Magnus
O silêncio do hospital era sufocante. O peso dos últimos acontecimentos me esmagava, como se estivesse carregando o fardo de tudo que deu errado. O desespero de Leonardo, o sofrimento de Amber, a fragilidade daquelas duas pequenas vidas que haviam chegado ao mundo tão cedo. Tudo isso se acumulava no meu peito, tornando cada respiração pesada.
Eu precisava de um momento longe de tudo isso. De uma voz que não estivesse carregada de pânico, de medo, de culpa.
Peguei o celular no bolso e procurei pelo único nome que poderia me trazer algum tipo de conforto. Gabriela.
Minhas mãos estavam trêmulas quando apertei o botão para ligar.
O telefone tocou três vezes antes de ela atender.
"Magnus?" A voz dela veio suave, mas carregada de preocupação.
Engoli em seco, fechando os olhos por um instante. Só ouvir a voz dela já fez meu peito aliviar um pouco, mas ao mesmo tempo… doía. Doía porque eu sabia que algo entre nós ainda estava fora do lugar.
"Oi, Gabi," Minha voz saiu mais cansada do que eu pretendia.
"Meu Deus, Magnus. O que aconteceu? Como estão todos? Eu—" Ela parou, e eu ouvi sua respiração vacilar. "Eu só… eu preciso de notícias."
Me apoiei contra a parede fria do hospital, sentindo o peso do mundo em meus ombros.
"Amber foi envenenada, Gabi. Quase morreu. As gêmeas nasceram prematuras, estão na UTI neonatal. Bella foi sequestrada, mas conseguimos trazê-la de volta… e Uria está morta."
O silêncio do outro lado da linha foi absoluto.
"Meu Deus." A voz dela veio em um sussurro.
"Foi um caos. Ainda está um caos," soltei um riso sem humor, passando a mão pelo rosto. "Leo está despedaçado. Nunca o vi assim antes, Gabi. Ele estava em desespero absoluto, ninguém nos informa nada. Desde que ele entrou para vê-las, não recebemos mais nenhuma notícia."
Gabriela soltou um soluço baixo do outro lado da linha.
"E Amber?"
"Está em coma," murmurei, sentindo o peso dessa palavra se assentar no meu peito. "Ela está lutando, mas… eu nunca vi Leo tão assustado."
Eu a ouvi fungar, como se tentasse conter as lágrimas.
"Eu deveria ter visto a mensagem antes," sua voz estava embargada pela culpa. "Se eu tivesse visto, talvez tudo tivesse sido diferente, talvez eles não tivessem passado por tudo isso—"
"Não." Minha voz saiu firme. "Isso não é culpa sua, Gabi. A única culpada disso tudo é aquela vadia da Martina e a tia dela. Não se culpe por algo que nunca foi sua responsabilidade."
Ela ficou em silêncio, mas eu sabia que suas lágrimas estavam caindo.
"Você acha que elas vão sobreviver?" A voz dela quebrou ao perguntar.
"Eu preciso acreditar que sim," sussurrei. "Elas são tão pequenas, Gabi. Tão frágeis, pelo que o médico disse, ela não tem nem um quilo. Como puderam fazer mau a seres inocentes como eles? Como existem pessoas tão terríveis assim?" funguei sentindo o desespero em meu peito.
O silêncio do outro lado se estendeu por um momento.
"As pessoas estão focadas apenas nos desejos delas, sem medir a consequência de seus atos nas pessoas que as cercam."
"Eu não consigo entender." falei, e novamente ficamos em silêncio refletindo sobre aquilo.
"E o Leonardo? Ele já viu Amber?"
"Acredito que sim, ele deve estar com ela agora. Já que as pequenas estão na UTI e ele não pode ficar lá," passei a mão pelos cabelos. "Ele precisa que ela volte, Gabi. Ele precisa dela. Eu nunca vi ele tão vulnerável."
Gabriela suspirou pesadamente.
"Eu sinto muito, Magnus. De verdade. Eu queria poder fazer algo."
"Você já fez."
Ela pareceu surpresa com minha resposta.
"Se não fosse por você, Gabi, talvez as coisas estivessem ainda piores. Você salvou a Amber, as gêmeas e a Bella. Você nos deu a chance de encontrá-las."
Eu ouvi sua respiração vacilar, como se estivesse tentando absorver minhas palavras.
"Magnus…"
"Eu queria que você estivesse aqui."
O silêncio dela foi imediato.
Eu fechei os olhos, sentindo meu coração acelerar um pouco. Eu não sabia por que estava dizendo aquilo. Ou talvez soubesse.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Os Gêmeos inesperados do CEO