Magnus
Eu tentava focar no relatório à minha frente. De verdade. Mas meu cérebro insistia em fazer a mesma coisa que eu vinha tentando evitar o dia inteiro: pensar em Dylan.
Mais especificamente, Dylan perto de Gabriela.
Eu sabia que não deveria me importar. Ela era uma mulher adulta, sabia o que estava fazendo. Mas toda vez que imaginava aquele babaca rondando ela, com aquele sorrisinho de "não superei o passado, mas agora sou um homem melhor", me dava uma vontade absurda de pegar o primeiro voo para Missoula e arrancar aquela cara de otário dele. Isso porque eu nem o conhecia, mas meu cérebro já tinha projetado tudo a partir da foto que eu vira dele no sistema, quando puxei a placa do carro.
Meu celular jazia sobre a mesa, e eu só não o peguei de novo porque já era a quinta vez em dez minutos. Gabriela não tinha mandado nenhuma mensagem, o que era um bom sinal. Ou não.
"Você deveria tê-la trazido para a Itália."
A voz de Leonardo quebrou minha bolha de irritação, me fazendo cerrar os olhos antes mesmo de encará-lo. Ótimo. Lá vem.
"Como garantir que ela não vai voltar a se apaixonar pelo ex?"
Minha mão se fechou em punho contra a mesa. Respirei fundo, contando mentalmente até três.
"Ela não vai."
"Ah, claro", ele continuou, pegando um biscoito e mordendo como se essa conversa não fosse sobre o caos interno que eu estava vivendo. "Porque você pode ler a mente dela agora."
Eu não ia morder a isca.
"Engraçado, porque se tem uma coisa que mulher adora é uma história mal resolvida com o ex", ele continuou, mastigando devagar. "Ainda mais aquele tipo nostálgico, que aparece do nada, bancando o 'eu mudei' e jogando charme como se o passado nunca tivesse existido."
"Gabriela não é esse tipo de mulher."
"Tem certeza?" Ele arqueou uma sobrancelha, com aquele sorriso presunçoso que me dava vontade de socá-lo. "Porque Dylan parece bem confortável em Missoula. Vai ver, ele acha que ela é."
Foi automático. A caneta que eu segurava estalou na mesa, escapando da minha mão.
Leonardo mal conseguiu segurar o riso.
"Você sabe que eu posso te bater, né?"
"Eu sei." Ele bebeu um gole de café, absolutamente imperturbável. "Mas antes que você faça isso, só um lembrete: eu só estou brincando."
Eu fechei os olhos por um segundo, respirando fundo para conter a vontade de jogar alguma coisa nele.
"Brincando com uma coisa séria. Queria ver se eu falasse assim de Amber, se você iria gostar." A expressão dele mudou drasticamente.
"Nossa, como você apela. Só estava tentando fazer você rir." Ele soltou a xícara sobre a mesa.
"Não, você estava me provocando para eu sair correndo e ir atrás de Gabriela."
Leonardo sorriu cúmplice. "Se quiser, posso te arranjar um jatinho", ele disse, reforçando o que eu já sabia. Tanto ele quanto Amber torciam para a gente dar certo.
"Eu deveria ir, não acha?"
"Deveria, o único problema é se você estaria aqui para o encontro com Martina."
"É, você precisa de mim para resolver essa bomba."
A cadeira que arrastei fez um barulho estridente contra o piso. Leonardo arqueou a sobrancelha, e só então percebi que tinha me levantado tão rápido que nem notei.
"Você tá mesmo pensando em ir?" Ele inclinou a cabeça, me estudando.
"Eu não sei!" Passei a mão pelo rosto, bufando. "Eu não sei o que me incomoda mais: saber que Dylan está lá ou o fato de eu estar me incomodando com isso!"
Leonardo riu, se recostando na cadeira como se estivesse assistindo a um espetáculo.

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