O Príncipe do Oriente romance Capítulo 32

― Você está correndo perigo. ― Karim solta a bomba. Fico chocada o encarando por longos segundos e preciso ter atenção redobrada para não acariciar minha barriga tentando transmitir segurança para o nenê.

Karim olha para frente e pede para o motorista começar a dirigir para a mansão de Inverno – a mansão de Agnes e Seth. Demoro para conseguir arrumar a voz.

― Como?

― Meu tio Aziz sabe que gosto de você. Ele planeja a atacar para me deixar fraco. Não posso permitir isso. ― Ele fala rápido. Novamente, é muito para que eu consiga piscar e assimilar. Minha mente parece extremamente lenta enquanto tento formular algumas frases, embora a maioria saia desconexa:

― O que? Como? Como… Você descobriu? ― Karim bufa.

― Eu tenho minhas formas de descobrir, Karen. Essa questão não é importante. ― Mas eu sei que é pela forma como ele desvia o olhar do meu que Karim está tentando me esconder o quanto isso o machuca ele. Se eu não estiver enganada, ele perdeu alguém para conseguir essas informações.

Mais uma pessoa entrando na cota de pessoas que morrem na vida de Karim.

― Claro que é! Você… Você não estava preparado para isso. Mas… Eu posso me cuidar, Karim. Vai ficar tudo bem. ― Disse tentando acalmá-lo. Infelizmente, Karim não estava ali para muitas conversas.

― Eu vou designar um guarda para cuidar de você. ― Arregalo os olhos. Os motivos para eu não querer podem ser muitos, mas o principal é que ele saberá que ando visitando muitas vezes o hospital e se Karim pedir, pode ser que o guarda descubra o verdadeiro motivo por detrás disso. E, para falar a verdade, não quero jogar mais essa bomba para Karim podendo deixá-lo mais fraco e suscetível a perder o trono.

― Não vai. Isso pode levantar suspeitas.

― Que se dane as suspeitas. ― Ele resmunga.

― Karim! ― Respiro fundo. ― Vamos ser racionais. Aí que seu tio vai vir com tudo nos ataques! ― Karim parece resoluto na sua decisão. Olho para frente. Estamos entrando na rodovia que segue na direção da mansão.

― Você não pode fazer isso. Agradeço sua preocupação, mas… ― Karim me impede de continuar.

Suas mãos apertam as minhas. Seus dedos estão gelados sobre minha pele e parece como se o frio tomasse meu corpo. Os olhos de Karim pairam sobre os meus e ele não considera os demover dali em hipótese alguma. No entanto, o que mais me surpreende são as palavras que saem dos lábios dele:

― Karen, você não entende que o que quer que aconteça com você, me abalará e me desestabilizará de uma maneira que nunca mais poderei ser o mesmo? Muito pior do que Omar. Muito pior do que caso meu pai venha a falecer. Se você morrer, haverá um buraco ainda maior no meu peito do que esse, Karen. ― A voz de Karim parece tremer levemente.

Aquilo era… um desabafo?

Engoli em seco e tentei olhar para o lado, mas Karim parou de segurar uma das minhas mãos colocando a ponta dos dedos sobre a minha bochecha e puxando lentamente na direção de onde estava o rosto dele.

― Por favor, eu preciso saber que você vai ficar bem. ― Sua voz parece sofrida.

Naqueles breves minutos, o meu coração parece quase sair do peito, os hormônios novamente a flor da pele. Sinto uma lágrima querer escapar do meu olho e penso seriamente se Karim não tem o direito de saber do filho. O pensamento negativo aborta qualquer ideia. E por isso mesmo deixo que as lágrimas escapem dos meus olhos. São lágrimas de um futuro que poderia ser completamente diferente se Karim não fosse um príncipe, se não fôssemos de mundos tão diferentes. Meu coração se aperta quase do tamanho de uma bolinha de gude.

― Mas…

― Eu tenho uma ideia. ― Ele murmura saltando do carro. Percebo então que estamos bem próximos da entrada da mansão e o sigo mais por curiosidade do que por qualquer outra coisa.

A mansão está vazia e não encontramos Agnes e Seth de imediato no primeiro andar da mansão. Os funcionários já devem ter se deitado, ainda mais porque já passa das dez horas da noite. Subimos o segundo andar, eu mais no encalço de Karim enquanto tento demovê-lo da ideia de achar Agnes e Seth:

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