O Príncipe do Oriente romance Capítulo 30

― É incrível que você não tenha tido enjoo, só uma aparente perda de fome. Este bebê é realmente um abençoado e uma silenciosa criança. Quase sete semanas, senhorita Karen. ― Disse o médico me deixando lívida ao ouvir da boca dele o que eu não esperava.

Sete semanas. Isso queria dizer que tão logo eu piscasse, esse bebê estaria visível. Eu teria que andar com vestes mais largas e falar que andava comendo muito. Claro que algumas clientes desconfiariam, mas como nenhuma conhece a minha vida pessoal, nada perguntariam. Talvez eu perdesse uma cliente ou outra, mas o importante era que isso, de forma alguma, não vazasse. O que, se dependesse de Agnes, aconteceria naquele momento:

― GRÁVIDA? ― Aparentemente de todas as parcas palavras que Agnes entendia em árabe essa era uma delas, já que ela havia gritado em bom som para todo o hospital ouvir.

― Agnes! ― Disse e eu e o médico sorrimos amarelos com um pouco de vergonha.

― Desculpa. Mas é que isso é muito sério. ― Ela aperta um lábio sobre o outro parecendo também se decidir sobre algo.

― Doutor, gostaria de manter isso em sigilo pelo meu bem e da criança. O senhor sabe… Algumas pessoas radicais… ― O médico concordou suspirando.

― Tudo bem, mas a senhorita precisa passar a comer direito e vir fazer o pré-natal. Vou te acompanhar junto de um outro doutor amigo meu de confiança, mas você precisa levar a sério até para que ninguém desconfie. Vamos fingir que você está fazendo tratamento para anemia profunda, até porque você vai precisar utilizar alguns multivitamínicos e talvez precise de noripurum na veia, mas vamos avaliar. No mais, da minha parte estará segura. ― Disse o médico solicito, o que muito me aliviou me fazendo, de repente, cair em lágrimas.

Não era desejado, mas eu teria o amparo de um médico que não me julgaria e cuidaria de mim. Não seria da melhor forma possível e nem teria como ser. Arruinaria a vida de Karim. E mesmo que fosse triste ter que ver meu filho ser criado sem um pai, eu também tinha sido criada sem um e sabia muito bem como ninguém morria por isso. Quando tivesse idade, contaria a situação para ele, falaria a verdade e esperaria que ele entendesse que foi pelo bem do pai dele. Karim enfrentaria um governo muito fraco.

― Obrigada, doutor. ― Disse.

― Vou buscar alguns multivitamínicos e você já pode ir para casa. Vou marcar sua primeira consulta pré-natal também. ― Assenti para o doutor solícito.

― Eu não concordo. ― Disse Agnes assim que o médico partiu. Franzi o cenho sem entender sobre o que ela falava. As vezes esquecia que Agnes estranhamente parecia ler o meu pensamento em alguns momentos.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Príncipe do Oriente