Leonardo
O ar frio da manhã cortava minha pele, mas eu mal sentia. Minha paciência já estava por um fio e minha raiva fervia como lava dentro do peito. Encostado no carro, braços cruzados, respiração pesada, eu tentava controlar a explosão iminente.
A penitenciária parecia um monstro de concreto cinza, feio e opressor. O lugar perfeito para o desgraçado que Amber teve a infeliz ideia de visitar.
Ela realmente enlouqueceu.
Eu nem conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Depois de tudo, depois da nossa briga, depois de eu deixar claro que não queria que ela mexesse no passado, Amber ignorou tudo e foi direto até a porra do covil do diabo.
Quando o segurança me confirmou onde ela estava, eu quis socá-lo por ter deixado isso acontecer. Mas a culpa não era dele. Amber fazia o que queria. O problema era esse.
Então eu o dispensei. Isso era entre mim e ela.
Minhas mãos cerraram em punhos quando vi a porta da penitenciária se abrir. Meus olhos cravaram na figura de Amber enquanto ela saía, os passos cuidadosos, os ombros tensos, como se soubesse exatamente o que a esperava.
Ela parou no meio do caminho ao me ver.
Seu rosto se transformou num misto de choque e algo mais. Um resquício de culpa. Bom. Ela deveria se sentir culpada.
Amber respirou fundo e continuou andando até o carro. Eu permaneci imóvel, meu olhar preso nela, esperando para ver se ela diria alguma coisa. Nada.
Ótimo. Porque eu tinha muito para dizer.
Assim que ela abriu a porta e entrou, fiz o mesmo e bati a porta com mais força do que deveria.
O silêncio no carro era sufocante.
Amber não olhou para mim, apenas ajeitou-se no banco e segurou o cinto de segurança, como se estivesse tentando ignorar minha presença. Mas eu não ia deixar.
"Você enlouqueceu, Amber?" Minha voz saiu baixa, mas carregada de uma fúria controlada.
Ela fechou os olhos por um segundo antes de finalmente me encarar. "Leonardo..."
"Não", cortei, minha paciência inexistente. "Não me venha com desculpas. Você realmente achou que seria uma boa ideia ir até a porra da prisão sozinha?"
"Eu não estava sozinha, eu estava com um segurança."
Soltei uma risada sem humor. "Ah, ótimo. Isso me deixa muito mais tranquilo, Amber. Agora me diz, o que exatamente ele poderia fazer se Walter decidisse ferrar com você? Jogar palavras contra você como facas? Ah, espera. Isso já aconteceu, não é?"
Ela apertou os lábios, sua expressão fechada, mas não recuou.
"Você não pode me impedir de buscar respostas sobre minha própria vida." Sua voz saiu firme, mas eu percebi o tremor ali.
Virei o carro para fora do estacionamento e apertei o volante com força.
"Isso não é sobre impedir, Amber. Isso é sobre não ser idiota. Você foi até um criminoso que já te machucou, que manipulou sua infância, que destruiu sua vida. O que você esperava? Um pedido de desculpas?"
"Eu esperava entender!" Ela gritou de volta, seu rosto corando de raiva.
Soltei um palavrão baixo e acelerei um pouco mais do que o necessário.
"Entender o quê, Amber? O que exatamente você esperava que ele te dissesse?"
"Eu queria saber a verdade!"

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