Aquela seria a primeira vez que eu ouviria o coração do bebê que ocupava espaço não só dentro da minha barriga, mas agora também no meu coração.
Num primeiro momento, o baque de ser mãe solteira foi gigantesco e tirou a sensação indescritível que agora eu sentia de ter alguém com quem compartilhar meus momentos de solidão. De repente, mesmo estando sozinha no ateliê, eu não me sentia assim mais tão sozinha. Havia o nenê – como eu agora carinhosamente o chamava – que estava dentro de mim. Fruto de um amor que foi bonito enquanto durou e que foi muito amado e muito sortudo, pois eu e o pai dele só havíamos ficado juntos por um único dia.
Talvez já fosse predestinado, tentei pensar assim.
Como fosse, já era amado com todo o meu coração. Não havia nada que pudesse descrever a sensação que toma parte da sua alma quando você realmente se dá conta que há um bebê fruto de amor dentro de você, tampouco de como você realmente quer o amar e o dar o melhor que você consegue. Não há nada que consiga descrever isso com palavras, porque só quem é mãe entende o sentimento genuíno de amar algo que é do tamanho de um broto e que tem um coração batendo firme e forte e que te faz ficar cheio de lágrimas enquanto ouve.
― Esse é o coração dele? ― Doutor Saji assentiu sorrindo levemente.
― Bate rápido e forte assim mesmo? ― Saji riu.
― Será uma criança muito forte e saudável, Senhorita Karen. ― Assenti enquanto olhava o ultrassom. Ainda não era possível ver uma forma que pudesse ser compreensível, mas a sensação era indescritível, afagando o meu peito e dando um alento que eu não sabia explicar. A simples ideia de que mesmo diante de tantos intempéries teria um bebê forte e saudável que havia passado, junto comigo, por todas essas adversidades, era muito para que eu pudesse aguentar.
― Pode ir agora naquele banheiro se trocar, Senhorita Karen. A enfermeira está me chamando para um caso urgente, mas volto daqui a pouco. ― Assenti seguindo para o banheiro e me trocando.
Olhei para o espelho afagando a minha barriga que ainda nem tinha sinais de estufamento ou coisa parecida. Havia um sorriso genuíno que não conseguia escapar dos meus lábios. Era de felicidade, era de alegria, era de algo mais que eu não sabia tipificar.
Suspirei enquanto me trocava. O doutor Saji colocaria agora um esparadrapo que mentiria sobre um ferro na veia falso que eu não havia feito e eu partiria em segurança com o motorista que a Agnes havia deixado me esperando assim que eu saísse do hospital.
Estava fazendo o pré-natal bem a noite, para que não levantasse suspeitas, já que aquele não era um horário normal de ter mulheres grávidas o fazendo. Já também começara a andar com roupas largas para que quando a barriga crescesse eu não parecesse estranha andando com essas roupas. Já havia me precavido de algumas coisas. Exceto de uma única coisa realmente drástica.
― Karen! Karen! VOCÊ! ― Um dedo indicador apontou em riste para mim e eu paralisei enquanto encarava a imagem inusitada a minha frente.
― Vamos conversar, agora! ― O Doutor Saji veio em meu socorro.
― O senhor não pode agir assim, vossa majestade. ― Karim parecia transtornado.
Diria que enfurecido até.
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