Leonardo
O trajeto do aeroporto até a casa da família Martinucci foi silencioso. No banco ao meu lado, Magnus revisava mensagens no celular, o cenho franzido como sempre quando algo o incomodava. Eu também estava afundado em pensamentos, segurando o volante com mais força do que deveria. Cada quilômetro percorrido só fazia minha raiva crescer.
Peter estava livre.
A simples ideia de que ele conseguira escapar, mesmo depois de termos feito de tudo para colocá-lo atrás das grades, era insuportável. Como um rato que escapa pelas frestas, ele se mostrava mais escorregadio do que jamais imaginei. O pior era saber que ele não agia sozinho. Sempre havia alguém puxando as cordas nos bastidores.
"Já está sendo considerado oficialmente um foragido?" perguntei, mantendo os olhos na estrada.
"Sim," Hobbins respondeu do outro lado da linha. "A polícia colocou Peter na lista de procurados de alta periculosidade. Depois do ataque em Aspen, não há dúvidas sobre o envolvimento dele. Mas o problema, Leonardo, é que não sabemos como ele fugiu e quem facilitou isso."
Meu maxilar apertou. "E o que a polícia está fazendo além de rotular ele como perigoso?"
"Monitorando suas conexões, rastreando seus últimos contatos na prisão. Mas, como você já sabe, isso leva tempo."
"Tempo é o que não temos," rosnei, acelerando um pouco mais. "Descubra quem está por trás disso, Hobbins. Eu não quero especulações. Quero nomes, e quero agora."
"Estamos trabalhando nisso," ele respondeu, e eu desliguei o telefone antes que dissesse qualquer outra coisa que me irritasse ainda mais.
No banco ao lado, Magnus suspirou pesadamente. "Você está deixando a raiva tomar conta, Leo. Isso não vai te ajudar a pensar com clareza."
"Foda-se, Magnus," rebati, virando rapidamente uma esquina. "Eles atacaram minha casa. Quase mataram minha família. E agora Peter está solto. Você quer que eu simplesmente espere?"
"Não," Magnus disse, sua voz mais fria. "Quero que você faça o que sempre faz: tome as decisões certas sem agir por impulso. Porque se você fizer algo precipitado, pode colocar todo mundo em um risco ainda maior."
O silêncio voltou a se instalar no carro. Eu sabia que ele tinha razão, mas a raiva era como um veneno no meu sangue.
Assim que entramos pelo portão principal da propriedade da família Martinucci, vi que todos já haviam chegado. As luzes estavam acesas, e de longe pude ver as crianças brincando no jardim. Amber estava sentada no banco ao lado de Nonna Rosa, mas seus olhos estavam fixos no carro.
Apertei os lábios. Ela sabia.


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