Gabriela
Depois de horas intermináveis de viagem, finalmente avistei o letreiro desgastado que marcava a entrada de Missoula, Montana, minha cidade natal. O céu estava tingido por tons alaranjados do fim da tarde, e as montanhas que cercavam a região pareciam abraçar a pequena cidade, dando-lhe um charme único. Era estranho como o lugar parecia tão familiar e, ao mesmo tempo, tão distante, como se eu estivesse voltando para um mundo que tinha deixado para trás há séculos.
Respirei fundo ao ver a casa onde cresci. As persianas azuis desbotadas ainda estavam lá, e o jardim, embora um pouco negligenciado, tinha as mesmas flores que minha mãe sempre cuidava com tanto carinho. A varanda de madeira rangia com o vento, como um velho amigo dando boas-vindas.
"É aqui, Gabi," murmurei para mim mesma, tentando reunir coragem para sair do carro. Meu coração estava dividido. Parte de mim sentia alívio por estar finalmente em casa, mas outra parte temia o reencontro, as perguntas inevitáveis e os olhares curiosos. E, claro, havia Magnus, a quem deixei para trás em Aspen, uma escolha que me apertava o peito toda vez que pensava nele.
Peguei minha mala do banco de trás e caminhei até a porta. Antes mesmo que pudesse bater, a porta se abriu, revelando Monalisa, minha irmã mais nova, com as mãos na cintura e um olhar inquisitivo.
"Olha só quem apareceu," ela disse, o tom sarcástico típico dela. Mas seus olhos brilhavam com emoção. "Achei que tivesse esquecido de onde era sua casa."
"Oi, Mona," respondi, tentando sorrir. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, ela me envolveu em um abraço apertado, como se estivesse tentando compensar os anos de distância.
"Você demorou," ela murmurou, soltando-me para me analisar. "Tá magra, hein? E... diferente. O que aconteceu, Gabi?" Sua voz estava cheia de perguntas, mas também de preocupação.
"É uma longa história," respondi, desviando o olhar enquanto entrava na casa. O cheiro familiar de bolo de canela me envolveu, e por um momento, senti como se nada tivesse mudado.
Minha mãe apareceu na cozinha, limpando as mãos no avental, e parou ao me ver. "Gabriela," disse, a voz cheia de emoção. "Minha menina está de volta."
O abraço dela era quente, apertado, e trouxe lágrimas aos meus olhos. "Estou em casa, mãe," murmurei, tentando conter as emoções que ameaçavam transbordar.
"Finalmente." Ela falou e Monalisa nos abraçou, formando um trio de suspiros e emoções.
"Vem, quero que nos conte tudo." Minha mãe falou me puxando para a mesa.
Contei a elas partes da minha vida nos últimos anos, mas cuidadosamente omiti Derek e os detalhes mais sombrios. Disse que tinha mudado de cidade para recomeçar, mas que sentia falta de casa.
"E esse Magnus?" Monalisa perguntou de repente, um sorriso brincando nos lábios. "Você parece falar dele com muito... entusiasmo."
Corei imediatamente, o que só fez minha irmã rir. "Ele é... incrível," admiti, minhas mãos apertando a xícara de chá que segurava. "Mas ele está trabalhando muito agora. Seu chefe e a família dele estão precisando dele, e eu precisava vir ver vocês. Tinha que resolver algumas coisas."



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