Amber
O frio que percorreu minha espinha foi paralisante. Meus braços apertavam Bella contra o peito, sentindo seu corpinho tremer de medo, seu choro abafado contra meu pescoço. O coração dela martelava em sintonia com o meu. Eu queria acalmá-la, dizer que tudo ficaria bem, mas como eu poderia prometer isso se nem eu sabia o que estava prestes a acontecer?
Os olhos de Martina brilhavam com um prazer cruel, enquanto um sorriso vitorioso se espalhava por seu rosto. Mas o que fez minha respiração falhar foi a figura que surgiu ao lado dela.
Uria.
Não!
A mulher diante de mim não era a mesma que apareceu na minha casa há um mês e meio atrás, implorando para fazer parte da minha vida. Não era a mulher de roupas simples, olhar cansado e voz trêmula. Não era a mulher que me disse que havia sido vítima de um monstro.
O que eu via agora era alguém completamente diferente.
Uria usava um vestido preto impecável, de tecido caro, justo no corpo esguio. Um casaco de pele cobria seus ombros e os cabelos, antes presos de forma despretensiosa, agora estavam arrumados em ondas elegantes. Ela parecia outra pessoa.
Ou talvez… essa sempre tenha sido a verdadeira Uria.
Minhas pernas fraquejaram, mas me obriguei a me manter firme. Eu não podia demonstrar medo.
"Mas o que diabos está acontecendo aqui?" minha voz saiu cortante, carregada de raiva e incredulidade.
Martina riu, cruzando os braços com ar divertido. "Oh, Amber… você realmente se acha importante, não é?" Ela inclinou a cabeça para o lado, me analisando com aquele olhar presunçoso. "Mas depois de hoje, você vai aprender quem realmente manda aqui."
"Não é, titia?" Martina virou o rosto para Uria, seu tom carregado de ironia.
O chão pareceu sumir sob meus pés.
Minha mente se recusava a processar aquilo.
"É claro, querida sobrinha." a mulher que se dizia minha mãe, afagou o rosto de Martina com carinho.
"Sobrinha?" Minha voz saiu fraca, quase inaudível.
Uria suspirou dramaticamente, olhando para as unhas como se tudo aquilo fosse apenas um incômodo passageiro. "Acha mesmo que eu passei todos esses anos desaparecida sem um propósito? O nome Uria Bayer não significa nada para mim desde os meus vinte anos. Esse nome ficou no passado. Eu conheci Hugo Ricci, e me casei com ele."
Minha garganta estava seca. Meu coração batia tão forte que parecia prestes a explodir.
"Você se casou com Hugo Ricci?" O nome saiu dos meus lábios como veneno.
Ela sorriu, satisfeita por minha expressão atônita. "Isso mesmo, querida. E assim eu me tornei Amélia Ricci." Seus olhos cintilaram com malícia. "E com isso, eu tive tudo o que o mundo me devia depois do péssimo começo que tive. Achou mesmo que eu mendigaria para sempre?"
Minha mente girava.
Hugo Ricci.
O tio de Martina.
O homem que havia morrido, deixando sua fortuna para a esposa e a sobrinha.
"Quando os pais de Martina morreram," Uria—Amélia—continuou, "eu a criei como minha própria filha. Sempre fiz tudo por ela. E agora, não seria diferente."
Meu estômago revirou.
"Isso tudo foi uma mentira," sussurrei, mais para mim do que para elas. "Você nunca quis me encontrar. Nunca quis ser minha mãe."
Martina soltou uma risada estridente. "Finalmente está entendendo!" Ela bateu palmas lentamente, debochada. "Você achou mesmo que depois de tantos anos minha tia viria procurar contato com alguém como você?" Seus olhos brilharam com puro desprezo.
Eu engoli em seco, mas mantive a expressão firme. Meu corpo inteiro tremia, não apenas pelo medo, mas pelo ódio crescendo dentro de mim.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Os Gêmeos inesperados do CEO