O Príncipe do Oriente romance Capítulo 40

As semanas seguintes começam como se fosse um sonho. Karim e Karen tem dias e mais dias juntos em outro palácio afastado da capital. Com o silêncio e a pouca movimentação não tão comum por ali, foi mais fácil que eles conseguissem se aproveitar pouco a pouco.

Num primeiro momento, é claro, os poucos empregados que ficaram ali incumbidos de servir o novo casal comentariam para qualquer um que perguntasse que o príncipe e a princesa até que pareceram ficar doentes por algum tempo. Fruto de um pensamento inocente, seria assim que justificariam a quantidade de tempo que o novo casal passou no quarto, dias e dias, onde recebiam a comida, por vezes o príncipe pedia para que deixasse na porta e saísse e, uma hora ou duas depois, eles ouviam o sininho tocar que os dizia que a louça usada para aquela refeição já estava do lado de fora do quarto novamente.

A bem verdade, foram dois dias sem ver a cara do príncipe e da princesa em nenhuma outra acomodação do castelo.

Contudo, passado os dois dias de doença – ou euforia – como se quiser pensar, os dois saíram do quarto, mais corados, de mãos dadas e seguiram para o Aras de Karim, do qual ele gostava bastante. Ele a lembrou que foi ali que ele causou um acidente que poderia ser fatal, mas que, no fim, por Deus, foi só o suficiente para que ele provasse dos lábios da esposa uma vez mais. Ele também mostrou-lhe os cavalos dos quais ele mais gostava, os fiéis amigos, Hillston, seu favorito, todos muito bem escovados e limpos, cuidados com carinho porque eram cavalos de raça, particulares de Karim.

Depois de mais um dia caminhando de cavalo, sorrindo bastante e voltando para o quarto, eles passearam mais frequentemente pela residência. Conheceram melhor os poucos empregados que não estavam de férias e estavam cuidando daquele lugar, depois conheceram o pomar, onde Karim fez Karen rir tentando subir para pegar lá no alto algumas tâmaras para Karen, mas no fim, foi a voz do empregado mais velho, cuidador oficial da família real, senhor Mohammed Fwra que ele ouviu:

― Saia daí e deixe que eu faça isso, vossa Majestade! Qualquer coisa que te acontecer, a princesa Karen e toda a nação omanense me enforcará em praça pública! Deixe isso para quem é experiente! ― E diante de muito contragosto e quase que uma queda, Karim acabou concordando sorridente.

Estava feliz ao lado da esposa e por si só isso bastava.

No mesmo pomar, Senhora Ashanti os ensinou algumas propriedades medicinais de algumas ervas que eram cuidadas com esmero e eles ouviram com atenção. No fim, ela fez um chá que dizia que era para fortificar o bebê, mas Karen, na intimidade com Karim, poderia muito bem dizer que aquele chá mais parecia um hormônio regulador do desejo sexual.

O príncipe teve um longo trabalho para cuidar dos desejos sexuais da esposa naquele dia.

Foi também uma semana de contatos mais íntimos, conversas mais ao pé da orelha e segredos até então inconfessáveis. Karim contou um pouco mais da família, Karen o segredou o que fizera pela tia dele. Ainda que Karim tivesse aprovado, tinha medo de que o tio ainda não tivesse feito um estardalhaço por conta disso e tinha medo de qual seriam as consequências que o homem maldoso estava guardando a fim de se vingar da reação da esposa. No mínimo, ele tinha desconfiado de que fora Karen que havia feito isso com a mulher dele. Levando, por conseguinte, o filho dele junto também.

O sangue do tio devia estar fervendo naquele segundo.

Por isso, mesmo em meio a lua de mel, Karim redobrou a atenção e cuidados pela esposa. Sabia que, como sua mãe, ele poderia tentar tirar o herdeiro da história da família real. E por tabela, a rainha também. E, por isso, Karim não podia dar mole. Devia cuidar para que sua esposa ficasse em segurança, mesmo que tivesse que convencê-la a evitar sair de casa pelos próximos quatro meses. Não sabia em quem podia confiar e, por via das dúvidas, era melhor não confiar em ninguém.

Mesmo assim, ainda tiveram outros momentos brandos e de carinho. Passearam por algumas fontes termais presentes próximo da residência, aprenderam a pintar juntos, decidiram as cores que seriam caso fosse de determinado sexo o bebê e, inclusive, decidiram o nome.

― Quero que seja Aleyah se for menina, em homenagem a minha mãe. ― Pediu Karen e Karim concordou com um sorriso bobo nos lábios.

― E eu gostaria que fosse Omar, em homenagem ao meu irmão falecido, se for menino. ― E Karen concordou também.

A lua de mel, ainda que não tivesse durado um mês, ou dois, no pouco tempo que durou, foi mágico e belo para o casal. Infelizmente, não pode perdurar. Como Karim não havia se preparado para a possível morte do irmão, havia ainda muitas coisas que ele precisava estudar e aprender, muitas finanças que ele precisava averiguar e muitos conselhos que ele ainda precisava ouvir do pai. O tempo estava apertado e ele precisava correr para conseguir controlar o tempo para que conseguisse aprender o máximo que conseguisse enquanto havia tempo.

Afinal, todos os dias de manhã surgia o medo incontrolável de que o pai viesse a falecer e ele precisasse suceder ao trono rapidamente.

Não era algo com o qual ele queria lidar, mas o pensamento era constante e o medo cada vez maior.

Por isso, mesmo sendo apenas uma semana de lua de mel, Karen e Karim logo tiveram que voltar para a residência oficial, o palácio em Omã. Karen concordou em evitar sair pela segurança do herdeiro e Karim passou a trabalhar ainda mais, incansavelmente, para ser o governante que Omã precisava.

A outra semana também passou tranquilamente. Karen continuou trabalhando em cima de algumas produções ao passo que a barriga crescia pouco a pouco. Tentou cuidar de Karim o tanto que pode. Era evidente o cansaço do príncipe trabalhava mais de doze horas por dia, por vezes dormia no escritório e Karen tinha que aparecer para retirá-lo para dormir. Isso quando ele dormia. A maioria das vezes, as horas líquidas de sono ficavam por volta de quatro horas e Karen ficava com pena de que a experiência do casamento deles ainda precisasse ser vivida por Karim por, pelo menos, mais quatro meses, no mínimo.

Era angustiante só de pensar.

Mas o tempo passava…

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Príncipe do Oriente