O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 8

Resumo de Capítulo 8: O Acordo Perfeito(Completo)

Resumo do capítulo Capítulo 8 de O Acordo Perfeito(Completo)

Neste capítulo de destaque do romance Romance O Acordo Perfeito(Completo), Diana apresenta novos desafios, emoções intensas e avanços na história que prendem o leitor do início ao fim.

― Você não pode estar falando sério. ― Ainda estou de boca aberta, sem acreditar que Ham esteja agindo de maneira tão infantil. Ou talvez eu o subestimei demais, achando que ele era de uma forma que ele não era.

― Estou falando sério sim. Vai ficar no apartamento arrumando a bagunça que você fez enquanto o primeiro encontro filmado será só eu e Grace. Espero que aproveite o seu castigo. ― Ele deu um leve sorriso de lado.

― Eu não sou criança!

― Mas as vezes teima em agir como uma. ― Ele disse na ponta da língua. Revirei os olhos. Não ia ser fácil conversar com Hamzaf, não quando ele já tinha as palavras certas para retrucar.

Fui obrigada a ficar sozinha no apartamento silencioso. Num primeiro momento, tomada de raiva, fiquei de frente a TV assistindo irmãos à obra, mas como, com o tempo, a raiva deu lugar ao tédio, acabei me vendo, de fato, arrumando o apartamento, ao menos o suficiente para que eu conseguisse morar no local pelos próximos dias.

Limpei a cozinha, descobri onde ficavam as poucas coisas conhecidas que eu poderia cozinhar, limpei o quarto e até arrumei minhas poucas roupas numa gaveta. Com facilidade saí de casa para fazer algumas compras para aquele apartamento vazio. Começaria por um pacote de milho, obviamente e, quem sabe, algum doce.

O mercado mais próximo mais parecia um castelo do que um mercado. Os preços também não era os mais baratos, mas, acredito eu, tudo naquela cidade devia cheirar a caro mesmo. Quanto mais eu olhava para o lado, mais gente rica por metro quadrado eu enxergava. E nem precisava de muito. As mulheres ali faziam questão de andarem com coisas carregadas de ouro e os homens com uns relógios gigantescos que eu não duvidava serem da rolex.

Quando voltei para a casa já estava morta fisicamente, o que me fazia estar, por tabela, preparada psicologicamente para lidar com a minha mãe. Aproveitaria aquele momento onde Ham não estava presente para que a humilhação dos gritos da minha mãe não chegassem no ouvido dele. Ainda, pelo menos. Eventualmente, eu sabia que uma hora ia chegar.

A chamada por vídeo não demorou para ser atendida o que não me deixou nem me preparar direito para o que esperar. E eu devia ter me preparado, disse para mim mesma. Do outro lado da câmera estava presente minha mãe, mas ela não estava sozinha. Não mesmo. Minhas tias, Tia Gil e Tia Jane estavam ali presentes também.

― Pam! ― Gritou mamãe com a intenção clara de explodir meus tímpanos. Fiz meu melhor sorriso de espantalho – parado, mas assustador – e tentei corresponder ao grito com algo mais normal:

― Oi! ― Disse. Minha mãe ignorou meu Oi educado.

― Como está aí, Pam? E aí? Você foi escolhida ou está no hotel ainda? Conta logo, desembucha! ― Minha mãe levou a mão até a boca, um velho hábito que eu também tinha em comum. A diferença é que minha mãe olhava para as suas unhas pintadas de rosa e acabava deixando de lado a vontade arrasadora de roer as unhas quando ansiosa. Eu já não conseguia ter tanto sucesso assim.

― É… ― Tentei, mas Tia Gil me interrompeu.

― Ele é bonito? Na internet ele parece um charme de homem. Ah, se eu fosse novinha como você… ― Minhas tias e suas ótimas capacidades de me deixarem nada a vontade nas conversas. Fingi que não ouvi.

― Então mãe, como eu ia dizendo… ― Mas dessa vez foi a tia Jane que me interrompeu.

― Sua mãe disse que você ia ser escolhida porque ela sonhou que um homem perguntava se a filha dela já tinha tido um namorado antes e quando ela respondeu que não, ele disse que era abençoada de Alá. ― Disse Tia Jane, a fofoqueira do grupo, falando antes mesmo de minha mãe contar que história maluca de sonho era aquela. Arqueei uma sobrancelha.

― Alá? Mãe, há quanto tempo você anda na internet pesquisando sobre o islamismo? ― Perguntei só por desencargo de consciência, porque eu sabia que não ia adiantar o que eu falasse, minha mãe ia continuar fazendo o que quer que estivesse fazendo.

― Não muito. ― Ela deu de ombros. ― Mas eu acho que o anjo Gabriel que estava falando comigo, igual ele falou com o profe… ― Olhei para os dois lados procurando alguma câmera ou qualquer coisa ou pessoa que pudesse estar ouvindo o que mamãe falava. Por um segundo, senti todo o meu sangue gelar e a cor do meu rosto sair enquanto imaginava como os muçulmanos ficariam profundamente ofendidos com mamãe por ela achar que só porque Mohammed ouviu o anjo Gabriel, ela também poderia muito bem ter ouvido.

Eu não queria nem imaginar o que os muçulmanos mais radicais poderiam fazer com o meu corpo se ouvissem isso. Ainda bem que eles não entendiam português. Eu acho.

― Mãe, para com essas ideias de gerico. Esquece isso. Apaga da mente. Nenhum anjo falou com você. ― Disse baixinho. Não queria cogitar a ideia de que poderiam me ouvir. ― Eu consegui. Era isso que você queria ouvir? Agora muda o foco da questão. Nada de sonhos. ― Engoli em seco me certificando novamente. Nada, estava sozinha naquele apartamento. Menos mal.

― Eu sabia! ― Minha mãe gritou novamente, só que então ela foi acompanhada pelas minhas tias que começaram a comemorar com ela também, gritando juntas, pulando juntas, numa alegria sem fim.

― Ér… Mas mãe… Eu não fui a única… ― Tentei argumentar, mas minha mãe não estava nem aí.

― Eu sabia! Você é uma filha muito boa! Ele certamente percebeu que você é uma menina calma, que não daria trabalho para ele, respeitaria as decisões dele… ― Minha mãe começou a enumerar um monte de características que ela achava que combinavam comigo, o que só foi me fazendo querer me esconder ali mesmo naquela ligação. Tinha coisa que minha mãe falava que, de longe, de nada pareciam comigo e eu acho que mamãe já me confundia com alguém. Outras, eu admitia que pareciam comigo mesma, mas o cerne da questão não era essa.

Como minha mãe ficaria se descobrisse que foi justamente eu ter agido ao contrário de tudo o que me representava que havia feito com que Ham me escolhesse?

Se nem eu estava conseguindo acreditar nisso, duvidava de que ela acreditasse em mim. Sorri amarelo. Era cada sorte e azar com o qual eu convivia que eu nem sabia dizer mais nada…

― E como são as outras que foram escolhidas? ― Perguntou tia Gil. Tia Jane já estava no celular procurando alguma fofoca que pudesse compartilhar conosco, provavelmente usando o google tradutor para entender sobre o que falavam de nós. Decidi responder tia Gil enquanto Tia Jane não fazia alguma pergunta capciosa.

― Só mais uma que foi escolhida comigo. ― Umedeci os lábios. ― O nome dela é Grace e ela é americana. ― Tia Gil parecia amadurecer as palavras.

― Ela é bonita também, olha. ― Disse Tia Jane mostrando a foto para Tia Gil. De repente, me lembrar do almoço, me fez me lembrar de algo muito importante e eu sabia que precisava chamar a atenção delas antes que elas vissem as fotos… as fotos que eu havia tirado na presença de Ham. A única que ele tinha abraçado pela cintura. Acho que não ficaria bom para mim. Já até imaginava como mamãe ia agir retirando tudo o que disse.

― E o papai? E o Nícolas? ― Disse chamando a atenção delas para falar de papai e do meu irmão. Pareceu dar certo.

― Seu pai está fazendo um tratamento novo receitado pelo médico. Disse que depois desse tratamento, ele não terá mais riscos de internação e poderá fazer o controle em casa. Mas, enquanto o SUS deixa o seu pai na fila, você já sabe… Estamos tendo que arcar com os custos. Mais de 8 mil por semana, Pam. ― Disse mamãe suspirando. Os olhos dela rapidamente encheram-se de lágrimas, mas ela tratou de espantá-las. Mamãe não choraria assim na minha frente.

O engraçado era que mesmo diante dos intempéries com papai, eu não tinha nenhuma dúvida de que mamãe o amava. Ela sempre daria um jeito, ainda que, para isso, ela precisasse ser cara de pau:

― Eu preciso ir. Vou ver como seu pai está. Até mais. ― E ela desligou antes que eu dissesse que gostaria de ver o pai por filmagem.

Encarei o meu celular por alguns segundos enquanto imaginava o rosto do papai se iluminando ao me ver. Ele ficaria tão orgulhoso de mim, ou talvez não se descobrisse que eu estava fazendo isso unicamente para salvar a vida dele.

Ao menos eu tinha me livrado da reação de mamãe quando ela visse as fotos de eu com Hamzaf. Balancei a cabeça. Argh. Não queria nem pensar nisso.

*

Grace e Ham demoraram a chegar o que me deu longas horas pensando sobre o que eles deveriam fazer na rua.

Quando chegaram, Hamzaf já estava atrasado para o próprio horário que ele dizia que precisava ficar no restaurante. Já passava das sete da noite e ele costumava trabalhar até pouco mais da meia noite. Observei como ele seguia, com a mesma roupa do passeio, para o andar debaixo, com o intuito de dar gerência ao restaurante dele.

― Pamyyyyyy! ― Gritou Grace fazendo jus aos meus ouvidos já destruídos pela minha mãe. Ela provavelmente havia aprendido tal coisa com mamãe, só pode.

Grace era uma coisa fofa que dava vontade de apertar as bochechas. Parecia uma bonequinha da qual não dava para sentir raiva, por mais que eu quisesse, já que o primeiro passeio de Ham havia sido só com ela. Mas eu bem sabia também que a culpa não era dela. A culpa era minha de ter brigado com Ham de noite.

Era por isso que até aquele momento eu não tinha deixado minhas meias jogadas displicentes pelo chão.

― Pamy! O Sr. Hamzaf é tão românticooooo… ― Ela disse mais parecendo uma jovem de quinze anos do que uma mulher de vinte um. Eu ainda achava estranho essa mania dela de chamar o Hamzaf de senhor Hamzaf quando eu já havia abolido qualquer cortesia e pouco me importava para o que ele ia achar, o chamando apenas de Ham e era isso.

― É? ― Eu realmente não queria continuar aquela conversa, mas eu sabia também que Grace não ia parar de me encher o saco até contar.

― Você quer saber o que descobri dele hoje? Na verdade, ele me contou. Sabe como ele escolheu eu e você? ― Ótimo, agora Grace tinha total atenção minha, a curiosidade falando mais alto impossível.

― Como? ― Perguntei sem nem tentar fingir que não me importava.

― Sexo. ― Engasguei com a minha própria saliva tentando não corar com as palavras diretas de Grace enquanto tentava fazer alguma conexão de sentido com aquilo. Como ele saberia se a gente era boa de sexo se a gente…

Senti meu rosto perder a cor.

Ah não. Minha mãe.

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