Martina
A sala estava mergulhada no silêncio, interrompida apenas pelo som abafado da televisão, onde a coletiva de imprensa de Leonardo se desenrolava diante dos meus olhos. Eu observava cada detalhe, cada movimento, cada palavra proferida com sua voz firme e controlada.
Então, ele disse aquilo.
"Eu fiz um pacto de vida com Amber."
O impacto das palavras foi como um golpe no estômago. Meu peito se contraiu, e, por um momento, perdi completamente a capacidade de respirar. Tudo ao meu redor pareceu se distorcer, como se meu mundo estivesse prestes a desmoronar sob meus pés.
Meus dedos tremeram ao se fecharem ao redor de um vaso de porcelana na mesa ao meu lado. Sem pensar, sem hesitar, arremessei-o com força contra a televisão.
O impacto foi estrondoso.
Estilhaços de vidro e cerâmica se espalharam pelo chão, enquanto a tela piscava e se apagava em um curto-circuito.
Mas nem mesmo isso foi suficiente para aliviar a dor crescente dentro de mim.
Eu o havia perdido.
Não restava mais dúvidas, não havia mais desculpas para me enganar. Leonardo nunca me amou.
Toda a minha dedicação, todos os anos em que estive ao seu lado, cada sorriso, cada momento compartilhado, cada esforço que fiz para que ele percebesse que eu era a mulher certa para ele… nada disso teve importância.
A realidade me atingiu com força, e meu corpo não suportou. Meus joelhos cederam, e caí ao chão, sentindo o frio do mármore contra minha pele enquanto soluços descontrolados escapavam da minha garganta.
Por anos, mantive a certeza de que, no fim, ele perceberia que o único lugar onde realmente pertencia era ao meu lado. Mas agora, ele não apenas escolhia outra mulher, como deixava claro para o mundo inteiro que eu nunca fui nada para ele.
Apertei as mãos contra o rosto, tentando conter o choro sufocante que tomava conta de mim, mas era impossível. Minha respiração estava entrecortada, meu peito subia e descia de maneira descompassada, e o desespero me envolvia como um manto sufocante.
A necessidade de ouvir uma voz familiar, de encontrar algum tipo de consolo, me fez agarrar o telefone com dedos trêmulos e discar um número que eu não ligava há meses. A linha chamou algumas vezes antes de ser atendida.
"Martina? Olá, minha querida, aconteceu alguma coisa?"
O som da voz de minha tia Nora trouxe um breve alívio, mas a dor continuava ali, latente, rasgando cada parte de mim.
"Acabou, tia…" murmurei, entre soluços. "Eu perdi tudo."
"Querida, do que está falando?"
"Leonardo!" O nome saiu da minha boca como um grito angustiado, ecoando pelo apartamento. "Ele deixou claro para todo mundo! Ele escolheu aquela mulher! Ele nunca me quis, tia! Nunca me amou!"
"Martina, respire, por favor. Vamos conversar com calma."
"Como você quer que eu me acalme depois de tudo o que eu fiz por ele?!" minha voz saiu trêmula, carregada de frustração e desespero. "Eu estive ao lado dele durante anos, fiz tudo o que pude para ele chegar ao sucesso, fui seu apoio, sua segurança, e agora ele me descarta como se eu fosse um nada!"
"Martina, venha para casa. Vamos conversar e resolver isso juntas. Você precisa de um tempo para processar tudo isso."
"Eu não posso viver sem ele!" gritei, sentindo as lágrimas queimarem meu rosto.
Minhas mãos deslizaram sobre a mesa, agarrando um porta-retratos de vidro que mostrava uma foto nossa de um evento antigo. Meus dedos apertaram a moldura com tanta força que meus nós dos dedos ficaram brancos. Sem pensar, sem hesitar, joguei-o contra a parede. O estilhaçar do vidro preencheu o ambiente, seguido pelo som dos funcionários da casa recuando, hesitantes, diante da minha fúria.
"SAIAM!" vociferei, erguendo o olhar para eles. "TODOS VOCÊS, SUMAM DA MINHA CASA!"
Do outro lado da linha, tia Nora suspirou.
"Martina, escute-me. Você sempre foi forte. Venha para casa, querida. Nós vamos resolver isso juntas."
Fechei os olhos com força, tentando conter o desespero que me consumia.
"Eu vou fazer as malas," murmurei, com a voz embargada. "Vou pegar o jato particular do Calton e ir para a Itália."
"Ótimo. Estou esperando por você."
Desliguei a ligação, respirando fundo. Mas antes que pudesse sequer me levantar, o telefone vibrou incessantemente em minha mão.
Notificações.


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