Amber
O cenário era exatamente o mesmo.
A mesma sala. A mesma postura controlada. O mesmo homem.
Minha mente estava plena, ativa, desperta para tudo que havia sido roubado de mim. Durante três anos, vivi na ignorância. Quando ele me encontrou, acreditei nas meias verdades, nos olhares suaves de Leonardo, nas promessas sussurradas no escuro. Mas agora, tudo estava claro. Cada peça se encaixava, e eu via a mentira em sua forma mais crua.
Eu estava grávida dele. De novo.
E, de novo, ele tentava me manipular.
Respirei fundo, lutando contra a onda de fúria que me consumia, e bati a porta atrás de mim com força. O som ecoou pela sala, quebrando o silêncio pesado que pairava entre nós. Leonardo não reagiu imediatamente. Apenas soltou o ar lentamente, como se tentasse reunir todas as provas antes de falar.
"Entre e sente-se", ele disse, indicando a cadeira à minha frente.
O comando em seu tom só fez minha raiva aumentar.
"Eu não vou sentar." Minha voz saiu afiada, carregada de ressentimento.
Ele massageou as têmporas, como se previsse o que estava por vir.
"Amber…"
"Não. Você não vai me chamar assim, como se estivéssemos tendo uma conversa normal. Como se eu não tivesse acabado de lembrar que você me enganou esse tempo todo!"
Leonardo suspirou, seus ombros tensos.
"Eu sabia que esse momento chegaria."
"Ah, que ótimo, Martinucci!" Minha risada saiu sem humor. "Então, se já esperava, por que continuou mentindo? Por que manteve essa farsa? Por que, Leonardo?"
Ele se levantou devagar, como se tomasse cuidado para não me assustar. Mas eu não estava com medo. Eu estava furiosa.
"Porque eu tive medo de te perder de novo", ele disse, com a voz grave.
Meu peito subiu e desceu rapidamente. Minhas mãos tremiam ao lado do corpo.
"Você não tem medo de que isso aconteça agora?" Minha pergunta saiu como uma lâmina cortando o ar entre nós.
Ele fechou os olhos por um segundo, respirando fundo. Então, abriu-os novamente, seu olhar intenso e carregado de sentimentos que eu não queria decifrar.
"É claro que tenho medo, Amber! Você acha que eu não passo todos os dias temendo isso? Eu só queria uma chance. Queria que, com tempo, com cuidado, com amor, você visse que eu mudei! Que eu não sou o mesmo homem de três anos atrás!" Sua voz aumentou, seu tom desesperado. "Todas as merdas que aconteceram nunca deveriam ter acontecido!"
Meus olhos queimavam. Minha pele ardia. Minha cabeça latejava.
"Mas aconteceram, Leonardo!", gritei de volta. "E você continua mentindo! Como algo pode ser diferente se você ainda me esconde a verdade? Se você ainda me manipula?"
Ele passou a mão pelos cabelos, irritado. "Eu não sei! Eu só achei que seria melhor assim. Achei que estava fazendo o certo!"
"Mentindo para mim?"
"Não!", ele exclamou, exasperado. "Eu não menti... Eu só não queria que você se sentisse como… como se fosse minha amante! Porque você nunca foi, Amber. Você sempre foi a minha mulher. A mulher que eu queria na minha vida."
A bile subiu pela minha garganta.


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