Continuamos o treino no dia seguinte sem grandes complicações. Continuei a aprender a nadar. No primeiro momento, o medo de que eu e Karim nos atracássemos era tão grande que qualquer toque dele eu já fugia para o mais longe que conseguia, só para garantir. Mas Karim também parecia estar no seu máximo autocontrole, porque não tentara mais nenhuma gracinha depois do incidente.
Continuamos o treinamento para que eu ficasse craque ao nadar e Karim me incentivava até que bem a nadar razoavelmente para sobreviver no mar.
Cansados, deitamos na areia já no entardecer. Foi um dia produtivo de muito treino e eu já consigo nadar muito melhor que antes, ainda que eu seja afobada demais na água. Respiro forçadamente ao lado de Karim enquanto sinto o vento frio que já indica que o sol está sumindo e que logo virão os mosquitos comedores de tudo, que fazem uns buracos incríveis na nossa pele.
O sol se pondo era tão bonito que fiquei contemplando a imagem que se formava a minha frente com um suspiro. Queria tanto ter uma câmera para poder tirar uma foto e eternizar a memória. Infelizmente, não havia nem mesmo eletricidade para que pudéssemos viver decentemente naquele lugar.
― Eu não sei como eu governaria se me tornasse Rei. ― Admite Karim colocando o braço sob o rosto tentando esconder os olhos da pouca claridade que insiste em alcançar as bilhas esmeraldas dele. A voz dele parece carregada de uma insegurança que não havia demonstrado até então.
― Você consegue. Tens o sangue dos mesmos pais do seu irmão, o que indica que você tem a mesma vocação. ― Tentei convencer Karim. Mas ele não era facilmente convencido. Bufou com minha fala como se eu estivesse falando asneiras.
Demorou para que ele organizasse a linha de pensamento e falasse:
― Eu não concordo. Eu não fui criado da mesma forma, Karen. E, na verdade, nem me importei. Omar era tão bom em tudo, que eu não precisava me dedicar a nada, ele dava conta do recado sozinho, compreende? Eu sequer estudei as matérias a mim designadas de maneira correta. Nem o que me cabia fiz direito. Você acha mesmo que vocação vai ajudar numa situação dessa?
Karim me olhou nos olhos. Queria ajudá-lo a ter coragem, mas não sabia como fazer isso quando nem sequer tínhamos esperanças de sair da ilha.
― Mas é só você estudar então… ― Foi a melhor tentativa que consegui.
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