O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 48

― Não! Ela é minha!

― Eu não sou de ninguém! ― Digo puxando o meu pulso de Thiago ao me levantar, mas cambaleando no processo e sendo amparada por Ham antes de cair tontamente no chão novamente.

― Pela lei, deves casar comigo! Foi comigo com que entrasse em concupiscência da carne. ― Aquela era uma maneira muito elegante de Thiago dizer que eu tinha feito sexo com ele. Suspirei.

― No nosso país, seu idiota, isso não existe!

― Mas aqui existe! ― Ele disse como se fizesse sentido.

― Isso foi antes de estarmos aqui!

― Tente provar. ― Ele diz piscando.

Quase desisto de Thiago e o deixo ali plantado, mas tenho que tirar Ham dessa antes que ele exploda. Ham está com cara de poucos amigos e pela forma como ele me olha, desconfio que tenha entendido tudo errado.

― Quer casar com ele porque ainda não a pedi em casamento? ― Arqueio os lábios surpresa. Como ele consegue fantasiar as ideias assim?

― O cavalo-marinho quando encontra o seu parceiro, tende a ficar com ele pelo resto da vida. ― Tento dar uma bonita declaração de amor para Ham, mas o ódio devia cegar, porque era a única justificativa para Ham entender tudo errado!

― Você está dizendo que agora que encontrou ele, ficará com ele pelo resto da sua vida?

― Não!

― Sim!

Disse ao mesmo tempo que Thiago. Fuzilei-o com o olhar. Era o mínimo por ele estragar a minha vida a nível tão estratosférico.

― Ham, você é com quem quero ficar pelo resto da vida, caramba! Você seu idiota! ― Exasperei. Para minha total surpresa, uma salva de palmas foi seguida da minha frase, com direito a assovios e lágrimas de alguns presentes. Ótimo! Agora eu estava fazendo parte de uma novela de amor das seis!

― Cavalo marinho? Que história de cavalo marinho? Pam, você esqueceu dos nosso beijos picantes? Do sexo? Acho que preciso mostrar novamente.

― E ali começou a loucura novamente. Por que essa era a minha vida. Se não tinha loucura envolvida, não era da vida da Pam que estavam falando.

Thiago me puxou com tudo na direção dele lascando-me um selinho rápido que rapidamente foi quebrado por Ham me puxando na direção das costas dele e dando um soco no rosto de Thiago. A situação tinha a tendência de ficar ainda pior, ainda mais com o meu sogro maluco que talvez por ser ex-militar e tivesse visto muito disso na vida, incentivava que Ham continuasse.

― Mete a porrada nele, meu filho! Vai! Quem rouba o que é nosso, precisa pagar por isso!

― Eu já disse que não sou um objeto para ser roubado! ― Gritei para o meu sogro, mas ele simplesmente me ignorou como se isso não significasse nada para ele. Bem provável que não mesmo.

― Ham! ― Gritou Khadija querendo tomar conta da situação. ― Pare já com isso. ― E finalmente, ao ouvir a mãe, Ham parou a sua tarefa de socar Thiago deixando-o no chão e buscando minha mão tratando de me levar para longe da situação toda. Chocada com tudo, apenas aceitei a mão de Ham enquanto ouvia Grace seguir atrás de nós emburrada dizendo que eu tinha atrapalhado tudo.

― Fique quieta, menina. Já compramos o berço mais caro. ― Disse meu sogro resmungando atrás. Olhei novamente para Ham.

― Você não precisa esmagar minha mão.

― Minha vontade era de te amarrar na cama até arrumar uma data de casamento o mais rápido para nós dois. ― Disse Ham curto e grosso. Arregalei os olhos tomada de surpresa. Ainda assim, o meu eu teimoso continuou querendo falar.

― Antes você precisa casar com Grace, senão meu irmão está ferrado.

― Antes eu preciso arrumar uma maneira de beijá-la sem que minha razão vá para o inferno. Porque esse idiota fica te comendo com o olhar? Só eu posso comê-la com o olhar! Caramba, Pam, você vai me explicar como esse babaca apareceu e decidiu tomá-la para si. E porque diabos você não me disse que queria um anel de noivado antes!

― Mas eu não disse…

― Nada muito importante… ― Ham olhou para Grace deitada tortamente no sofá e suspirou.

― Embora eu não tenha nenhum apreço por ela, minha criação não permite que eu deixe uma mulher grávida dormir tão desconfortavelmente. ― Concordo com a cabeça e Ham rapidamente se move. Depois de alguns segundos, ele a coloca no colo e a leva até a cama dela, voltando dali a pouco quando fecha a porta.

― Está uma delícia. ― Digo apontando para o prato. Ham abre um largo sorriso que me aquece.

― Fico feliz. ― Um silêncio calmante instaura-se ali e é bem vindo.

Depois de um dia cheio de atribulações, onde a única coisa que eu queria era paz, ter esse pedido realizado no fim do dia é uma dádiva que quero aproveitar. É uma calmaria depois da tempestade que passou e de muitas outras que aparentemente virão. Com isso, acabo lembrando de um assunto que muito me incomoda.

― E o meu irmão? Alguma notícia? ― Sussurro com medo de que Grace esteja mentindo e não esteja dormindo é nada. Ham parece entender minha aflição, porque também sussurra se aproximando do meu ouvido:

― Ele ficou de me mandar algum endereço esse fim de semana. ― Assinto. Mais três dias então e provavelmente terei notícias do meu irmão.

Para minha surpresa, Ham mexe distraidamente escolhendo um filme qualquer no netflix. Termino de comer a refeição bem vinda e levo nossos pratos para cozinha. Quando me viro novamente para voltar para a sala, encontro Ham parado no batente da porta da cozinha parecendo levemente tímido.

― Quando eu te chamei de cavalo marinho pela primeira vez, tinha um motivo, ainda que não fosse o fato de… eles terem um parceiro sexual apenas.

― Suas mãos se mexem nervosamente enquanto ele cruza os braços e eu me perco por alguns segundos vendo os músculos peitorais por debaixo da blusa se sobressaltarem um pouco.

― Era porque eles costumam ser comercializados vivos e a maioria está em extinção por sua exoticidade. ― Ham pausa para umedecer os lábios. ― Desde aquele dia percebi que você era uma mulher exótica, Pam. E percebi o meu erro em querer fazer com você o que a maioria dos compradores fazem quando os tem… ― Arqueei a sobrancelha. A verdade é que o papo de cavalo-marinho sempre me deixava confusa.

― Eu queria mantê-la comigo simplesmente para fins decorativos. Para mostrar a espécie rara que eu adquirira como esposa, para admirá-la enquanto a via dentro de um aquário… sofrendo. Eu percebi isso enquanto cozinhava antes de subir. ― Ham pausa para olhar para os lados como se procurasse refúgio ou quem sabe melhores palavras. ― Cavalos marinhos são mais vulneráveis a pesca predatória e eu quis salvá-la de um monte de homens que poderiam enxergá-la… Atitude mesquinha, eu sei. Mas no fim… Bem… No fim talvez eu tenha sido uma Esponja do mar, de fato. Servindo de casa, apenas para admirá-la, enquanto me perdia em seus atributos. Decidi deixá-la livre, a seguir a correnteza, mas continuava perdido em você… Só decidi não mantê-la mais num aquário presa, por mais difícil que fosse para mim. Se isso a fizesse livre… Se isso fizesse você se lembrar de mim… ― Ham parecia perdido nas suas divagações, querendo falar algo, mas não chegando em lugar nenhum. Quando percebi, já tinha falado:

― Eu acho que estou apaixonada por você, Ham. ― E cada palavra saindo foi como se parte do meu coração saísse junto e esperasse que fosse amparado antes de ser abandonado. Esperando que Ham capturasse partes de mim e prendesse com ele, porque eu estava realmente vulnerável demais falando isso, vulnerável demais amando alguém pela primeira vez.

Minhas palavras pegaram Ham de surpresa que depois de alguns segundos de delay veio em passos rápidos na minha direção. Tentei dar uma última respirada mais forte antes que os lábios de Ham, afobados, engolissem os meus. E então, eu cedi. Sorri satisfeita em ver que ele havia amparado meu coração entre suas mãos e fechei os olhos aceitando de bom grado o beijo e torcendo para que aquele momento durasse eternamente.