O Príncipe do Oriente romance Capítulo 24

Eu obviamente não estava bela como ele que parecia ter se recuperado completamente da ilha. Estava mais para uma sobrevivente. Conseguira ganhar um pouco de peso e até parecer com uma cor mais uniforme, mas era tudo fachada, visível externamente. Quem olhasse para dentro de mim, saberia que estava morrendo em ver Karim tão belo assim na minha frente. Quebrada como porcelana. Seria muito mais fácil se ele não ousasse aparecer assim…

— Você também. Ganhou peso…

— Andei malhando.

Silêncio. Era o que parecia ter agora preenchendo nossos vazios. Novamente, éramos dois estranhos depois de tanto tempo passando juntos. O que uma diferença de classe social não poderia fazer…

Para minha surpresa, Karim arrumou a voz e pareceu criar coragem para falar o que o fazia ter vindo até a residência de Agnes.

— Sinto sua falta. — Meu coração bateu descompassado mais uma vez entendendo aquilo como um incentivo para continuar se doando para o homem a minha frente. Acalme-se coração. Ele não é e não será seu. Pensei em dizer que também sentia falta dele, mas Karim continuou falando minando todo o meu desejo de falar o que quer que fosse.

— Mas eu sei que meu primeiro casamento envolve muita politicagem e por isso minha primeira esposa precisa ser Alisha. — Ele se calou por alguns segundos dando espaço para que eu falasse alguma coisa. Mas o que ele queria que eu dissesse? Eu sabia dessa realidade, sabia que Alisha, irmã de Aisha, ia reivindicar seu lugar de direito. Não era como se eu pudesse fazer alguma coisa a respeito.

— Mas Karen… Eu gostaria que você fosse minha segunda esposa. Eu… Gostaria de tê-la ao meu lado também. — Silêncio.

Qualquer mulher no meu lugar e da minha estirpe social diria sim naquele exato segundo. Por que era a melhor opção para nós, nunca haveria uma chance de ouro como aquela de ser a segunda esposa do futuro Rei! Haveria maior ascensão para alguém da minha estirpe como aquela? Qualquer mulher falaria sim, mas eu não conseguia falar sim.

Podia ser um pouco de orgulho, mesmo sabendo que ele estava certo, a primeira esposa deveria ser aquela que envolvesse política, mas eu também sabia que esse não era o verdadeiro motivo. Talvez sim, eu quisesse ter um homem para mim o qual fosse exclusivo meu da mesma forma que eu era dele, mas havia um outro motivo porque eu declinava.

— Você só está fazendo isso por peso na consciência. Sua maldita pena de ter me tido na ilha. — Disse na lata, o que fez Karim arregalar os olhos, surpreso, antes de voltar a sua atitude de homem sem expressão. O pior, foi ouvir sua resposta.

— E se for? Qual o problema com isso? Não é qualquer homem fiel de Deus que assumiria o que fez e se casaria com a mulher que o deu. Afinal, muitos diriam que a mulher que tem que cuidar com o que dá a um homem. — Aquele era o cúmulo. A raiva veio com força total.

— Obrigada, Ag. — Eu nem tinha palavras para agradecer. Se ela não tivesse aparecido, acho que, se Karim tivesse insistido um pouquinho que fosse, eu acabaria cedendo. Não porque quisesse, mas porque meu maldito coração estava destoando das minhas próprias vontades.

— Não tem de que, Karen. Mas você está certa. — Franzi o cenho sem entender do que ela falava. Será que eu havia falado alguma coisa em voz alta?

— Nada de segunda esposa não! Oras essa! — Finalmente entendi sobre o que Agnes falava enquanto sorria tentando segurar minha vergonha de saber agora que Agnes tinha ficado a espreita só ouvindo a minha conversa com Karim.

— Nada de segunda esposa! Isso é preconceito porque somos estrangeiras? — Agnes sabia que tanto eu como ela tínhamos vindo de longe de Omã. — Não tem que ter preconceito não! O amor não escolhe fronteiras! Acontece e é assim mesmo. Vê eu e meu amor, a Fer e o Al… — Agnes aproveitou para respirar um pouco, seu rosto afogueado, mas eu acho que era mais de raiva enquanto falava. — Ou aceita uma estrangeira como primeira esposa, igual meu amor fez, ou nada feito. — E dito isso Agnes principiou-se em sair da sala de estar, ainda soltando fogo pelas ventas como só ela mesma sabia fazer.

— Primeira esposa, segunda nãããão! Seeeth! Cadê você que não sai logo dessa empresa??? — E ela continuou proferindo o seu discurso tido como máxima, gritando choramingando pela falta de Seth na casa enquanto eu sorria concordando com Agnes mentalmente.

Seria minha máxima dali para frente também. Segunda esposa não.