O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 46

Coloquei uma roupa rápido e fui junto com Hamzaf, Rashid e Grace receber meus futuros sogros. A minha surpresa foi tamanha ao ver a mão de Khadija voar com tudo no rosto de Ham e deixar um tapa bem vermelho e estalado. Arregalei os olhos tomada de susto.

― Como você pode? Pâmela era perfeita! Uma mulher ideal de nora que eu queria ter! Como você pode traí-la? ― Uou. Ter a sua sogra do seu lado não era para qualquer um não. Por isso, fiquei de cara vendo o rosto de Grace avermelhar-se enquanto ela fingia que nada disso a atingia e tentava ser simpática com Khadija.

― Oi. Eu sou Grace. Estou grávida do seu filho. ― A voz dela parecia a mesma voz meiga na qual eu caíra nas primeiras semanas por ali. Agora, aquela voz não me enganava mais.

― Eu sei. ― Me surpreendi com o tom de descaso da minha sogra. ― É um prazer conhecê-la, mas porque você não foi nos ver quando eles visitaram nosso lar? ― Inquiriu a senhora que encarou Grace o suficiente para deixar a jovem desconfortada enquanto Khadija analisava toda a fisionomia dela.7

― Eu tive uns contratempos… ― Tentou Grace para não dizer que não estava presente nesse lar naquela época.

― Estava com medo do que diríamos por ser tão depravada ao ponto de se deixar levar para a cama? ― Uou. Novamente, mais choque. Não só meu. Grace também ficou chocada com as palavras do meu sogro. Pois bem, eu lembrava o como ele era intransigente. Só não sabia que ele conseguia ser muito intransigente.

― Pâmela! ― Gritou o senhor me vendo parada desconcertada. ― Você não está grávida também fazendo essa pouca vergonha, não é mesmo? ― Arregalei os olhos tomada de pavor. Só de pensar em ter bebês, me embrulhava o estômago.

― Não! ― Gritei fazendo o senhor dar um leve sorriso no canto dos lábios.

― Mesmo sendo meia cristã, ainda prefiro você que não se corrompeu. Agora você, minha jovem, estou desapontado. ― Ralhou com Grace que com o rosto da mesma cor do cabelo tentou mudar de assunto.

― Nós vamos nos casar antes da criança nascer e… vamos amanhã numa loja ver o enxoval e… ― Khadija cortou. Aparentemente, sua atenção com Grace era mínima. Ela estava dirigindo toda sua raiva para Ham.

― Você engravidou essa menina mesmo, Ham?

― Não!

― Sim!

Gritou Ham e Grace ao mesmo tempo. Ambos se olharam e eu os olhei sem saber como resolver aquela situação louca. Ham não queria mentir para a família dele, mas, do jeito que a família dele era, se ele não mentisse, expulsariam Grace naquele momento e por tabela meu irmão ia junto.

― Como assim não, Ham? Como a menina parou grávida então? ― Ralhou o senhor ficando com o rosto vermelho.

― Sei que não quer admitir para os seus velhos as babaquices que você fez e tudo bem Ham. Estou realmente desapontada com você. Você é doze anos mais velho que essa menina! Esperava que você tivesse mais juízo nessa sua cabeça oca! ― A mãe dele também não media esforços para xingá-lo. Quase senti vontade de rir.

― Mas mãe… ― Ham ainda estava tentando justificar suas ações que na verdade eram de Jason, mas Khadija não queria ouvir desculpas.

― Eu espero que você seja homem para assumir e que Deus perdoe você e Grace por terem feito um absurdo desses! ― Continuou Khadija como se estivesse num monólogo. ― Eu vou orar principalmente por Grace… Que nem muçulmana é, não é mesmo, menina?

― Não. ― Respondeu Grace.

― És cristã? ― Foi a vez do meu sogro fazer a mesma pergunta que fez para mim para Grace. Mas, novamente, Grace devia estar abobada com a presença de figuras tão marcantes como os pais de Ham, porque ela simplesmente continuava dando respostas erradas e falando besteiras:

Estávamos agora indo para uma loja de decoração de coisas de bebês. Não que eu quisesse ficar num lugar daquele, ainda mais na presença de tanta gente reunida, mas como tinha sido meio que obrigada, acompanhei todos eles de longe enquanto aproveitava para colocar meus pensamentos em dia.

Estava muito cansada, essa era a verdade. Cansada de toda a situação que Grace havia nos colocado, de todas as emoções que martelavam no meu peito e, pior: Da não certeza de absolutamente nada que viria a acontecer dali para frente. Meu pai. Meu irmão. Meu futuro. Parecia que nada tinha um desfecho muito certo e isso me dava um medo incomum.

Adentramos a loja e fomos recebidos por uma enxurrada de repórteres que tiravam fotos. Como eles haviam aparecido ali era um mistério e tanto para mim. Baixei o rosto tentando passar despercebida, mas Rashid rapidamente se prostrou ao meu lado e terminou com qualquer chance que eu tinha de passar invisível vindo conversar.

― Desculpe se de alguma forma a deixei em maus lençóis. As vezes sou um pouco brincalhão e de certo passei alguns níveis de intimidade desde aquele dia no subsolo. ― Concordei enquanto um mini sorriso se despontava no canto dos meus lábios ao lembrar daquele dia. Meu golpe de Krav Maga, ele caindo no chão. No mínimo, hilário.

― Tudo bem. A única pessoa que precisava pedir desculpas por alguma coisa, está muito bem do jeito que está. ― Apontei com o queixo para a direção de Grace e Rashid olhou na mesma direção.

Grace estava analisando dois berços de madeira para ter certeza de qual seria melhor para o seu filho. Khadija, com cara de poucos amigos, apontava para um deles e dizia que era melhor. O meu sogro, por sua vez, apontava para o preço e balançava a cabeça muitas vezes em negativo, não aprovando mesmo o valor exorbitante. Ham parecia alheio a tudo, olhando para o nada, pensativo.

― Por que você não vai lá e a ajuda a escolher? ― Perguntou um repórter para mim apontando para Grace. Quase sorri. A verdade é que na minha cabeça pensamentos como vou ajudá-la é empurrando a cara dela no berço estavam muito atraentes e eu achava melhor não arriscar. Não no momento.

― Rashid, tem como você ir no carro pegar os remédios do seu pai? Acho que a pressão dele está aumentando. ― Disse Khadija e Rashid se aproximou pegando a chave do carro na mão e saindo em disparada. Agora, era somente eu, ali, sozinha e deslocada.

A família Riaz reunida decidiu ver outras coisas deixando o berço e indo até alguns armários bem brancos. Não os segui. Não queria fazer parte da escolha de coisas de bebês. Na verdade, nem pensava em ter um bebê… Tão cedo. A última coisa com a qual eu queria me preocupar, levando em consideração que eu já tinha meu pai, que era muita coisa, para me preocupar. E agora o meu irmão. Outra coisa para me preocupar que já me tirava boas noites de sono. Uma preocupação e tanto, para falar a verdade.

Já com falta de ar, de todas aquelas mentiras, de todo o jogo e artimanha de Grace, decidi sair da loja de coisas de bebês. Não estava mais com cabeça, precisava respirar ar puro. Sai em direção a rua e respirei longamente enquanto aproveitava para olhar as pessoas andando calmamente, despreocupadamente, como se não estivessem prestes a ter um irmão sequestrado e a vida virada de cabeça para baixo. Por que, provavelmente, esse não era o caso deles. Eles não estavam na mesma situação que a minha. Tendo que viver um dia de cada vez e esperando que nada de ruim acontecesse com seus irmãos.

― Pâmela? ― Ouvi e congelei no lugar. Aquela voz era reconhecida por mim.