Amber
"O senhor Martinucci..." engoli em seco, tentando manter a voz firme enquanto Louis soluçava em meus braços. "Ele sabia dos meus filhos quando me contratou."
Martina estreitou os olhos, seu rosto perfeito se contorcendo em uma expressão calculista. "Explique-se."
"Sou mãe solteira," mantive a história simples, algo me dizendo para não confiar nela, "e o senhor Martinucci me deu uma chance. As crianças nunca interferiram no meu trabalho antes."
Louis fungou contra meu pescoço, suas lágrimas molhando minha blusa. Na cama, Bella tinha acordado e nos observava com seus grandes olhos assustados, seu lábio inferior tremendo perigosamente.
"Mamãe?" sua vozinha soou pequena e insegura.
"Está tudo bem, princesa," tentei sorrir, estendendo minha mão livre para ela.
Martina soltou um som impaciente. "Valéria, ajude-a com essas crianças. Preciso dela cem por cento focada em minhas necessidades." Seus saltos estalaram no piso enquanto se dirigia à porta. "Acalme esse menino e volte para a sala. Ainda temos muito a discutir."
Assim que ela saiu, deixei meus ombros caírem. Bella correu para meus braços, se juntando ao abraço com seu irmão.
"Mamãe, não gosto daqui," Louis murmurou entre soluços. "Quero ir embora."
"Ela é 'monsto'," Bella sussurrou, se aninhando mais perto. " Igual o papai."
Meu coração apertou com a comparação. "Shh, vai ficar tudo bem." Beijei o topo de suas cabeças, os embalando suavemente. "Vocês confiam na mamãe?"
Dois pares de olhinhos marejados me encararam antes de assentirem.
"A senhora Valéria vai cuidar de vocês um pouquinho, está bem?" Tentei soar animada, mas suas expressões permaneceram apreensivas. "Ela parece fazer uns biscoitinhos muito gostosos..."
"Com gotas de chocolate?" Louis perguntou, seu choro diminuindo.
Valéria, que tinha se mantido discretamente afastada, se aproximou com um sorriso gentil. "E se eu disser que tenho massa de biscoito esperando para ser cortada? Vocês poderiam me ajudar a fazer formatos diferentes..."
Bella fungou, mas seu interesse estava visivelmente desperto. "Pode ser de 'estelinha'?"
"E de dinossauro?" Louis completou, já se virando em meus braços.
"Claro, meus amores," sorri, grata pela ajuda de Valéria. "Mas precisam prometer se comportar, sim? Mamãe precisa trabalhar um pouquinho e assim que ela acabar, ela volta para ficar com vocês."
"Pometo," eles falaram em uníssono, e pela primeira vez desde que acordaram, um pequeno sorriso apareceu em seus rostinhos.
"Eu cuido deles, senhora," Valéria assegurou enquanto eu os beijava mais uma vez. "Lucius e eu não deixaremos nada acontecer com eles. Enfrente a víbora. Do que precisar, estaremos aqui."
Mas então por que aquele beijo? Por que toda aquela preocupação ao ver minhas marcas? Nada fazia sentido. O Leonardo que conheci, ou melhor, que reencontrei, nas últimas 24 horas parecia tão diferente do homem que permitiria esse tipo de tratamento.
Um barulho vindo da cozinha me trouxe de volta à realidade. Fechei os olhos, respirando fundo. Em que tipo de pesadelo eu tinha me metido?
"Mamãe, olha!" A voz empolgada de Bella me trouxe de volta. "Fiz uma estela!"
Sorri, mesmo que meus olhos estivessem marejados. Por eles, eu aguentaria qualquer coisa. Mesmo que isso significasse ser tratada como uma serviçal pela noiva do homem que, apenas algumas horas atrás, tinha me feito acreditar que poderia ter uma vida diferente.
"Ela é linda, meu amor. Não vou ter coragem de comer..." me sentei ao seu lado, e ela sorriu.
"Eu vou...estou com fome." ela passou a mão na barriguinha e tanto eu quanto Valéria começamos a rir.
"Vou preparar algo para vocês, enquanto a assamos os biscoitos." as crianças festejam e por um momento me esqueço do pesadelo que estou vivendo.
"SENHORITA KANE?" Ouço o chamado de Martina e me levanto imediatamente.
"Ah mamãe, não vai..."Louis reclama, e Bella segura minha mão.
"É por pouco tempo, meus amores. Logo teremos um lugar só para nós, eu prometo."

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