Leonardo
O hospital já não me parecia tão frio quanto antes. Depois de três semanas, eu havia me acostumado ao som das máquinas, ao cheiro de álcool e à sensação sufocante de estar sempre esperando. Mas ainda assim, cada passo que eu dava em direção ao quarto de Amber fazia meu coração pesar no peito.
Acabei de visitar as meninas. Francesca e Sophie estavam se tornando cada dia mais fortes, lutando como pequenas guerreiras. Mas Amber…
Ela ainda não tinha voltado para mim.
Entrei no quarto em silêncio, como fazia todos os dias. O quarto estava na penumbra, o único som era o bip constante do monitor cardíaco. O corpo frágil de Amber ainda estava ligado a fios, tubos, máquinas que a mantinham estável.
Fechei a porta atrás de mim e fui até sua cama, puxando a cadeira para me sentar ao seu lado. Peguei sua mão fria entre as minhas e a segurei com carinho, deslizando os dedos sobre sua pele macia.
"Oi, amor," murmurei, minha voz carregada de emoções.
Respirei fundo e encostei meus lábios contra seus dedos.
"Eu acabei de ver nossas meninas," comecei, minha voz tremendo levemente. "Você ficaria tão orgulhosa delas, Amber. Elas são pequenas, mas tão fortes…"
Sorri, mesmo que fosse um sorriso melancólico.
"Francesca já ganhou peso, está com quase um quilo e meio agora. E Sophie… Sophie finalmente passou de um quilo. Elas estão crescendo, meu amor. Estão se fortalecendo a cada dia."
Apertei os olhos, engolindo o nó na garganta.
"Os médicos disseram que os sustos acabaram. O coração delas está forte, os pulmões estão cada vez melhores. Em breve, não precisarão mais dos tubos… e logo, logo, vão poder ir para casa."
Minha voz quebrou no final, e eu respirei fundo para me recompor.
"A Francesca tem feito caretas, igual você quando está brava , e Sophie… bom, Sophie ainda está se mostrando, ela é mais tímida, como Louis, mas acho que vai puxar você também," ri de leve, sentindo o peso do momento. "E elas são tão lindas, Amber. Elas estão começando a mexer os dedinhos, às vezes até seguram meu dedo. Mas sabe de uma coisa?"
Inclinei-me para mais perto, deslizando os dedos pelo rosto dela.
"Eles já sabem quem você é."
Minha voz saiu mais baixa, cheia de amor e tristeza.
"Quando coloco sua voz para tocar perto delas, os batimentos ficam mais ritmados, como se soubessem que é a mamãe delas falando. Pego áudios e vídeos seus e sempre coloco perto delas. Faço isso com os das crianças também, e parece que isso as anima."
Fechei os olhos, apertando sua mão com mais força.
"Elas precisam de você, Amber. Eu preciso de você."
Passei a mão pelo rosto, respirando fundo.
"Louis e Bella também estão loucos para ver as irmãs. Você precisava ver quando mostrei a foto delas pela primeira vez. Bella disse que quer colocar laços no cabelo delas e Louis disse que vai ensiná-las a correr bem rápido para que eu não consiga pegá-las."
Ri de leve, balançando a cabeça.
"Eles falam como se as irmãs já estivessem em casa, como se tudo já estivesse bem. E vai ficar, amor. Mas você precisa acordar para isso."
Eu estava tão concentrado em falar que não percebi.
Não percebi o pequeno movimento dos dedos dela.
Não percebi o tremor leve em sua mão.

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