Leonardo
O sangue escorria do lábio de Peter enquanto ele se apoiava em seu Jaguar preto. Ao nosso redor, pais e crianças começavam a notar a tensão crescente, parando para observar.
Ele passou o polegar no ferimento, seus olhos frios me estudando. "Que loucura é essa, Martinucci?"
Não consegui conter a risada. "Sério? Achou mesmo que eu nunca descobriria?"
"Descobriria o quê?" Ele se endireitou, ajustando o terno caríssimo. Sempre a imagem da sofisticação. "Que loucura é essa? ALGUÉM CHAME A POLÍCIA!" Sua voz ecoou pelo pátio da escola. "ESSE HOMEM É LOUCO!"
Mantive minha atenção nele, mas meus olhos percorreram a multidão que se formava. Foi então que vi, Magnus escoltando Amber e as crianças pela saída lateral. Meu sorriso aumentou.
"Sabe, Peter," dei um passo à frente, "esse papel de vítima não combina com você. Que tal mostrar quem realmente é? Enfrente alguém do seu tamanho ao invés de aterrorizar inocentes?"
Seus olhos se arregalaram por um momento, apenas um segundo de hesitação, mas foi o suficiente. Ele sabia que eu sabia.
"Não sei do que está falando." Sua voz tremeu levemente.
"Não? Tem certeza? Acho que você roubou algo de mim." Seu olhar frio me analisava. Ele olhou para as pessoas, a nossa volta, e depois em direção à escola.
"Não sei do que você está falando." Ele voltou a arrumar sua postura. "Deve estar tão fodido da cabeça, que nem sabe mais o que é real e imaginário." ele sorriu, mas mantive minha postura. "Sua quebra no ramo imobiliário tem sido amplamente divulgada." estralei a língua, analisando cada uma de suas palavras.
"É isso que os seus assessores têm dito para você? Que eu fali? Acho que eles só estão tentando massagear seu ego, Calton. Até onde eu saiba, meus negócios estão mais prósperos do que nunca. Os chineses parecem pensar o mesmo." Aquilo pareceu desestabilizá-lo mais uma vez, suas mãos apertando a lateral do carro.
"Mentindo para si mesmo. Sei, assim como todos que acompanham sua vida, a quantidade de negócios que perdeu depois do Delux. Aquela mancha em sua imagem jamais será apagada." dei de ombros, me divertindo com suas palavras. "Mas acho que os cinquenta milhões dos chineses vão ajudar a limpar essa mancha, não é mesmo?"
"Eu não dependo de um único setor, como parece ser o seu caso. A expertise do negócio está em ter várias fontes de renda. Deveria saber disso." aquela parecia ser a gota d'água.
"Não acredito em nada do que está falando."
"Você acreditar ou não, não muda em nada. Sabe disso."
Dei mais um passo em sua direção, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, ele sacou uma arma de suas costas. O caos foi imediato.
Gritos ecoaram pelo pátio da escola. Mães puxavam seus filhos para longe, professoras corriam para dentro do prédio, carros arrancavam às pressas.
"Como sempre," mantive minha voz calma, apesar da arma apontada para meu peito, "sem criatividade. Baixo. Previsível."
Me aproximei até sentir o cano frio contra meu terno.
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