O Príncipe do Oriente romance Capítulo 19

Os dias passam rapidamente sem intempéries grandiosos. Karim percebe que o clima com Karen está bem melhor desde a besteira na qual ele caíra de beijá-la no mar. Ao menos, não fizera mais disso nas vezes seguintes que continuara ensinando ela a nadar.

Não que não sentira vontade. Muita. Mas sabia que sua mente que deveria estar no controle, não seu instinto selvagem. Para que isso fosse possível, passou a gastar todo seu vigor energético num projeto que havia lhe passado em mente: Construir uma balsa.

Ficava tão cansado durante a noite, que a única coisa que poucas vezes seu instinto conseguia fazer era abraçar Karen durante a noite e pedir a Deus que cuidasse deles, que cuidasse principalmente dela. Para tanto, cansava-se ao máximo tentando juntar gravetos, derrubar árvores e construir uma balsa.

O plano não era dos melhores. Mas Karim tinha a ideia de que se fossem resgatados por um grupo de pescadores e não pelo grupo de resgaste de seu tio, ainda haveria uma chance dele fazer uma imagem melhor dele mesmo, ao menos em nome de Omar.

O facão por vezes era afiado várias vezes para que ele conseguisse arrancar apenas lascas de uma árvore fina aqui e acolá. Batia com o pé tentando envergar o tronco e tinha a destreza de três dias depois, trabalhando em escala direta, conseguir envergar a árvore para próximo do solo ao ponto de conseguir utilizar-se dos galhos dela para construir uma balsa meio furreca. Com apenas um facão, Karim ia ter que ser criativo.

E ele era. Os dias passavam rapidamente conforme ele trabalhava na árvore. Karen ia atrás de cipós fortes que serviriam para amarrar a balsa. Além disso, havia também alguns pedaços de barbante no casebre. Tudo seria utilizado para que eles saíssem dali o mais rápido possível.

― Venha cá. ― E quase todas as noites, no mesmo horário, Karen acudia-o com o que pareciam várias ervas amassadas juntas e passava nas mãos de Karim, arrebentadas de tanto trabalho, tentando, de alguma forma, cicatrizar alguns ferimentos que se misturavam aos novos.

― Você não precisa fazer isso… Vai abrir tudo de novo amanhã. ― Ele disse bufando. Karen sorriu.

― É melhor que abra e encontre um pouco de remédio do que abra e encontre um monte de micro-organismos oportunistas. ― Karim não tinha resposta satisfatória para dar.

Uma, duas semanas se passaram vagarosamente. Karim já começava a dar nó nos galhos prendendo-os todos juntos e rentes de forma que a balsa pudesse ser formada. Ninguém vem procurar na ilha e Karim não sabe se sente medo disso ou não. Ou sabem que ele está na ilha e esperarão que a mídia pare de falar sobre o caso para o matar, ou logo estarão ali, para o pegar. Já não anda dormindo direito, Karim tem medo de que seu sono seja assombrado pela figura de seu tio.

― Eu acho que logo estaremos no mar. ― Disse Karim para Karen que sorriu.

― E então vossa majestade poderá cumprir seu dever. ― Karim gargalhou.

― Então minha querida Karen poderá encontrar seus amigos. ― Karen concordou olhando para o nada.

A última opção era a menos provável. Duvidava de que os amigos Seth e Agnes não tinham sido ludibriados pelo discurso apaixonado que as vezes Aziz sabia fazer. Ele sabia ser muito convincente quando julgava ser necessário.

 Sem conseguir dormir direito, Karim tem medo de que seu sono seja assombrado pela figura de seu tio aparecendo de repente e empalando-os vivos. Cada uma das suas células acorda aflita e carregadas de adrenalina sempre que ele sonha isso.

― Eu acho que logo estaremos no mar. ― Disse Karim para Karen que sorriu.

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