Magnus
Pegamos o elevador juntos, eu ao lado de Gabriela, lutando para ignorar o pulsar constante nos meus lábios, uma lembrança vívida do beijo que ainda ardia em minha memória. A tensão entre nós parecia crescer a cada andar, como se o silêncio no pequeno espaço amplificasse tudo o que estava não dito.
Quando chegamos ao apartamento dela, uma onda de familiaridade me atingiu de imediato. Era o antigo apartamento de Amber, um espaço que eu mesmo havia ajudado a organizar para Gabriela. No entanto, ao entrar, notei que tudo havia mudado. Cada detalhe agora refletia a personalidade dela, tornando o lugar completamente único e muito mais acolhedor. Plantas adornavam os cantos, e as paredes estavam decoradas com quadros minimalistas, nada parecido com o estilo funcional e quase impessoal de Amber.
"Você mudou tudo," comentei, deixando meu olhar percorrer o ambiente. "Está bem bonito. Combina com você."
Ela fechou a porta atrás de nós, sorrindo levemente enquanto largava as chaves em um pequeno prato sobre a mesa. "Eu precisava dar minha cara ao lugar," disse, olhando ao redor como se visse as mudanças pela primeira vez. "Me sinto mais segura aqui do que em qualquer outro lugar. Minha antiga casa era grande demais só para mim."
Concordei com um aceno, deixando-me cair em um dos sofás. "Amber sempre teve esse lado de segurança bem ativo," comentei. "Desde antes de entrar na MGroup. Faz sentido, considerando tudo o que descobrimos sobre o passado dela."
Gabriela sentou-se na beirada de uma cadeira próxima, parecendo um pouco tensa. "É, faz sentido," respondeu, a voz suave. Havia algo nos olhos dela, um brilho que não consegui decifrar, como se estivesse pensando em algo muito além do que havíamos conversado.
O silêncio entre nós era tenso, mas não desconfortável. Era um silêncio cheio de possibilidades, de coisas não ditas. O beijo mais cedo ainda pairava sobre nós como uma nuvem carregada de eletricidade. Eu queria continuar de onde paramos, mas ao mesmo tempo, não sabia se deveria. Gabriela parecia igualmente dividida.
"Você quer uma água? Um café?" ela perguntou de repente, quebrando o momento.
"Não precisa se preocupar," respondi, mas ela já estava de pé, indo em direção à cozinha.
Voltei a olhar ao redor enquanto ouvia os sons suaves dela mexendo nos armários. Cada detalhe do apartamento parecia gritar Gabriela, desde a escolha dos móveis até o aroma floral que pairava no ar. Isso me fez sorrir. Ela tinha mais profundidade do que eu imaginava, mais camadas que eu ainda estava começando a desvendar.
Quando voltou, Gabriela tinha um copo de água na mão e um sorriso hesitante no rosto. Seus olhos encontraram os meus, e por um momento, parecia que ela estava tentando decidir se sentava ou ficava de pé. Finalmente, ela se aproximou e parou na minha frente, sorrindo de lado.
"Você é sempre tão sério, Magnus?" perguntou, com um tom de brincadeira.
"Nem sempre," respondi, correspondendo ao sorriso. "Mas hoje parece que estou quebrando algumas regras."
Ela inclinou a cabeça levemente, como se quisesse dizer algo, mas acabou apenas sentando-se ao meu lado no sofá.



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