Leonardo
Andava de um lado para o outro no escritório, o telefone preso à orelha, enquanto minha paciência se esvaía cada vez mais. A voz de Hobbins do outro lado da linha era profissional e calma, mas nada na situação me permitia manter a mesma serenidade.
"Ela foi casada com alguém rico, Hobbins", murmurei, a mandíbula tensa. "Isso já é um fato. O problema é: com quem? Essa mulher esconde algo grande, e eu quero saber o que é. Descubra quem é esse cara, e onde ele está."
"Estou vasculhando registros financeiros, propriedades, casamentos registrados em estados diferentes. Mas ela é um fantasma, Leonardo. Ou pelo menos, se tornou um", respondeu Hobbins, soando frustrado. "Ela foi esperta."
Passei as mãos pelos cabelos, sentindo o peso do cansaço se acumular nas minhas costas.
"Ela desaparece aos vinte anos, ressurge décadas depois como se nada tivesse acontecido, e Amber simplesmente quer aceitar essa história?"
Hobbins suspirou. "Eu entendo sua frustração. Mas, se Uria realmente se casou com alguém influente, não será um registro público fácil de rastrear. Alguém com poder pode ter apagado qualquer vínculo oficial dela. Um passado como o dela não ficaria impune da lingua afiada da alta sociedade."
Fechei os olhos por um momento, tentando conter a raiva. "Acelere isso, Hobbins. Eu não tenho tempo para esperar."
"Estou fazendo o possível, Leonardo", ele garantiu antes de encerrar a ligação.
Soltei um palavrão baixo, sentindo minha frustração pulsar em minhas têmporas. A raiva que vinha me corroendo desde mais cedo ainda não tinha se dissipado.
Meu olhar subiu para o andar de cima, para a porta fechada do nosso quarto.
Amber estava lá dentro.
Eu ainda estava puto, mas sabia que deveria conversar com ela, tentar consertar as coisas, mesmo que meu orgulho estivesse me segurando.
Subi as escadas rapidamente e parei diante da porta. Respirei fundo e bati duas vezes.
"Amber", chamei, tentando manter minha voz firme, mas sem a dureza de antes. "Abre a porta."
Silêncio.
Apertei os lábios e bati novamente. "Amber, sei que você está aí."
Nada.
Minha paciência, já em frangalhos, se despedaçou. Eu levantei a mão, pronto para socar a porta se fosse necessário.
Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, duas vozinhas interromperam minha fúria.
"Papai?", a voz suave de Bella ecoou no corredor.
Virei a cabeça e os vi ali, parados no meio do corredor. Bella segurava um bichinho de pelúcia contra o peito, os olhos grandes e curiosos. Louis estava ao lado dela, mordendo o lábio inferior.
A culpa me atingiu como um soco.
"Poque você tá batendo tão fote na pota?", Bella perguntou, inclinando a cabeça.
Louis franziu a testa. "A pota qebou? É po isso que a mamãe não abe?"
Fechei os olhos por um instante, engolindo o nó que se formou na minha garganta. Eu nunca queria que eles me vissem assim, tão carregado de raiva.
Forçando um sorriso, me abaixei até a altura deles.

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