O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 47

― Não acredito! É você mesmo? ― Ouvi a voz reconhecida dizer depois de dar uma longa risada. O que ele estava fazendo ali? Olhei para os lados assustada.

― É… Thiago? O que você está fazendo aqui? ― Depois que perguntei, percebi a besteira que tinha feito com a pergunta sem nexo. É óbvio que ele não me devia explicações do que fazia em Dubai, da mesma forma que eu não devia explicações para ele. Ainda que eu estivesse assustada com a aparição dele.

― Eu? Eu estou a trabalho, Pam! Mas e tu? Meu Deus, você está muito diferente. ― Assenti encabulada ainda olhando para os lados. Os repórteres estavam ocupados lá dentro, mas eu sabia que se me enxergassem conversando com outro homem desconhecido, ainda mais um do meu passado, a minha situação ficaria complicada, complicadíssima.

Precisava agir rápido.

― Eu… Eu estou a trabalho também. ― Menti, ou, pelo menos contei uma meia mentira. Afinal, porque não encarar um possível matrimônio com um trabalho também? Não via porque não.

― É? Nossa, nunca diria… A Sara e o Ale que te trouxeram? ― Era óbvio que Thiago lembraria do meu passado. Olhei para dentro da loja novamente. Estava ficando com medo de ser pega.

― É… Não. É… Vou tomar um suco agora, viu? ― Comecei a andar para distante dele, mas Thiago me alcançou em poucas passadas se prostrando ao meu lado.

― Eu também vou. ― Sorriu. ― Pow, nunca imaginei que encontraria você aqui. ― Assenti. Eu também não. Por isso, não estava meio que preparada para encontrar o meu ex tão perto assim. Engoli em seco.

― É… Está trabalhando com o que, Thiago?

― Ramo de Engenharia. Entrei na equipe de um engenheiro civil muito talentoso. ― Balancei a cabeça negativamente tentando não pensar em como Dubai havia voltado a me dar azar. Por alguns segundos rezei para que Deus não estivesse zoando com a minha cara novamente.

― É? E qual o nome dele? ― Por favor, nada de Khaled, por favor, nada de Khaled.

― Khaled Riaz.

― Rá Rá! ― Gargalhei entrando na primeira rede de fast food que encontrei. Thiago franziu o cenho sem entender e pior, se aproximando de mim como se eu tivesse dado campo aberto para isso. Obrigada, Dubai, você consegue sempre ferrar com minha vida quando quer.

― Tu conhece? ― Ele sorriu e eu me virei para o atendente pedindo um suco de qualquer coisa que ele tivesse. Sentei-me numa mesa qualquer e Thiago me acompanhou.

― Digamos que sim. ― Disse evasiva. Thiago sorriu.

― Você está muito bonita, se me permite o elogio. É um alívio encontrar uma brasileira aqui. ― Ele piscou. Me concentrei no meu suco que chegara. Thiago piscando! Ele era realmente um idiota sem nexo.

Thiago queria um relacionamento sério quando eu disse que não queria. E quando deixei isso bem claro depois de transarmos, ele simplesmente evaporou da face da Terra. Mas tudo bem, porque ele sabia que eu não queria nada sério e talvez fosse melhor para ele conseguir alguém para a vida dele. Ainda assim, eu não sabia como ele reagiria se soubesse que agora eu estava comprometida com um cara, ainda mais para ajudar papai.

Acho que era melhor não falar nada. Do jeito que Dubai estava me dando sorte, era capaz de aquele homem acabar chorando por conta disso.

― E você ainda continua com aquela de sem relacionamentos sérios? ― O papo era no mínimo incomodante. Suspirei. Porque Thiago tinha que ser tão na lata?

― Eu… É uma longa história, Thiago. ― Ele deu de ombros.

― Posso ouvir. Sabe que me interesso por ti, garota. Lembra do nosso trato? Se até os cinquenta tu não se casasse, eu estaria aqui para isso. ― Ele piscou.

― Thiago, eu te disse para casar com…

― Eu sei, eu sei. ― Ele bufou. ― Estou sendo precipitado e muito rápido. É que… Vou contar minha história, tá? Já faz o que? Uns dez meses que a gente não está junto? ― Assenti e ele bebericou um pouco do próprio suco para falar.

A minha cabeça estava num alerta incessante. Eu sabia que ia ficar mal para o meu lado se me encontrassem conversando com meu ex. E nem conseguia imaginar como Ham agiria se visse isso. Já estava recheada de problemas. No entanto, pelo passado que tive com Thiago, ele merecia minimamente cinco minutos do meu tempo ao menos para falar como andava a sua vida e me deixar em paz. Aparentemente, era de suma importância para ele falar da vida dele para mim. É, eu podia fazer isso.

― Depois que a gente transou, uma semana depois eu recebi uma proposta pela empresa de trabalhar num projeto temporário em Dubai. Com o Khaled. Arrumei minhas coisas tudo correndo, sai correndo e vim para cá. No começo, foi bem barra pesada, não conhecia nada daqui e confesso que até tentei aproveitar a vida aqui, mas as garotas daqui que se divertem são mulheres do mundo… Compreende? ― Thiago piscou como se isso fosse me fazer entender. ― As que querem se casar estão todas protegidas em suas casas e aí fica difícil de conhecer. Então meio que desisti e insisti no meu trabalho para dar o meu melhor. E fui fazendo isso. Quase me casei nesse meio tempo, mas a família deu para trás porque eu não era muçulmano. ― Thiago bufou. ― E aqui estou eu. Ainda bem que não me casei. Se soubesse que você ia vir para Dubai… Uau. O nosso passado sempre arruma uma maneira de nos encontrar, não é mesmo?

Eu que diria. Thiago já tinha sido excluído da minha vida, seu whatsaap, suas fotos, tudo. Na verdade, tinha até ficado feliz que ele tivesse sumido, mesmo que na pior das situações, me deixando insegura, logo depois de um maldito de um primeiro sexo, ainda bêbada! Mas tudo bem… Porque então agora Dubai fazia questão de mexer na minha vida como se estivesse tacando um pau num ninho de formigueiro só para ver o show de milhões de formigas idiotas aparecendo e estragando tudo ao redor? Porque era exatamente como eu sentia que Dubai estava fazendo com minha vida.

― Estava indo em direção ao shopping. Foi uma surpresa encontrá-la aqui. Pow… E tu tá linda, Pam! ― Senti minhas bochechas corarem com o elogio, mas decidi que aquela devia ser minha deixa. Não podia ficar mais. Antes que o pau cutucasse ainda mais o formigueiro ambulante, vulgo minha vida.

― Muito obrigada, Thiago. Mas… Olha. Eu realmente preciso ir embora. Eu… Foi bom te ver, mas tenho que voltar. ― Thiago assentiu se levantando comigo.

― Eu te acompanho. Não é bom as garotas aqui ficarem andando desacompanhadas. ― Bufei. Eu devia ter problema em arrastar homem machista para o meu lado, só podia. Por que era a única explicação para Thiago, Ham, Rashid e companhia não perceberem que eu não queria e não precisava de ajuda para chegar em casa.

― Eu não preciso de ajuda para chegar em lugar nenhum. Você está parecendo o Ham assim… ― Arregalei os olhos ao ver Thiago fechando o cenho diante da minha frase. Argh. Eu era muito burra. Não dei espaço para que Thiago pensasse muito na minha frase e me mandei do fast food o mais rápido que consegui. Precisava voltar para a loja de coisas de bebês. Tinha sido uma péssima ideia dar até mesmo cinco minutos para o idiota do Thiago. Afinal, mesmo que por conta de trabalho! Era errado fazer isso com uma mulher! Transar uma vez com ela e se mandar! Ele por acaso tinha ideia de como isso tinha me causado uma sensação terrível de achar que eu devia ser uma ruim de cama mesmo? Pior, a nossa história já tinha acabado – se é que havia começado – há muito tempo! Agora, Thiago podia simplesmente fingir que não me viu e que não ouviu o nome de Ham na história toda.

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