O Príncipe do Oriente romance Capítulo 27

― O que você está fazendo aqui? ― O humor de Karim naqueles dias não estava dos melhores. Todos os empregados do castelo já sabiam disso e tinham avisado Alisha que não era uma boa ideia se aventurar em falar com Karim, mas a jovem simplesmente ignorou qualquer conselho.

― Não posso visitar o meu futuro esposo? ― A pergunta veio carregada de uma postura de inocência que não era acompanhada no olhar. Karim não percebeu, ou, se percebera, estava muito envolto com os papéis do trabalho para se preocupar.

― Estou ocupado agora. ― A voz veio carregada de seriedade no mais profundo sentimento de desprezo. Alisha torceu o nariz percebendo o mal humor, mas ainda assim não se rendeu.

― Você já foi no alfaiate? Estava pensando em ir hoje numa costureira já fazer o vestido de casamento. Mamãe já está arrumando as coisas para nosso casamento junto daquela governanta que seu pai arrumou para resolver esses intempéries. ― Karim ignorou a noiva mais uma vez. Tinha muita coisa para aprender e resolver. A última coisa com a qual se preocupava naquele momento era o seu casamento. Ainda mais o seu casamento com Alisha, nada quisto.

― Vejo isso depois. Você veio aqui só para me fazer esse tipo de pergunta? ― Karim finalmente voltou a atenção para Alisha parando de encarar os papéis a sua frente. Respirou fundo entendendo naquele momento a presença estranha da noiva no seu gabinete de trabalho.

Alisha estava com o corpo completamente descoberto apenas com um minúsculo conjunto de peças íntimas pretas que muito combinavam com a pele morena dela. Tinha uma beleza atraente, do tipo que parecia que malhava para manter o corpo escultural bem trabalhado. Os cabelos negros caíam rente aos seios entumescidos que arrebitavam sob o sutiã fino. Suspirou.

Se fosse em outros momentos, Karim atacaria Alisha sem pensar duas vezes. Afinal, não eram todas as mulheres que se faziam tão facilmente expostas assim e queriam ser saboreadas deliciosamente. Contudo, Karim não sabia explicar nem a si próprio o que havia acontecido com ele. Porque desde que retornara do período traumático na ilha, ele não sentia apreço algum em tocar outra mulher. Na verdade, não o queria.

Era como se os anjos soubessem que depois da experiência de quase morte ao lado de Karen, o seu físico não fosse ansiar por nenhuma outra mulher tornando-o, nesse sentido, um homem muçulmano correto de uma mulher só. Parecia uma ironia gigantesca para o insaciável Karim. Ele quase ria vergonhosamente de si mesmo. Como havia se tornado um homem tão frouxo assim?

Todos nós nascemos para o amor, Karim. Basta que demos a chance. Você verá que será o homem de uma mulher só quando der essa chance para o amor.

A frase de Omar surgiu em sua mente como um golpe fatal na sua sanidade mental. Sentiu-se embaraçado, os olhos levemente úmidos enquanto se levantava da cadeira em um pulso só. No fim, talvez Omar estivesse certo, se refletisse bem. Talvez Omar o conhecesse tão bem que sabia que isso um dia surgiria para Karim.

Eu prefiro continuar sendo uma empregada não casada, do que sua mulher, sendo segunda esposa. Eu não serei segunda esposa de ninguém, Karim.

Contudo, Karim sabia também que da mesma forma que seu coração realmente fosse de uma mulher só, sabia que essa mulher nunca seria sua. Estava fadado a um casamento político e precisava esquecer que seu coração seria só de Karen. Pelo menos, era o que pensava enquanto seguia em direção a Alisha.

Ainda assim, tinha plena noção de como nunca conseguiria amar Alisha. E sentia raiva de si mesmo por não conseguir sentir atração alguma enquanto olhava sua futura esposa. Ela era bonita, caramba! Como então seu sexo nem sequer dava sinal de vida por ela? Ele não queria admitir, mas sabia que era porque ela não era a sua ruivinha, ela não era a sua inocente Karen. Ela não era a mulher que ele amava tanto que até doía o seu coração. Suspirou.

Pegou a abaya jogada displicente sob o chão e a colocou de frente ao corpo de Alisha para que ela se cobrisse. O choque foi instantâneo. A jovem o encarou como se chifres estivessem sob a cabeça dele e parecia assustada com o imobilismo do rapaz. Não era para menos, se fossem em outros tempos…

― Se cubra e saia, Alisha. Eu serei o futuro Rei e você a futura Rainha. Não estava preparado para isso e tem muito trabalho e muitas coisas que preciso aprender. Assim, se a minha querida noiva ― A palavra foi dita com certo desdém ― puder compreender e me deixar a sós, eu agradeço.

― Você não vai me ter? ― Karim riu enquanto sua mente insana imaginava Karen dizendo isso. Seria muito mais atraente. Muito mais.

― Não. ― Se limitou a dizer.

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