— Karen! — Ouvi a voz reconhecidíssma como de minha amiga Agnes que viera a me abraçar com efusão e lágrimas que derrubava de saudades do que por um momento achou que eu estivera morta. Não conseguia acreditar que estava me vendo, ali, viva. Parecia muito para seus olhos.
— Agnes… — Eu também não conseguia acreditar que estava vendo minha amiga depois de tanto tempo sem contato com outros seres humanos. Meus olhos enchiam-se de lágrimas e quando vi estava a apertando entre meus braços trêmulos, pedindo para que Deus nunca me tirasse a minha amiga de perto de mim.
— Como você está? Está se sentindo bem? Céus… Muito obrigada, Deus! Muito obrigada! — Me assustei ao ver Agnes ajoelhando-se no chão e fazendo uma reverência para Deus, o que mais me emocionou enquanto eu tentava fazê-la levantar novamente.
— Estou, estou… Levante-se Agnes. — E ela acabou o fazendo, ainda que fungando.
Não demorou para que colocássemos o papo em dia. Contei resumidamente sobre o meu tempo na ilha, o medo de que morrêssemos e a sensação de gostar de Karim que aumentara dia após dia para mim. Agnes ficou quieta, me ouvindo, até quando eu disse que não achava certo prender Karim por uma coisa que eu que tinha me decidido. Em nenhum momento, Agnes abriu a boca para dar pitaco sobre o que achava da minha decisão, o que de certa forma me consolou, porque eu estava com medo de que ela viesse a desaprovar minha escolha. Era melhor que ela não dissesse nada, do que falasse que discordava da minha escolha. Já estava bom eu lidando com as consequências do meu ato sem julgamentos.
— Obrigada por tudo, Agnes.
— Você nunca mais faça isso comigo, a não ser que você me queira morta! — Bradou Agnes me fazendo rir ao seu lado enquanto assentia.
— Você está realmente diferente mesmo, Karen… Não sei explicar… Mas a ilha… Ela realmente te mudou. — Concordei meneando a cabeça e voltando minha atenção para a janela. Eu também me sentia mudada, mas acho que os traumas fazem isso conosco. Nos transformam, seja para o bem, seja para o mal.
Eu havia crescido com muita coisa que havia aprendido durante minha temporada na ilha e tinha certeza de uma coisa só: Colocaria tudo o que aprendera na ilha em prática, a começar pelo meu grande desejo de viver.
*
Já na mansão, tendo que descansar de qualquer possível trabalho doméstico, uso meu tempo para desenhar. Lindos vestidos que parecem vir com maior inspiração agora que decidi guardar com carinho na memória as lembranças que tive da ilha, as lembranças que tive com Karim. Ficam ali no cantinho do meu coração que se contentou com as lembranças, já que eu o proibi de ter Karim para mim.
Passo os dias costurando e desenhando como posso. Meu coração ainda dói lembrando de momentos de carinho e dos toques carinhosos, mas aos poucos eles aceitam ficar assim, apenas na memória, o que não deixa de doer, mas já é um alento para meu coração.
— Acho melhor você se arrumar, Karen. Vossa majestade está aqui. — Arregalei os olhos diante da fala de Agnes e ainda mais por Karim está ali. Achei que tinha deixado bem claro que a gente não tinha mais nada e que havia o desonerado de qualquer missão.
— Obrigada, Ag. Já estou descendo. — Ela assentiu.
Busquei um hijab azul claro para combinar com minha roupa e suspirei. Já havia passado mais de uma semana desde que tudo havia acontecido. A mídia ainda fazia um estardalhaço completo com a nossa sobrevivência e pareciam ainda mais maravilhadas com o casal sobrevivente. Por um momento, até cogitaram sonhar com Karim casando com a jovem sem nome (como eu era representada ao lado de Karim), mas tudo isso rapidamente sumiu quando Alisha apareceu fingindo sofrimento e paixão por quem teoricamente continuaria sendo o seu noivo.
Eu rapidamente desapareci dos olhos da mídia.
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