O Príncipe do Oriente romance Capítulo 9

Aisha insistiu tanto para que eu fosse no iate deles, se sentindo preocupada com minha perna e dizendo que dentro do iate havia até uma cama para eu ficar com a perna esticada, que mesmo temerosa da presença de Karim, eu acabei aceitando. Agnes e Seth também pareciam mais calmos com o fato de eu ir com Omar e Aisha, como se eu fosse melhor atendida assim, vai saber.

Estava com a perna estendida e nada de partirmos. Todos já tinham partido, mas eles tiveram que primeiro tirar tudo da ilha e colocar no iate e sendo apenas 4 funcionários para tudo isso, acabou demorando um bocado. Quando partimos da ilha, senti todos os meus pelos se eriçarem ao ver Karim aparecer no mesmo andar que eu estava.

― Você parece bem. Viu como sei fazer um ótimo curativo? ― Ele perguntou. Imediatamente, fechei a cara.

― Por que está fazendo isso? Já não basta ter me beijado duas vezes? ― Disse, o que fez Karim gargalhar.

― O que? Acha que vim aqui para roubar outro beijo seu? ― Senti minhas bochechas corarem imediatamente ao perceber que tinha feito especulação antes da hora. Mas também! O que me garantia que ele não ia fazer isso?

― Até beijaria novamente, mas você sabe que seria mais do que isso, não é mesmo? ― Ele piscou! Piscou novamente. Parei de o encarar. Aqueles olhos verdes malditos me tiravam todos os pensamentos certos. Encarei a parede sóbria.

― Não haverá nada mais entre nós. Nada. ― Disse entredentes. Ele pareceu achar graça disso. Na verdade, parecia achar graça de tudo que saia da minha boca.

― Você sabe que você encarando a parede assim em vez de mim diz exatamente o contrário do que você fala, né? ― Voltei a encará-lo. Era melhor subir. Não dava para ficar num ambiente perigosamente minúsculo como aquele próximo desse pervertido.

― Eu não me lembro de ter pedido para você me interpretar. ― Disse começando a subir as escadas que levavam para o andar superior. Ainda sentia algumas fisgadas no joelho, mas eu ia ficar bem. Pelo menos melhor do que se ficasse no mesmo cubículo que ele.

Bufei ao perceber que Karim subia atrás de mim. Ótimo. Ele realmente queria me perseguir. Para minha surpresa, sua mão tocou o meu pulso me puxando para baixo e com o joelho tonto, acabei me desequilibrando.

Com um susto, percebi que Karim me segurava pela cintura, o seu rosto muito próximo de mim, os olhos brilhando sem piscar enquanto meu corpo decidia que a posição estava agradável o suficiente para não dar o ar da graça de se mexer e me deixar paralisada.

― Não preciso interpretar… ― Sua voz estava rouca quando o seu dedo polegar passou acariciando a minha bochecha lentamente. Seus lábios estavam muito próximos do meu. O seu hálito acariciava a minha bochecha e eu não sabia dizer se estava respirando. Não sabia porque diabos não reagia. Eu precisava reagir!

― Você é ingenuamente um livro aberto, Karen. ― Ele terminou de falar. Arfei quando suas mãos trabalharam me empurrando para a parede da escada estreita. Não sei se foi o fato de ele ter me movimentado ou o meu cérebro ter voltado a vida, mas isso foi mais do que suficiente para que eu lembrasse de que precisava fugir do pervertido!

Dei um tapa no rosto de Karim e me livrei dos seus braços correndo escada acima. Não me importava mais com meu joelho latejando. Nem que eu, hã, tipo assim, havia dado um tapa no rosto do príncipe. Subi o mais rápido que pude, mas acabei estancando também ao ver a cena mais inusitada que eu poderia imaginar na minha vida.

O céu estava escuro, salpicado de nuvens pesadas, mas a chuva ainda não havia chegado próximo do iate, muito embora as nuvens vinham rapidamente e pior: Traziam consigo as ondas que vinham mais rápidas e violentas, ameaçando derrubar o iate.

― Cuidado! ― Os homens gritavam principalmente para Omar e Aisha que estavam na proa do iate, muito próximos da tempestade. Virei minha cabeça para olhá-los no segundo em que Aisha tirou uma faca de dentro da abaya enfiando-a no coração de Omar.

Tal como eu, ele parecia surpreso, olhando a faca cravada no seu peito e então para o monstro que ele chamava de noiva. Seu olhar era atônito, sem acreditar no que via com seus próprios olhos. Morreria na mão de quem achava ser sua amada. A dor devia ser grande, porque Omar esticava os lábios sem fala alguma, como se tentasse encontrar forças para dizer o que vinha na mente, mas estivesse numa nuvem escura de palavras, muito difícil de as transpassar.

Então no segundo seguinte ouvi Karim gritando ao mesmo tempo que uma onda gigantesca vinha em direção ao iate. Aisha empurrou Omar para fora do barco e o iate quase afundou. Segurei na primeira coisa que vi na frente para não ser jogada para fora, o que parecia ser uma porta e gritei com o medo instalado em todas as células do meu corpo.

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