Amber
O ar no ambiente parecia pesado, denso, como se a pressão ao meu redor aumentasse a cada segundo. Martina estava furiosa, sua respiração era irregular, os olhos carregados de ódio, enquanto Uria permanecia impassível, observando tudo com a serenidade de quem já previa cada detalhe daquela cena.
"Você precisa se acalmar, querida," Uria disse para Martina, mas sem desviar os olhos de mim. Seu tom era baixo, controlado, quase... divertido. "Afinal, uma pessoa morta não pode ser casada com ninguém."
Meu corpo travou.
Meu sangue gelou instantaneamente.
"O que você disse?" Minha voz saiu trêmula, meu coração martelando contra as costelas. "Você... você tá dizendo que quer me matar?"
Uria inclinou a cabeça, como se estivesse analisando a reação que suas palavras provocaram. "Amber, você realmente deveria ter escutado o seu pai."
Meu estômago revirou, a bile subindo pela garganta. "Você... você é um monstro. Igual a ele!"
Ela riu.
"Não, querida. Eu sou muito pior." Seu olhar escureceu. "Walter era um animal impulsivo, mas burro. Eu sou metódica. Eu planejo cada passo antes de agir. Você sabia que antes dele ser um nada, ele tinha uma pequena empresa?"
Minha mente estava em frenesi. Eu não queria ouvir, mas, ao mesmo tempo, não podia evitar.
"O que você tá dizendo?"
"Ah, Amber, não finja que não quer saber." Uria suspirou, como se estivesse lidando com uma criança. "Antes de fugir de vez, eu fiz questão de pegar a assinatura dele. Ele nem percebeu quando vendeu a própria empresa. Passei tudo para uma conta só minha, fiz documentos falsos e desapareci. E quando o dinheiro acabou, eu conheci o amor da minha vida. Hugo Ricci foi tudo que Walter nunca pôde ser. Mas eu sabia que estava destinada a algo maior."
Minha cabeça girava. As peças começavam a se encaixar de forma aterrorizante.
"Você é podre," sibilei, apertando Bella com mais força contra mim. "Você acha que conseguiu tudo por mérito? Você enganou, roubou, destruiu tudo por onde passou. Você não vale nada."
Uria apenas sorriu, como se aquilo fosse um elogio.
"E você?" Ela arqueou uma sobrancelha. "Deu o golpe da barriga no Leonardo e conseguiu o que era para ser da minha sobrinha. Você é mais parecida comigo do que quer admitir. O seu erro foi atravessar o caminho da Martina."
Ri de desgosto. "Vocês são doentes. As duas. Mesmo que Leonardo não tivesse nada, eu ainda o amaria, porque dinheiro não significa nada quando se tem o que nós temos."
Martina ficou tensa ao meu lado, sua mandíbula travando com minha afirmação. Eu aproveitei isso.
"Nada que você fizer vai fazer Leonardo te amar. Você pode tentar de todas as formas, mas nunca será suficiente. Ele te despreza. Ele sente pena de você. Você atacou as pessoas que ele ama. Matou a irmã que ele idolatrava. Acha mesmo que um dia ele vai te perdoar, por agora sequestrar as filhas dele?"
Martina gritou de raiva e avançou em minha direção, mas Uria a segurou, seus olhos carregados de advertência.
"Não temos muito tempo," Uria disse friamente. "Está na hora de terminarmos a última parte do plano."
Meu corpo ficou rígido.
Plano.
As peças começaram a se encaixar de forma cruel e certeira na minha mente.
"Vocês mataram Peter, não foi?" Minha voz saiu como um sussurro.

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