que o tempo passasse rápido e eu pudesse me ver livre de todo o inferno que Grace estava causando.

Nesse período, o desgaste que eu sentia era máximo. Ainda mais, quando Grace começou a querer que eu aparecesse nas gravações e simplesmente não me avisava que isso ia acontecer. Quando percebia, estava com uma calça jeans e uma camisa de meia manga furreca que usava para limpar a casa, o cabelo preso num coque de qualquer jeito, enquanto tinha que fingir que tudo estava bem, fazendo parte de uma maldita filmagem sem nexo, só para satisfazer o prazer desumano de Grace.

Ela por alguma razão me odiava.

Ainda não entendia qual era o problema que eu representava para a vida dela e, as vezes, me pegava pensando se ela, na verdade, não queria ter Jason e Ham só para ela, mesmo que, como ela disse, ela não gostasse ou sentisse atração por Ham. Somente pela sensação de ter alguém nas mãos. Nunca teria minha resposta. Isso por minha culpa mesmo. Eu estava me recusando a falar com Grace por medo mesmo de estourar e matar a mulher e a pobre criança que não tinha culpa da mãe babaca que ela tinha.

― Então, Pam, nos diga uma coisa… ― A mídia chamou minha atenção, eu que já voava novamente naquela entrevista fajuta.

― A Grace disse que a relação de vocês melhorou bastante, que você inclusive pediu perdão para ela. Nas palavras de Grace, porque mulheres tem que se apoiar e não lutarem umas contra as outras. Você realmente se sente arrependida pelo que fez a Grace?

― Sim. ― Não. Pensei, obviamente.

― Então a relação de vocês melhorou mesmo?

― Sim. ― Se você considera querer quebrar o pescoço dela como melhor.

― E quais são os seus planos para o futuro?

― Não sei. ― Mentira, vou matar Grace e Jason assim que puder.

― Vai acompanhar o bebê de Grace e ficar grávida também?

― O que!? ― Arregalei os olhos. Por que diabos toda hora falavam de bebês? Eu não queria ficar grávida. Não tão rápido assim. Gente, eu ainda nem tinha terminado a minha faculdade. Será que o povo poderia ser menos precoce?

― O que ela quer dizer é que ela prefere esperar. Por que se não for um menino, ela vai esperar que eu fique grávida de novo e dê um menino de verdade para o meu marido, não é mesmo Pam?

― Sinta-se à vontade. ― Não consegui deixar de despejar ironia e se Grace percebeu, nada falou.

Mas esses não foram os únicos momentos de agonia que passei na presença de Grace. Por alguma razão, Grace era uma maluca que gostava de jogos que mais pareciam bullying, como quando ela simplesmente abriu a porta do banheiro e arregalou os olhos gritando:

― Ta pegando fogo! ― Eu tinha me esquecido da atuação digna de oscar daquela mulher, por isso nem sequer pensei que ela estivesse brincando com a minha cara. Me enrolei na toalha e sai correndo. Só percebi a brincadeira de mal gosto quando a porta se fechou assim que passei e ela passou o tranco na porta me deixando, sem motivo algum, enrolada numa toalha de fora do apartamento de Ham.

― Ai, como você é tonta, Pamy!― E ela literalmente gargalhava do outro lado da porta como se ela não fosse uma perigosa psicopata convivendo comigo!

Arqueei a sobrancelha e até tentei voltar para dentro de novo, mas, não obtive êxito. Estapeei a porta com veemência, mas nada dela abrir. Então, fiz a segunda coisa mais absurda que poderia fazer naquele momento: Subi até o apartamento de Rashid.

Por graças ao bom Deus, ele estava trabalhando no restaurante e por outra benevolência de Deus, ele deixava a porta do apartamento dele aberta.

Provavelmente, porque as pessoas não costumavam parar por ali. Como fosse, dei uma vasculhada rápida na casa e procurei por uma roupa decente, mesmo que Ham fosse me matar por estar vestindo uma roupa do irmão dele. Se servisse de consolo para ele, eu também me mataria se fosse possível. Claro, depois de matar Grace por ter me feito passar por algo tão descabido como isso.

O apartamento de Rashid parecia uma cópia mais estranha do apartamento de Ham. Mais estranha, porque onde Ham deixava o piano dele, Rashid tinha uma verdadeira academia montada, com todos os tipos de instrumentos montados e até mesmo um tatame numa parte. Balancei a cabeça e voltei para o meu foco de antes indo em busca de algo para me vestir.

Encontrei uma blusa e uma calça de moletom numa gaveta e me contentei com essa roupa para esquentar o meu corpo enquanto eu era obrigada a me manter do lado de fora do apartamento. Muito embora, já vestida, eu tivesse tido uma ideia melhor.

Uma ideia que faria Ham me matar, mas já estava feito.

A falta de pensamentos coerentes já existia, mas tinha ficado pior por conta de Grace ter me trancado para fora, com fome, do apartamento que nem era dela! Em passos furiosos, avancei pelo restaurante com, claro, milhares de olhos grudados nas minhas costas até avançar para a cozinha de Ham. Ele não ia poder me xingar. Já não estava de short.

― O que você está fazendo aqui? ― Perguntou Ham deixando a frigideira no fogão e vindo na minha direção. Felizmente, um funcionário foi atrás de salvar a carne abandonada pelo seu dono.

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