Os dias passaram tranquilos. Karim tinha medo de que fosse uma bonança antes da verdadeira tempestade chegando. Ainda assim, se preparava para que nada acontecesse. A segurança era revista toda semana, as investigações de onde o pai de Karen poderia estar eram sempre revistas, ainda que eles nunca conseguissem encontrar o homem.
Com muitos afazeres, Karim teve que confiar nos amigos para que Karen estivesse segura. Felizmente, Agnes e Seth cuidavam muito bem da jovem e a mantinham em segurança. Ela também diminuiu o trabalho no ateliê com medo de receber alguém que a quisesse mal e continuou apenas com as clientes que ela melhor conhecia.
Mesmo que Karim pedisse para que ela aproveitasse o momento para descansar um pouco, ela ainda trabalhava em cima do vestido que antes era para Alisha, mas que agora ela retocava para que servisse para ela.
A mídia continuava recebendo muito bem o casamento e Karen achou que falariam alguma coisa de Alisha, mas qualquer informação a respeito da moça foi apagado da mídia antes que alguém ousasse falar dela. Karen se sentia mal por não ter cumprido a sua promessa com a mulher e não sabia, de verdade, o que ela poderia tramar para querer o poder novamente. Afinal, duvidava que ela aceitasse o fato de ter perdido o cargo de princesa assim tão facilmente.
Pelo menos, a lembrança do tapa indicava insistentemente isso.
Suspirou enquanto buscava ar. Tinha colocado um hijab laranja e estava esperando Karim. Naquele dia iria para mais um dia de consulta e pré-natal, só que agora acompanhada do príncipe regente, seu futuro marido. Ele insistira tanto que gostaria de ouvir e ver o bebê que ela concordou que ele visse.
Em mais duas semanas, Karen também conseguiria descobrir qual era o sexo do bebê. Se casaria com 4 meses de gravidez. Era bastante coisa.
Não demorou para que um porshe estacionasse na frente da mansão. Um guarda saiu para abrir a porta e outros dois carros pararam na frente e atrás. De todos, guardas saíam para receber a futura princesa. Karen achava aquilo tudo desnecessário, não achava que a atacariam, não com a repercussão positiva que a mídia estava tendo, mas sabia que aquilo era, principalmente, pelo reconforto mental de Karim.
Entrou no carro e ele começou a se movimentar até o hospital onde Karen fazia o acompanhamento.
― Você não precisava se preocupar tanto, futuro marido. ― Karim sorriu de lado e apertou a bochecha de Karen com delicadeza. Os olhos brilhavam felizes.
― Claro que preciso. Você vai se responsabilizar? ― Ele arqueou uma sobrancelha. Karen não compreendeu de imediato, franzindo o cenho.
― Me responsabilizar pelo que?
― Por me deixar tão perdida apaixonado por você que não aguento a simples ideia de perdê-la. ― E Karim continuava com aquelas declarações tão lindas e fofas que Karen só conseguia corresponder também sorrindo.
― Só se você se responsabilizar também.
― Por?
― Por me fazer amá-lo tanto. ― E a sua surpresa foi tanta ao sentir um beijo de Karim na sua testa. Infelizmente, não poderia beijá-la com tantos guardas também no carro os olhando. Karen fechou os olhos sorvendo o momento de cuidado e alento. Haveria momento de maior alegria para si do que aquele?
Não demorou para que chegassem no hospital. Depois de mais cuidados para evitar problemas e o esvaziamento de um andar inteiro por via das dúvidas, logo eles estavam na sala ouvindo o batimento do bebê e vendo-o em perfeito estado.
― Infelizmente, ele não está em uma posição boa o suficiente para que pudéssemos ter certeza se é menino ou menina, mas o bebê está com o tamanho ótimo para a quantidade de semanas que tem. Catorze semanas, Karen. Continue fazendo uso dos medicamentos que te receitei. ― E foi depois, já no fim, que Karim franziu o cenho e reconheceu o doutor Saiji, o último que ele tinha quase brigado de uma maneira bem feia.
― Oh… Você! ― Saiji sorriu encabulado.
― Vossa Majestade… ― Ele assentiu.
― Por que você não me contou?
― O sigilo da paciente era o mais importante para mim. Eu tinha que fazer isso pela Srta. Karen. ― Explicou o médico agora que aparentemente conseguia ter uma conversa aparentemente normal com o príncipe. ― Por isso precisava assegurar a segurança dela. Fiquei com medo de que você a puxasse com muita força e ela caísse, se machucasse. Ela carrega um feto grande e robusto para a sua estatura, então compreenda, majestade. ― Disse o médico já ficando com medo de perder o emprego. Afinal, aquele hospital, em grande parte, era mantido pela família real.
― Eu compreendo, doutor. E agradeço. Antes eu não conseguia entender, mas agora entendo. ― Disse Karim realmente sincero.
No carro, Karim apertou as mãos de Karen enquanto sorria. Estava tão feliz que não cabia dentro de si. Os preparativos para o casamento estavam a todo o vapor e já quase acabando. Em questão de uma ou duas semanas, eles estariam juntos. Não havia maior felicidade naquele momento que esse para o príncipe.
― Vou deixá-la na casa do Seth. Preciso resolver uma papelada gigantesca ainda hoje e uma reunião. O que acha de almoçarmos juntos amanhã? ― Karen sorriu.
― Acho uma ótima ideia. Venha almoçar conosco. Eu cozinho e Agnes deve querer me ajudar um pouco também. Senhora Zilena e Senhor Rashid vem almoçar conosco e Fer e Al também. Acho que você vai se sentir em família. ― Karim concordou com a cabeça.
Com a morte de Omar e a doença do pai, era bem verdade que Karim já não tinha uma família que pudesse se reunir e comemorar o que quer que fosse. Além disso, com tantos afazeres nas costas, o pai precisou segurar um reino nas mãos e criar dois meninos para um dia o sucederem. Com isso, poucas vezes eles se uniram em família. Poucas vezes puderam estar juntos para diversão. Quase sempre era para se inteirarem de algum assunto. E, de qualquer forma, sem a presença de uma figura feminina na família, tudo parecia mais preto e branco dentro do palácio real.
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