Os dias avançavam rapidamente e eu acabei pulando algumas refeições tentando dar conta do trabalho. Já estava começando a pensar em chamar mais alguma mulher que quisesse me ajudar com alguns preparativos, porque os pedidos só chegavam diante do meu trabalho perfeccionista e o tempo, por sua vez, só diminuía, mais e mais.
Estava bem cansada e isso já era visível para muitas clientes, principalmente para Agnes que tinha me visitado e trago comida naquele dia preocupada com minha aparente fraqueza e meus bolsões de olheiras. Tentei sorrir e parecer bem, ainda que Agnes fosse perspicaz demais para perceber que não estava.
Ouvira falar que coração quebrado era recuperado com outro amor, mas na falta disso, decidi substituir por trabalho e, dado minha falta de tempo até para pensar, até que vinha dando certo. Eu não me lembrava mais tanto de Karim que parecia uma nuvem escura de um passado remoto que graças a Deus não voltara para me atormentar nunca mais.
― Você precisa se alimentar direito. Está trabalhando muito. Não te dei o ateliê para ver minha amiga morrer, Karen! ― Mas a voz de Agnes foi ficando distante e cada vez mais distante, ao passo que ela parecia continuar me chamando, mas eu não conseguia entender direito o que ela falava.
― Karen! Karen! ― Ela continuou falando cada vez mais baixo até que a voz dela sumiu de vez e eu imaginei que no fim devia era estar sonhando tudo.
Acordei com frio. Estava suando frio e pude ouvir o barulho do gotejar de um soro. A claridade era forte e eu não estava nada a fim de encarar ficar cega por alguns segundos. Por isso, esperei. Quando a luz pareceu se adequar melhor às minhas vistas, abri-os me deparando com paredes brancas. Estava num hospital.
― Karen! ― Era Agnes, aflita do jeito dela. Sorri fracamente para minha amiga que se mexia como uma barata tonta tentando fazer um monte de coisas ao mesmo tempo e então ouvi a voz da consciência, vulgo, Fer, gritando com ela:
― Fica quieta, Ag! Tu levanta ou senta, os dois não dá! ― Ri.
― Como você está? ― Me perguntou Martha carinhosamente. Aparentemente, todas as mulheres estavam ali. O que tinha acontecido? Eu não me lembrava muito bem.
― Você desmaiou e a Agnes não sabe contar a história direito e a gente veio correndo achando que tu tinha tido uma taquicardia! Mas pelo que o médico falou foi porque você não estava comendo direito, não é mesmo mocinha? ― Disse Fer e eu me limitei a concordar meneando a cabeça, morta de vergonha.
Sim, eu já tinha sido uma pessoa mais responsável e cuidado melhor do meu corpo. Não era muito costume meu pular refeições, mas dada as circunstâncias, achava que não haveria lá tanto mal diante do fato de que eu tinha muita roupa para entregar, e falando nisso…
― Que horas são? ― Perguntei aflita. As mulheres se entreolharam estranhando que eu estivesse perguntando sobre as horas, mas Fer olhou para o relógio no pulso como se não houvesse mal algum falar as horas para uma louca que acordava já perguntando isso.
― São Quatro e quarenta, porque? ― Apertei um lábio sobre o outro.
― Minha cliente. Eu tenho que entregar um vestido as cinco e meia para o jantar dela de hoje. Já está pronto, mas alguém precisa recebê-la. ― Fer assentiu.
― Eu vou. Martha, você tem que voltar para a Casa porque já está quase na hora do café da tarde das crianças. E a Ag depois do show todo pode muito bem ficar de acompanhante quietinha aqui, ouviu bem, amiga? ― Perguntou Fer e Ag assentiu com veemência, ainda dando um sinal com a mão de sentido como se estivesse no exército.
Despedi-me das outras mulheres e eu fiquei ainda um pouco de tempo olhando para o nada antes que uma enfermeira aparecesse, me desse um hijab como eu pedira para caso o médico aparecesse. Não se passaram nem cinco minutos e um médico apareceu.
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